O Finn estava ótimo, mais do que ótimo. Eu ainda não conseguia acreditar. Tropecei nos meus sapatos debaixo da mesa, os joguei pro lado e saí cortando caminho em meio a multidão até ele, pra me provar que não estava vendo coisas.
Ele demorou um pouco pra me perceber indo até ele. E quando o vi sorrir pra mim, eu não tinha mais dúvidas.
- Você...
- Você tá incrível!- Não consegui me conter.- Quase não te reconheci.
- Ah...obrigado?
- Onde conseguiu o terno?- Perguntei enquanto o girava pra vê-lo melhor.
- É do meu pai.
O cabelo dele parecia ter sido bem penteado pela primeira vez, e estava todo pra trás. O terno estava excelente, e caiu muito bem nele, parecia que ele tinha saído da revista GQ.
- Você mudou de ideia.- Eu constatei meio tarde.- Se veio aproveitar, chegou bem a tempo, mas se veio me fazer companhia, está atrasado.- Larguei um tapa no ombro dele.
Ele recuou, mas riu.
- Minha mãe disse que eu não podia aparecer aqui sem um desses.- Ele ergueu a mão e só aí vi que ele estava trazendo um corsage enrolado nos dedos.- Ela disse que eu não ia achar um em cima da hora, então ela improvisou esse.
Ele era feito com duas das tulipas brancas do jardim deles, aquelas que eu gostei em silêncio por tanto tempo. Era perfeito. Mas justo quando eu ia pegar, ele recuou o braço:
- E...você já tem um.- Ele falou olhando pro de astromélia que já estava no meu pulso.
Ignorei e peguei da mão dele mesmo assim.
- Não tem problema, eu uso no outro pulso.
Tentei colocar sozinha, mas era difícil com a mão esquerda. Então ele mesmo me ajudou, chegou perto o bastante pra eu notar que também estava cheirando bem. Não era o cheiro habitual dele, mas era muito bom.
- Esse outro, foi o Reggie que te deu?- Ele perguntou.
Ah é, eu tinha esquecido da confusão dele.
- Foi.- Respondi ainda cheirando ele.
- E onde ele está?
- Ela está na pista de dança...- Apontei pra Reggie no salão-...com o seu amigo do áudio visual.
A cara que ele fez foi impagável, parecia que havia caído da cama, mas ainda tentou disfarçar:
- Ah...Reggie...
- Regina Cho, a minha melhor amiga, deveria saber dessas coisas, já que vai ser meu acompanhante reserva.
Ele se virou pra mim sério, apesar de envergonhado:
- Devia ter dito alguma coisa.
- E perder a sua cara? Sem chance. Além do mais, eu acho que esse seu acesso de ciúmes foi o responsável por trazer você até aqui essa noite.
- Não foi por isso.- Ele disse.
Me desanimei por ele ter negado tão depressa.
- Por que, então?
- Que eu me lembre, ainda tô te devendo uma dança.
As palavras dele fazem meu coração disparar. Aquilo era sério, muito sério.
- Vou calçar meus sapatos.- Aviso e saio.
- Por que está sem eles?
Não respondi, só apanhei eles rapidamente e os calcei rápido antes da próxima música, quando fiquei de pé, vi que ainda restavam uns 3 dedinhos de diferença pra alcançá-lo.

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Pessoas Ruins
Teen Fiction"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...