Pessoas Ruins

Magnolias

Aquela semana foi bem movimentada, ainda que não chegasse aos pés do desastre que foi a semana anterior.

Recebi a resposta da Pensilvânia. Eu fui aceita. O que fez muito bem pra minha autoestima.

Finalmente consegui visitar meu pai, depois de um tempo considerável sem vê-lo.

Contei pra ele que fui aceita por duas faculdades, e que a Columbia era a melhor opção até agora, mas que ainda estava pensando no assunto. Ele achou a coisa mais incrível a ideia de vir me visitar daqui a alguns anos sem ferir a condicional.

Acho que esse era um mais um ponto positivo da Columbia, embora seja a longo prazo.

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A escola estava mais do que movimentada, porque aparentemente o plano do convite do Michael Reese, só foi uma surpresa pra as garotas, vários outros garotos estavam se mostrando tão empenhados quanto. E outros até mais.

Na terça, Aiden Ziegler apareceu com um ukulele no meio do refeitório pra tocar uma música de sua própria autoria (uma bela merda, por sinal) pra convidar Wendy Blaise pro baile. Na quarta, Nora Tanner encontrou o próprio carro totalmente abarrotado de post-its com mensagens do tipo: "Lembra do baile?" e "Não esqueça de ir ao baile comigo".

Pela primeira vez, os garotos do ensino médio estão começando a me dar medo.

Na quinta-feira eu estava realmente me esforçando pra prestar atenção numa aula de história, mas eram slides e slides me dão sono, então Gabbie e eu estávamos nos revezando entre pequenos cochilos, usando nossas cabeças de apoio, enquanto a outra ficava alerta.

- E com isso, a queda do muro de Berlim, representou um marco do enfraquecimento do socialismo no mundo, o fim da separação alemã e dessa aula...- A senhora Speckle clicou triunfante no passador de slides, e a sala escureceu totalmente, ou quase- ...o que é isso?- Ela se assustou.

Eu que não estava prestando atenção, me assustei, a ponto que deixei a cabeça de Gabbie tombar, quando vi que haviam escrito no quadro branco com tinta que brilha no escuro:

"Chris, quer ir ao baile comigo"

"Faltou o acento". Meu cérebro nerd pensou.

- Quem fez isso?- A professora questionou.

Todos olharam pra trás pra ver que Luke Schimidt já havia escrito um sinal de interrogação na própria testa, como se indicasse que ele era o dono da pergunta.

Quando acenderam as luzes, Chris já havia beijado ele rapidamente, o que acredito eu, deve ter sido um "sim". Fiquei feliz por ela não ter tido uma reação mais ousada, porque senão, eu ia vomitar lá mesmo.

Então era sobre ela que ele estava se gabando na segunda feira. Olhando eles juntos, eu pensei que eles não tinham muito haver, porque Chris era muito bonita pro Schimidt, mas talvez ela tivesse se atraído pela personalidade ridícula dele.

Gabbie e eu estávamos tentando desenroscar uma trança dela que havia ficado presa no meu cabelo enquanto aproveitamos pra cochichar:

- E pensar que o próximo mês vai ser só isso.- Eu comentei.

- É, de alguma maneira essa história de baile desperta os nossos valores mais regressistas. Já viu alguma garota fazendo um convite desses? É tudo sobre ficar sentada e esperar ser escolhida.- Ela respondeu.

- Pra no final, você nem ser escolhida e seus pais obrigarem você a ir com o seu primo.- A senhora Speckle desabafou do nosso lado como se revirasse memórias dolorosas. Eu não sabia que ela estava nos escutando.