Mas que...

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Mas que merda!

O que seguiu foi um silêncio perturbador enquanto eles dois faziam uma espécie de contato visual estranho.

Estávamos os três expostos do lado de fora do depósito. A minha mente viajou pra o dia que Peter disse que queria bater de frente com Hart. O que obviamente eu iria evitar a todo custo.

- Vai nessa.- Eu bati nas costas do Hart pra que a situação não se estendesse e eu pudesse resolver as coisas sozinha com o Peter.

- Não, eu vou ficar. - Ele respondeu.

Eu inspirei fundo.

Dai-me paciência.

- Vai logo.- Eu insisti.

- Eu também quero que ele fique.- Peter falou pela primeira vez desde que chegou.

FILHOS DA MÃE.

- Por que você tá aqui?- Perguntei pra ele enquanto massageava as minhas têmporas.

- Eu segui você, o que acha?- Peter respondeu.

- Esquisito.- Hart provocou ele.

- Disse o cara que estava espiando a gente.- Peter trouxe aquele assunto à tona.

- Se a gente tiver que falar de certo e errado aqui...- Hart sibilou.

- Opa! Já chega! Chega disso.- Eu interrompi.

- O que é que tá rolando aqui? Você não disse que ia resolver tudo? Por que ainda tá andando com ele pra lá e pra cá?- Peter perguntava sem parar.

Eu ia tentar responder alguma delas, mas...

- O que eu faço com ela, é coisa entre mim e ela, não é nada que seja da sua conta.- Hart falou com toda a intenção de provocar.

- Qualquer coisa que você faça, que aflija ela, é da minha conta, sim.- Peter se aproximou dele e eu tive ficar entre os dois pra darem espaço.

- Quem diria que você seriam tão cavalheiro, apesar de ser tão sacana?- Hart disse enquanto se inclinava pra frente.

- Você não me bota medo, Hart, e se encostar um dedo nela, eu te provo isso.- Peter estremeceu de ódio.

- Como é?

Ok, aquela parecia uma excelente hora pra intervir:

- Tudo bem, já chega desse showzinho de cães de rua.- Olhei pra Peter.- Ninguém aqui está afligido.- Em seguida pro Hart.- Ninguém aqui vai brigar!

Respirei fundo, pra tomar o controle. Me voltei pra Peter mais uma vez:

- Tá tudo sobre controle, eu tô bem, se não estivesse...eu diria, mas eu não quero e não preciso de você bancando o defensor de agora em diante, tá?!

Ele pareceu contrariado, mas consentiu com a cabeça.

- E você...- Eu me voltei pro Hart, meio aturdido-...sossega! E não vem com essa de "o que eu faço com ela", você não faz nada comigo, não venha querer brincar de mal entendidos aqui.

- Ah, e qual é do casaco na sua cintura? Não é o dele?- Peter comentou irônico.

- É emprestado.- Eu respondi sem paciência.

- Não é como se você pudesse emprestar o seu.- Hart respondeu provocando ele mais uma vez.

- E pra quê que você precisaria do...

- PORQUE EU MENSTRUEI NA MINHA CALÇA!

Aquela palavrinha foi o suficiente pra fazer os dois calarem as bocas e começarem a procurar buracos de minhoca no chão.

Pessoas RuinsOnde histórias criam vida. Descubra agora