CAPÍTULO 58

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ARA BLANCHE



Foi angustiante ouvir tudo que Amelie falava. Seu olhar está distante, seus olhos marejados. A dor é evidente em suas palavras, esse homem a destruiu completamente. Lágrimas silenciosas molham o meu rosto.

 — Aquele lugar era uma casa de prostituição clandestina da máfia. Após o dia trágico, fomos obrigadas a prostituir  para o clã. — Seu olhar continua distante.— Aurora e eu, passamos por todo tipo de tortura possível.

— Amelie eu…euu sinto muito. — falei pela primeira vez.

— Eu achava que Antônio, poderia ajudarmos mas não o fez. — Uma lágrima silenciosa escorre em seu rosto. — Ele casou-se após alguns meses. Aurora havia entrado em depressão profunda ela chegou a ficar gravida por tres vezes. — suspirou com magoa. —  Sofreu  abortos por consequência das agressões, pois o Sr. Matteo, estava obcecado por ela. Eu precisava salvar a minha irmã.— Esmagou a fotografia em suas mãos. —  Depois de alguns meses descobri que eu estava grávida, e sabia perfeitamente quem era o pai. 

— Meu Deus agora faz todo sentido! — As palavras escaparam de meus lábios. 

— Eu estava apavorada, com medo de perder o meu filho. Precisei agir rápido, e achei conveniente  seduzir um homem que há meses estava atrás de mim. Este homem é o  Dr. Ernesto Corrado, ele sempre foi parte integrante do clã. Precisei contar a ele sobre a gestação. O meu plano era arriscado, porém não havia outra saída. Felizmente ele prometeu me ajudar. — Sentou perto do meu corpo, segurou minhas mãos.— Ernesto, foi nosso Anjo da guarda, ele mudou a minha vida e a de Aurora para sempre. Quando meu filho nasceu, ele era a cara de Matteo Mazzarella.  

 — O Lúpus é o seu filho! — não foi uma pergunta , mas sim uma constatação, o seu silêncio, confirmava o que eu mais temia. — Você é a mãe de um assassino.

   — Quando percebi que estava grávida, daquele homem por conta dos abusos, eu sabia o destino do meu filho.  — Não conseguiu segurar as lágrimas, suas mãos estavam trêmulas.— Ernesto fez um plano de fuga, tudo estava saindo como planejado. Não suportava ver Aurora sofrer, nas mãos de Matteo Mazzarella. Foi doloroso , mas eu precisava proteger o  meu filho também.  

 — O que aconteceu a Amelie? Aonde está Aurora?. 

—   Ele estava muito obcecado por ela. — Seu olhar transbordava repulsa. — Ela era apenas uma menina, assim como eu. O  Ernesto conseguiu realizar sua fuga juntamente com o meu filho. — Suas lágrimas intensificaram — A fiz prometer que cuidasse dele com sua vida, ao vê-los partir, alguma coisa em mim apagou se. 

Abracei ela sentindo uma dor no meu interior. Não suportaria se perdesse os meus filhos, apesar de tudo que aquele homem fez, nenhuma mãe merece enterrar seu próprio filho. 

— Depois de sua fuga, a minha vida tornou-se  um inferno em sua mãos, todos os dias eu era espancada e abusada, só não fui assassinada, porque ele achava que lhe daria informações de Aurora.— desfez o abraço, desviando seu olhar. — Aquele desgraçado, conseguiu os encontrar após anos, e assassinou Aurora, sequestrou o meu filho, ele pensava que Lupus era filho dela. Quando o Matteo, morreu finalmente eu tive a minha liberdade de volta, após perder dezassete anos da minha vida, o que mais desejava era cuidar do meu filho, consegui entrar nessa casa para trabalhar com ajuda de Antonio Alleanza, para poder estar perto do meu filho novamente.

— Eu sinto muito Amelie, por tudo que passou. — Essa mulher é fragmentada. — Eu…eu-uu, tenho medo pelos meus filhos. — Estou  apavorada, com toda informação.— Esses homens são perigosos , agora que Lupus morreu, posso ser um alvo, se os meus filhos forem encontrados.

O Lúpus fez muitos inimigos sendo o chefe do clã, e agora a vida dos meus filhos e a minha estão em perigo. Amelie percebeu  o meu desespero, recompôs sua postura assumindo a sua máscara de austeridade.

— Não consegui salvar o meu filho, e minha Aurora. — Segurou com firmeza , minhas mãos. — Mas os meus netos, eu vou fazer de tudo para os proteger.

Eu estava cansada de toda essa emoção e descobertas em um único dia, eram muita informação para absorver. Desde o momento que Lupus Mazzarella, fez me sua prisioneira, arrastou seu inferno pessoal para minha vida. Não sei qual é o plano de Amélie. 

Mas preciso confiar em suas palavras , não posso deixar a minha família em perigo, tendo a imprudência de os procurar para pedir ajuda. Não devo esquecer Graziela , ela sabe que estou aprisionada neste lugar. O tempo que promete para voltar a casa já esgotou, ela disse que contaria a polícia caso não regressasse a casa.

— Amelie, preciso confidenciar uma informação. — Não sabia ao certo, se contava ou não, mas não posso a deixar em perigo. 

— Fale Ara, não me esconda nada que pode piorar a nossa situação! 

A autoridade em seu tom de voz, deixou-me  insegura para falar, mas procurei coragem para contar tudo.

— Faz uns meses, antes da viagem de Lupus. — Levantei sentido um sufoco. —  Eu encontrei uma amiga minha, e ela sabe que estou presa neste lugar contra minha vontade.

— Mas como? Onde encontrou ela…?—  Falou incrédula.—  Você não saiu dessa casa, e tudo aqui é fortemente vigiado.

— Você sabe como eu cheguei nesse lugar? — Questionei, e ela negou com a cabeça.

Amelie nunca chegou a perguntar nada sobre a minha vida, mas sabia perfeitamente que eu estava aqui contra minha vontade. A frieza em suas atitudes , deixava-me com desconfiança, o seu tratamento comigo era como Lúpus orientava.

— Confesso que não confiava em você , por pensar que fez parte do meu sequestro, e nunca ter me ajudado a escapar.

—Mesmo se o fizesse,  ele moveria céu e terra para a encontar, e depois a matava. — Um arrepio passa em meu corpo. — Ara, eu orei tanto para que meu filho não herdasse as características do pai, agora ele está morto e nunca soube que sou a sua verdadeira mãe.—  Confessou derrotada chorando.

— Não se culpe, você fez tudo que estava ao seu alcance para cuidar dele.

Não pretendia desrespeitar sua dor, eu odeio tudo que Lupus fez comigo , mas agora que estou grávida, entendo a dor de uma mãe, o amor que estou sentido por esses bebês é tão grande, que chega a doer ao imaginar que alguma coisa possa acontecer.

Expus para Amelie toda situação que envolvia Graziela, que ouvia tudo atentamente.

— Não percebe direito.  — Falo confusa. — Ela  chegou até aqui, sem nenhum arranhão.— Desabafo. — Eu achei que ele a mataria. — A chegada de Graziela nessa casa, ainda era um mistério para mim.

— Acho muito estranho o Lúpus, a trazer para casa. — disse pensativa. — A não ser que, estava a fazer um teste com você!

— Por qual motivo o faria? — Nego. — Eu havia perdido a coragem de fugir de suas mãos.

— Não sei dizer ao certo, ele era imprevisível. — Os raios solares já invadiram a janela. — Vamos pensar em alguma coisa convincente para falar a sua amiga, agora precisa descansar, estivemos a madrugada toda conversando.

Não contestei, o meu corpo ansiava por descanso,  deixei Amelie em seu quarto. Tomei um copo de água na cozinha. Fui até meu quarto e descalcei, deitando sobre a cama cobrindo meu corpo, com as mãos na minha barriga e fecho os meus olhos dormindo

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