Até que eu disfarcei bem os últimos períodos chapada. As pessoas só acharam que eu estava de bom humor. O que é engraçado, porque quando eu tô de bom humor, elas acham que eu estou estranha.
O bom é que pelo menos, já estava passando:
- O que é que você tem?- O Hart perguntou, provavelmente referente ao fato de eu estar fazendo caretas no espelho do carro na volta pra casa.
- Tô entediada.- Tentei parecer natural.
- Charlie vem esse final de semana, sei que acabamos não saindo no sábado passado, então eu pensei...
- É vai ser legal.- Respondi, já prevendo o que ele ia perguntar.- O que é aquilo?
- O quê?- Ele procurou na estrada.
- Alí.- Eu apontei pela janela um conglomerado de pessoas reunidas numa praça.
Parecia uma feirinha.
- Acho que é um tipo de feirinha.- Ele respondeu.
- Que fofa! Podemos parar aqui, só por uns minutos?- Pedi.
- Não sabia que você gostava de artesanato.- Finn disse procurando um lugar pra parar o carro.
Eu era um pouco seletiva em relação a isso. Eu gostava quando o artesanato vinha com alguma utilidade, objetos colecionáveis não eram muito a minha praia. Mas eu também gostava de apoiar pequenos empreendedores.
- Finn, você gosta de metal e de desenhar flores.- Expus os fatos pra não ter que argumentar.
Ele deu de ombros e saímos do carro.
A feirinha era bem legal. Haviam brinquedos e decorações de jardim feitas com recicláveis, também haviam várias pessoas vendendo velas e sabonetes artesanais, e trabalhos decoupage, além das barraquinhas de comida.
Inclusive, passamos por um senhor que trabalhava com sabores de sorvetes exóticos, pra não dizer estranhos.
- Eu tô dizendo pra você, é o exato sabor de biscoito de gengibre.- Eu insisti.- Mas não é só isso, é a experiência também...
Não, não era. Eu ainda não estava totalmente sóbria.
- June, eu ainda não sei onde você quer chegar.-Finn ainda parecia descrente.
- Eu tô tentando te dizer que esse sorvete tem gosto de natal.
Eu estava feliz e satisfeita na feirinha, mas eu tive a imediata sensação de que alguém que eu conheço iria surtar aqui:
- Reggie ia adorar saber desse lugar, talvez já tenha até vindo.- Eu já tinha tirado algumas fotos e mandado pra ela, mas ainda não havia sido visualizada.
- Reggie...que vai te levar pro baile?
Era um jeito estranho de colocar, porque na minha cabeça, eu que estava levando ela.
- Bom, acho que como fui eu quem convidou, sou eu quem vai estar levando.- Fiz piada.
- Sei.- Ele respondeu, mas não riu.
Senti um a mão dele envolver o meu braço e me puxar de leve pra mais perto enquanto andávamos.
Fui pega tão desprevenida que quase morri de vergonha quando percebi que ele só havia me livrado de pisar numa falha na calçada.
- Você bem que poderia ir, se quisesse.- Continuei insistindo como uma idiota.
- Não tenho nada pra fazer lá, já disse.- Ele respondeu, não com raiva, mas também não parecia tranquilo.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Pessoas Ruins
Roman pour Adolescents"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...