Acordei no dia seguinte com umas mensagens de Peter que ele havia me enviado tarde da noite.
"Sei que fiz besteira."
"Não queria ter te chateado."
"Não poder falar com você é um inferno."Pus a cabeça no travesseiro e forcei o meu cérebro a parar de levar aquilo a sério. Me forçar a lembrar que ele só falava aquilo porque precisava de mim pelos próprios motivos egoístas.
Queria muito não que ele não tivesse tanta influência nos meus sentimentos, nem que ocupasse tanto espaço nos meus pensamentos. Queria muito me convencer de que eu só me prestava a isso, porque era uma garotinha imatura e carente com problemas de autoestima, e não porque eu o amava.
Por que eu o amaria afinal? Pela aparência perfeita? Pelas falas clichês? Por ele fazer o meu coração disparar e ser a minha única fonte de euforia e felicidade numa vida miserável de auto cobrança? Só porque estar com ele, fazia eu me sentir uma pessoa completamente diferente, distante de tudo isso, perto daquele nirvana, onde tudo de ruim pode me acontecer, mas nada acontece?
Por muitas vezes eu quis acabar com isso, porque sempre que ele estava longe, eu sentia o peso da culpa. E quando ele estava perto, era como se eu me reabastecesse. Seria idiotice abrir mão dele, quando eu já não tinha nada.
"Não seja dramático."
"Não é como se estivéssemos brigados."><><><><><><><><><><><><><><><><>
Talvez porque eu estivesse tão de bom humor hoje de manhã, o Hart me parecia ainda mais ranzinza, com marcas escuras debaixo dos olhos:
- Conseguiu terminar tudo depois que eu saí?- Perguntei.
- Uhum.
Silêncio.
- Eu tava me perguntando...- Insisti em dizer alguma coisa.-...por que você quis fazer faculdade tão de repente?
A expressão dele mudou, ele sorriu maldoso sem nem olhar pra mim.
- Eu pensei que se eu não te perguntasse do Duncan, você não ia me fazer essas perguntas.
Aquilo veio como um coice na minha cara.
Decidi ficar calada o resto do trajeto, aparentemente, ele não estava afim de conversa.
Parece que como contrapeso da minha manhã feliz, o resto do dia fez questão de ser uma merda.
As aulas estavam passando devagar, mais do que o normal, e eu também estava mais cansada do que o normal. A única luz visível no meu fim do túnel, era a aula de educação física.
99% dos nerds odeiam educação física. Eu estou entre os 1%. E isso engloba vários motivos.
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Eu estava escorada na grade do ginásio, esperando os garotos desocuparem a quadra. Havia prendido meu cabelo num rabo de cavalo e colocado as presilhas que peguei emprestadas da Reggie pra segurar a minha franja. Eu diria que se não houvessem tantas garotas distraídas com aquele jogo de basquete, elas com certeza suspeitariam do quão imersa eu estava nele.
Uma das minhas visões favoritas do Peter, era ver ele jogando basquete. Ele ficava tão focado, arrojado e suado...
Eu não tinha muitas oportunidades de ver ele jogar além da aula de educação física.
Na minha cabeça, o jogo acontecia meio que em câmera lenta e cada movimento dele era interessante. Ele batendo a bola, driblando, passando a bola entre as pernas, olhando por cima do ombro, sorrindo sempre que fazia um bom passe ou fazia uma cesta, jogando o cabelo pra trás...

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Pessoas Ruins
Novela Juvenil"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...