A minha mente tentava de verdade responder aquelas perguntas, mas algo em mim, não queria saber as respostas.
Naquele dia, a volta pra casa foi muito esquisita, porque eu queria estar brava, mas ele parecia definitivamente arrependido:
- Desculpa por ter dito aquelas coisas.
- Tudo bem.
- Eu só tava brincando.
- Sem problema.
- Eu não percebi quando perdi a mão.
- Não se preocupe.
Enfim, foi muito estranho. Principalmente por eu ainda estar zangada com ele, mas não me permitir dizer nada, porque isso poderia escancarar meus sentimentos, e eu não tinha ideia do que poderia sair de mim.
Fui direto pra casa por motivos óbvios, nós dois não queríamos prolongar aquilo. Foi aí que eu me senti livre pra assimilar tudo e poder surtar.
POR QUE ELE CRIOU TANTO CASO POR CAUSA DE UMA MÍSERA GARRAFA DE CHÁ GELADO?
Eu nem ao menos havia pago por ela, que idiota. E daí que eu pensei nele quando procurei companhia? Ele era meu amigo, ou não era? Aquilo não era estranho entre amigos.
Ou era? Eu não tinha amigos outros homens além do Nacho, mas ele era família.
DESDE QUANDO ELE SE IMPORTA COM O QUE EU ACHO DELE?
Sim Hart, eu não achava que você levava nada a sério! É o que acontece quando você age como despreocupado e negligente. As pessoas acham que você é despreocupado e negligente!
E O QUE ELE QUIS DIZER COM "ANTES VOCÊ NÃO FARIA ESSE TIPO DE COISA"?
Ele quis dizer que eu tinha ficado atirada? Era isso que ele tava pensando? Quem ele pensa que é? Era tão ruim que eu tivesse me tornado mais gentil com o tempo? Aquilo não era natural?
Eu não via nada de errado em entrar no carro dele, e entrar no quarto dele não parecia grande coisa.
Até agora.
Mas eu precisava da carona. E ficarmos no quarto foi ideia dele. Eu não achei que tivesse que me preocupar com ele. Fui muito ingênua de pensar isso?
Será que tinha alguma coisa haver com quando ele me desentalou da escada? A nossa dinâmica de autoridade havia mudado, ou coisa assim?
A minha cabeça só conseguia se perguntar no que ele estava pensando.
Eu não estava me sentindo normal. De fato, aos poucos ele tinha se tornado tão agradável, que eu me esqueci de ser cuidadosa, até ele mesmo percebeu isso, e não só percebeu, como também tirou sarro de mim.
- June! Visita pra você!- Minha mãe gritou da sala enquanto eu estava no quarto.
O quê?!
Eu saltei da cama imediatamente interrompendo o meu surto.
- Eh...já vou!
Meu cabelo estava um caos, não, pior do que isso. Prendi ele de novo da melhor forma que pude, e abri a porta do quarto nervosa pensando no que faria ele ter voltado.

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Pessoas Ruins
Teen Fiction"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...