A festa

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Mesmo quando eu passei da porta do estabelecimento, ainda não senti que era o suficiente, continuei correndo pela calçada.

Eu não me sentia com medo, na verdade , eu estava, mas muito mais do que isso, eu me sentia mais viva do que me sentia em muito tempo. Senti que podia correr a cidade inteira se meus sapatos não estivessem começando a machucar.

- June!- Alguém me chamou.

Deus?

- June!

Finn!

Parei de correr tão abruptamente que meus sapatos fizeram barulho.

Ele me alcançou e me segurou pelos ombros como se eu fosse fugir de novo. Ele estava ainda mais ofegante do que eu, mas ainda se esforçava pra falar:

- O que...tá acontecendo...com você?- Ele ofegou em tom de sermão.

Não consegui me conter, e tive uma crise de riso, bem inapropriada pro momento.

- J-June...- Ele queria se manter sério mas estava rindo da minha risada.

Eu não conseguia parar de rir. Me encostei na parede atrás de mim e ele foi junto comigo. Eu já estava com dor no estômago e lacrimejando:

- Eu...eu fui aceita...por uma faculdade maravilhosa...- Eu respondi recuperando o fôlego.

Ele me olhou com desdém.

- Sério? É esse o seu problema?- Ele perguntou parecendo não estar convencido.

- ...logo depois...de ser rejeitada por outras três faculdades maravilhosas.- Eu completei.

Ele pareceu aceitar melhor essa justificativa.

- Tá...e daí?

- E daí...- Eu enxuguei o canto dos olhos evitando borrar a maquiagem-...que eu queria a que me rejeitou.

Ele me mostrou uma expressão mais compassiva:

- Ah...então era aquela que você não queria falar? Pra não dar azar?

Eu afirmei com a cabeça.

- E não funcionou.- Eu murmurei.

- Por que não disse nada antes?- Ele perguntou.

- Não queria que você me achasse idiota por ficar tão afetada com isso...ou que...sei lá...que desanimasse sobre entrar na faculdade.- Desabafei.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos.

- Caramba June, você me leva muito a sério.

Eu estava prestes a rir da prepotência dele, quando percebi a presença de um Charlie mais ofegante do que nós:

- Vocês...me deixaram...pra trás...- Ele nos repreendeu enquanto se apoiava nos joelhos.

- Olha, você tem que aprender a se virar um pouquinho.- Finn respondeu o primo que só mostrou o dedo do meio em retorno.

Ouvimos o som de alguém correndo e se aproximando, nos viramos juntos e vimos Allison, já sem o uniforme, usando suas roupas habituais:

- Isso foi incrível! Você foi a melhor adição que esse grupo já teve!

- Ah, não foi nada demais.- Eu me fiz de modesta esfregando o meu cotovelo, que só agora percebi, estava doendo.

- Cara, eu tô louca pra curtir com você, pra onde vão agora?- Ela parecia cheia de vida.

- Agora?! Nem pensar, a gente vai deixar ela em casa.- Finn cortou a onda dela.

- Qual é, Finn? Eu larguei o meu ponto por isso!- Ela fez bico.

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