- Onde vamos?- Perguntei entrando no banco de trás do Dodge.
- Se tivermos sorte, chegamos até o final da rua.- Charlie comentou.- De novo, por que nós viemos na lata velha?- Ele se referia ao carro.
- Por que, de novo, eu me recuso a entrar num carro que parece ter saído de uma embalagem de chiclete.- Finn respondeu.
Eles discutiram mais um pouco e acabou que ninguém me disse pra onde estávamos indo. Saímos do nosso bairro e chegamos em uma parte da cidade que eu não conhecia, as casas tinham um estilo mais rústico, e as ruas eram mais movimentadas.
Paramos na frente do que parecia ser um bar aberto, do tipo que não pedia identidade pra entrar:
- Vocês vêm sempre aqui?- Quis confirmar com eles, que só acenaram com a cabeça.
Eles dois pareciam estar achando graça da minha ignorância, mas quanto mais chegávamos perto da entrada, mais audível ficava o que parecia um filhote de gato lutando pela vida, e eu entendi imediatamente o que estava acontecendo:
- É um bar de karaokê?!- Perguntei torcendo pra estar errada.
- Ah não June, é muito pior do que isso.- Finn brincou enquanto entrávamos.
Parecia mesmo um bar de karaokê comum, mas não havia só uma pessoa cantando, havia também outras pessoas no palco tocando instrumentos que pareciam brinquedos.
- O que é isso?- Perguntei.
- Você nunca jogou Band Hero?- Charlie questionou surpreso.
- É tipo o Guitar Hero?- Continuei perguntando.
- É, só que com todos os outros integrantes.- Hart me respondeu enquanto anotava algo numa ficha.- Vamos procurar uma mesa.
O público alvo do lugar parecia ser de pessoas um pouco mais velhas do que a gente, mas não muito mais maduras. Alguns já estavam mais pra lá do que pra cá no quesito bêbado.
Ficamos numa mesa escorada na parede, onde eu até que conseguia ver bem o palco e as pessoas passando vergonha. Até que era divertido. Peguei o cardápio e vi que o nome do lugar era "Grainne's".
- O hambúrguer daqui é incrível, se quer ter uma boa impressão daqui, devia pedir.- Charlie sugeriu.
- O hambúrguer então.- Eu concordei, por mim podia ser qualquer coisa, o lugar tinha um cheiro bom.
Eu usei o reflexo do porta guardanapos pra dar uma olhada em como estava o meu cabelo e se eu tinha borrado a maquiagem acidentalmente.
- Eu...gostei do seu cabelo.- Finn comentou de maneira avulsa.
- Hm?- Eu indaguei, porque de primeira achei que ele estava sendo irônico, mas não havia motivo pra isso. Meu cabelo estava fantástico.
- Não, é que ele parece mais...eu quis dizer que gostei e...- Ele mesmo se interrompeu-...caramba, você não tava de folga?
Ele me assustou na última parte, até eu perceber que ele não estava falando comigo.
- Sempre bom ver você também.- Allison apareceu em toda a sua autenticidade, as cores do cabelo estavam retocadas e presas num coque frouxo e a maquiagem mais forte. Ah, e estava usando um uniforme de garçonete. Os olhos dela brilharam quando encontraram os meus.- June!
- Allison!- Eu disse tentando me levantar pra cumprimenta-la, mas Charlie estava entre nós.
Ela se curvou sobre a mesa e me envolveu com o braço que não estava segurando uma bandeja, e eu fiz o mesmo com ela.

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Pessoas Ruins
Ficção Adolescente"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...