Era domingo, Mamãe, Reggie e eu estávamos na minha casa depilando as pernas com cera quente e usando máscaras faciais enquanto assistíamos O Cristal Encantado (pela milésima vez). O celular da minha mãe estava carregando na cozinha e estava tocando.
- Você tá ignorando de propósito?- Eu perguntei antes de puxar uma tira e segurar um grito, ao mesmo tempo que o meu rosto estava quase petrificado por causa da máscara de argila.
Reggie estava deitada atravessada na poltrona como a bela adormecida já que a máscara dela era de tecido.
- É a sua avó, eu não quero falar com ela.- Ela disse puxando uma tira dela.- Shhh...ela nunca vem com boas notícias.
Eu não louvava a maneira como a minha mãe fingia que coisas ruins não aconteceriam se você não falasse sobre elas, mas... não dava pra julgar. A questão é que eu e minha mãe nos damos bem, e eu não podia dizer o mesmo sobre a relação dela com a mãe dela.
Hazel Mallard era o que eu costumo chamar de hippie de araque. Ela anda por aí com cristais e falando coisas como "heiki" ou sei lá. Ao mesmo tempo que adora dar pitaco e criticar os outros, usando a desculpa de "é só a minha opinião". Sempre que ela tá por perto faz a minha mãe se sentir horrível, na verdade, faz todo mundo se sentir horrível sobre si mesmo.
- Quando vão receber as respostas das faculdades?- Ela mudou de assunto.
O meu estômago pesou.
Um dos motivos de eu querer passar mais tempo com o Hart, era que pensar em colocar ele na faculdade envolvia muito menos pressão, do que imaginar quando as respostas iam chegar.
- Abril, eu acho.- Reggie respondeu por mim enquanto fazia carinho no gato.
Eu estava feliz que ela finalmente tivesse enviado a inscrição pro MIT.
- Está perto então.- Mamãe comentou.- E o baile de formatura?
Quase instintivamente, eu puxei uma das tiras forte demais:
- Junho!- Eu disse antes de massagear o local.- Mas tá meio cedo pra falar sobre isso.
- Eu deixei de ir no meu baile, porque achei que ia ser chato. Eu me arrependo, não quero que se arrependam.- A minha mãe disse saudosista.
- Você me disse que não foi no seu baile porque estava grávida de mim.- Eu comentei.
- É, mas como eu não podia beber, eu achei que ia ser chato.- Ela justificou.
Reggie continuava parada ouvindo nosso diálogo, porque eu tenho certeza que eu e minha mãe parecíamos personagens de programa de tv parecido com Gilmore Girls.
- Falando nisso...- Mamãe continuou-...como vão as coisas com o garoto dos Hart? Vocês têm passado o dia todo juntos, estou com ficando com ciúmes.- Ela brincou fazendo biquinho
A Bela adormecida da Reggie virou uma espécie de Jason Voorhees virando a cabeça assustadoramente com os olhos arregalados. Assustou até o gato que pulou do colo dela. Me deu um pouco de medo, mas principalmente ansiedade.
O telefone da minha mãe tocou mais uma vez, e ela cedeu:
- Ah, ela não vai parar mesmo, não é? Já volto.
Enquanto a minha mãe atendia o telefone, Reggie manteve contato visual comigo (de um jeito bem sinistro) até que ela me pegou pelas mãos e me arrastou pra varanda da minha casa.
O que era meio constrangedor já que meu cabelo estava preso em vários bobes e a minha máscara facial fazia parecer que eu tinha cimento no rosto.
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Pessoas Ruins
Teen Fiction"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...