CAPÍTULO 1

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Alguns anos atrás...

Todas as noites contemplo o céu, com as infinitas estrelas nas suas constelações, imagino que se achando sobre o seu olhar, protege-me e toma conta do meu interior. Chega a ser difícil ter que lembrar que já não se fazem presentes aqui comigo.

Meu nome é Ara. Ara Blanche e fui a única filha de Cynth Brown e Davis Blanche. Essa é a minha história e por mais que pareça estranho, a maioria das minhas lembranças se associam a de outra pessoa.

A dor no meu coração não cessou, com o passar do tempo a dor ainda está presente. Nunca mais poderei sentir o toque das suas mãos, os seus beijos sobre o meu rosto dizendo que nada neste mundo poderia ser mais valioso que aqueles pequenos momentos.

O qual imaginava que carregaria por toda a minha vida, mesmo quando chegassem as minhas tempestades.

O amor dos meus pais dissipou as minhas inseguranças, e medos constantes, que me atormentavam.

Em meus sonhos mais profundos, não havia espaço de medo em meus pensamentos, enquanto os tinha comigo.

Vivíamos exclusivamente como uma família cheia de amor, lembro das histórias que a minha mãe contava, sobre quando tinha os seus dezassete anos, e ficou grávida sendo expulsa de casa pelos seus pais.

Que eram muito conservadores na época, e que o meu pai foi rejeitado por sua família, por não ser um homem digno!

O que poderia ser a dignidade? Se aquele homem exalava a honra!...

A minha mãe veio de uma família tradicional mediana, em que era a única menina no meio de dois irmãos, os seus pais eram religiosos natos.

A sua religião estava acima dos seus desejos e sonhos. A lei que reinava na sua casa, com os seus filhos não chegava aos trajes dos homens modernos, e muito menos no seu tempo.

Dava a entender, cederem as suas vidas por aquilo que acreditavam, e seguiam com o seu corpo e alma.

Os seus ensinamentos eram baseados numa recomendação que defende a autoridade, autorizada a ser seguida é a Palavra de Deus.

As nossas ações imorais afastam-nos do propósito divino celestial, o modo como a sociedade vivia de lascívia e luxúria afetava até os religiosos da sua época.

Tornava se cada vez mais, custoso a enorme necessidade de firmamento na fé para não cair em desobediência contra a palavra de Deus, o rigor na educação dos seus filhos, para que fosse preservada a conduta samaritana da família perante a igreja e o meio a qual viviam.

Essas  lembranças, de certa forma, acabam por conectar-me ao meu passado.

Ainda existe muita informação que foi me ocultada. Confesso que sou apegada a memórias, e saber sobre os meus pais, faz com que eu entenda muita coisa sobre minha personalidade e meu caráter.

Levanto após ouvir batidas na porta do meu quarto, acendo o abajur, procuro a minha camisa de moletom na poltrona, que está bagunçada com roupas, achei toda amassada mas  a vesti.

Abri a porta encontrando Liam, que estava com os pés descalços e a cara de sono.

— Não está atendendo o seu celular por quê? — pareceu aborrecido.

— Estava lendo, aconteceu alguma coisa? — mente, o meu celular estava desligado propositalmente.

— Sua madrinha é paranoica, você bem sabe né! — entrou no meu quarto sem permissão e sentou na poltrona. — Ela está ligando para você, faz uns trinta minutos, e como a princesa não atende, quem corre atrás sou eu.

O Liam detesta ser acordado, ele é bem preguiçoso quando quer. São nove da noite, e os meus tios estão fora, em um jantar de aniversário de um amigo da família. Acredito que minha madrinha deve ter ligado para ele, por não ter atendido sua ligação.

— Ela acordou você! Desculpa por isso Liam. — falei mas sorrindo, por sua cara de indignação.

— Está sorrindo pelo que mesmo desgraça? — ameaçou jogar o travesseiro em mim.

— Nem pense nisso, eu jogo água em você.— Olhou desafiador.

A nossa relação é incrível, não imagino ficar longe dele, ou de meus tios e minha madrinha. Apesar deles serem tudo que eu tenho, também são compreensíveis e atenciosos.

— Deixa de graça, e liga para sua madrinha. — levantou e beijou minha testa. — Boa noite princesa, qualquer coisa, não me chame  por favor. — Fez graça e saiu correndo.

Nossa quanta gentileza sua... priminho. -- gritei para ele ouvir, quando fechou a porta do seu quarto.

Caminhei até a cabeceira e peguei o telefone. Encontrei três mensagens de minha madrinha após.

A Sra. Lisa Bonet: seu número está desligado, por quê!!!

A Sra. Lisa Bonet: O que está acontecendo? liga esse telefone...

A Sra. Lisa Bonet: não teste minha paciência, Ara Couts Blanche, se você não ligar esse celular, eu vou para casa de Frederick agora.

Meu Deus! Ela é muito paranoica mesmo! Sorri ao ler suas mensagens, que senso de proteção excessivo. Disquei o seu número, e no terceiro toque ela atendeu.

Ligação Lisa Bonet ON

— Desligou o telefone por que mesmo Ara? — falou parecendo chateada.

— O que foi madrinha! stalkeando essa hora da noite, sério isso? — despeitei na cama olhando o teto.

— Eu na sua idade, tinha mais respeito pelos mais velhos.— fingiu mágoa. — Tá aprendendo isso com quem ? O Liam?

— Não madrinha, desculpe, mas a senhora sabe que eu gosto de estar sozinha. — cruzei os pés de forma reta sobre a cama.

— Eu preocupo-me com você, será que estou errando?

Eu sei o motivo de sua preocupação, apesar de ter nascido com um problema de saúde, às vezes sufoca-me esse excesso de preocupação.

Além disso, minha madrinha sente-se culpada com o que aconteceu com os meus pais. Ela acha que deveria estar mais presente na vida deles, e acaba sendo excessiva comigo.

— Não diz isso madrinha, eu amo a senhora. — a confortei, e ela sorriu.

— Bom saber né, pelo menos não me odeia, por ser uma stalkeadora. — sorri. —  Então quero você na quinta-feira, para preparar a atividade que estou organizando.

Após alguns minutos conversando, ela encerrou a chamada, eu estava bem cansada. Então tirei o moletom e joguei na poltrona, alinhando-me novamente na cama, em poucos minutos adormeci.









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