Cinco de Mayo pt2

216 30 1
                                    

Cheguei em casa a tempo de receber uma ligação do meu pai. Nós já estávamos falando a algum tempo e ele não conseguia deixar a nostalgia de lado:

- Nossa, 18 anos! Parece que foi ontem que você cabia nas minhas duas mãos juntas.

- Pois é, agora eu já posso beber legalmente em um monte de países diferentes.- Parei pra conferir se mamãe estava escutando.

- Fique no país em que está agora.- Ele disse.- Aliás, antes de desligar, eu preciso te perguntar uma coisa.

- Fala.

- Eu falei com o seu tio Oscar esses dias...

Ferrou. Ferrou muito. Não. O tio Oscar não faria isso comigo. Ele não falaria do vídeo pro meu pai. Justo pro meu pai, que não podia resolver nada de onde estava!

- ...quem é esse tal Güero?

Ah.

- Ah, não.- Não contive a risada.- É só um garoto.

- Que tipo de garoto?- Ele insistiu em detalhes.

- Só um garoto, você sabe... tatuagens... motocicletas... promessas que não pretende cumprir...- Brinquei.

- Eu tô falando sério. Como ele é?- Ele parecia sério, mas eu não conseguia levá-lo a tal.

- Ele é...mansinho.

- Mansinho em que sentido?- Ele parecia agoniado.

- Ah, pai. Eu tenho que me arrumar agora, depois a gente se fala.

Desliguei sentindo uma pontinha de culpa e um mar de divertimento. Muita gente acha que não dá pra ser a garotinha do papai à 30 km de distância, mas dá sim.

Tomei banho com o sabonete que Reggie me deu. Pra me vestir, eu segui a mesma linha de cores de hoje cedo. Uma blusa de mangas compridas cor de creme e eu um short escuro de poliéster.

Mamãe estava organizando as coisas pra levarmos enquanto eu terminava de me arrumar no quarto. Ela havia pedido folga só pra isso. Coloquei os fones de ouvido enquanto tentava fazer uma maquiagem simples.

Não consegui. Não do jeito que a minha mãe fazia. E só podia culpar a mim mesma por isso. Porque não me interessava nem um pouco nesse tipo de coisa quando mais nova.

Limpei o rosto com um lenço pela terceira vez, e tirei os fones pra ir pra sala:

- Desisto.- Ainda estava esfregando o meu rosto quando vi o Finn ajudando a minha mãe a carregar as coisas e tive um susto.

Não devo tê-lo ouvido chegar por conta dos fones:

- Oi.

- Oi.

><><><><><><><><><><><><><><><><>

Depois de enfiarmos as compras no banco de trás do nosso carro, enfiamos o Finn lá também.

Justo quando minha mãe ia entrar no carro, o celular dela começou a tocar. Ela viu a tela e fez a expressão que sempre faz quando a mãe dela liga, deu um bufo, e revirou os olhos:

- Finn querido, se importa de levar o carro? Eu preciso atender e com certeza vai demorar.

Ele deu uma olhada pro volante do banco de trás:

Pessoas RuinsOnde histórias criam vida. Descubra agora