Naquela noite eu fui dormir tranquilamente com mais de mil pensamentos percorrendo no meu consciente.
Finn disse que ia estar ocupado àquela tarde, o que me deu muito tempo sozinha pra criar paranóias e inventar cenários com situações inusitadas e improváveis.
Não sei direito quando, nem como, eu fui parar na beira de um lago, acompanhada do Sr. Knigthley, incorporado pelo Paul Rudd (sei que ele não interpretou oficialmente o Sr. Knigthley, mas ele estava ótimo em Patricinhas de Beverly Hills e era o suficiente pro meu inconsciente):
- Não posso sonhar, pelo menos uma vez com um personagem com a idade mais apropriada?- Perguntei.
- Por quê? Mesmo depois de tanto tempo, você ainda está preocupada com seus complexos paternos?- Ele insinuou.
- Sim. Você sabe que sim. Você é fruto da minha consciência, sabe o que eu tenho medo de ter essas coisas.
- Não se preocupe com isso. É só um sonho. E...somos só amigos, não é?
- É o que parece.
"June...June!"
Uma voz calma me puxou da realidade dos sonhos. Abri os olhos o máximo que pude, o que não foi muito.
- Feliz aniversário, June.- Minha mãe sussurrou e eu tive que focar melhor na imagem completa.
O quarto estava escuro, e ela estava segurando um cupcake amarelo que imitava uma flor de girassol com uma velinha em cima. Reconheci o estilo do bolinho de uma confeitaria cara do centro. Ela devia ter comprado na ida do trabalho.
- Que fofo.- Eu disse antes de assoprar a vela.- Boa noite.- Tentei voltar a dormir na esperança de que o Sr. Rudd ainda estivesse lá.
- Ei, ei, ei.- Tem que comer, se não, não vai dar sorte.
Usei todas as minhas forças pra segurar o cupcake. Comi papel na primeira mordida, mas estava com muito sono pra me importar. Com certeza era daquela padaria cara. A cobertura era leve e parcialmente derretida, porque ela deve ter comprado mais cedo e guardado na geladeira do trabalho.
- Então? Dezoito anos. Como se sente?- Mamãe perguntou enquanto arrancava pedaços da cobertura.
- Sinto um instinto independente. Que tal uma tatuagem?
- Sarcasmo intacto.- Ela passou cobertura no meu nariz.- E dúvidas? Tem alguma?
Limpei o nariz e parei pra pensar:
- Você acha que os meus peitos ainda vão crescer?
Ela riu antes de responder:
- Não, está destinada ao tamanho P. Você puxou à minha família nesse aspecto.
- Queria ter puxado à família do papai.- Falei.
- É...o peitoral do seu pai é incrível.- Ela afirmou com a cabeça e eu concordei.- Volte cedo amanhã, ok? Temos que arrumar as coisas pra ir pra sua abuelita.
- Hoje, você quer dizer.- Lembrei a ela de que estávamos no meio da madrugada.
><><><><><><><><><><><><><><><><>
Consegui aproveitar mais ou menos as últimas três horas de sono.
Quando terminei de tomar banho, senti a necessidade de usar uma roupa especial, ainda que eu não tivesse nada realmente especial. Então pensei que talvez pudesse vestir algo menos fechado.
Eu tinha um suéter bege claro sem mangas, que eu geralmente o usava com uma camisa por baixo, mas eu podia não usar hoje. Combinei ele com um shorts de linho, e coloquei uma meia-calça grossa por baixo, da cor da minha pele. Era uma paleta mais clara do que eu estava acostumada. Até que deu um ar refrescante.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Pessoas Ruins
Ficção Adolescente"Eu sou uma pessoa ruim, talvez seja difícil pra maioria das pessoas, simpatizarem comigo, e eu posso culpá-las? Elas nem me conhecem e já me odeiam, imagina se soubessem?" June Mallard não tem uma vida muito confortável, e apesar de passar o tempo...