CAPÍTULO 6

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Era uma tarde de quinta-feira e estávamos reunidos no restaurante l tempo del vino e delle rose.

Na cozinha italiana mediterrânea, os pratos eram deliciosos e sofisticados. Normalmente os meus tios retiravam sempre um tempo para estarmos em família, apesar de que Liam , e eu já estávamos bem  independentes dos mesmos.

Hoje no almoço com os meus tios,  convidei a Graziela também para se distrair um pouco.

Ela está com alguns problemas com o namorado, o que a deixava muito estressada ultimamente.

— Então filha, como é a experiência de ser educadora infantil? — questionou, o meu tio Frederick, curioso.

— Nossa! As crianças são uma fofura, apesar de haver alguns pais , que ainda se incomodam pelo simples motivo dos seus filhos , terem uma professora negra. — declaro de forma sincera.

— Não se preocupa querida, o mais importante é, que está fazendo o que você gosta, com tempo essas inconveniências serão apenas um detalhe. — disse a minha tia acariciando as minhas mãos, sobre a mesa.

— Eu falo sempre para ela não se incomodar com isso, se houver algum ato desrespeitoso, podemos sempre ir à polícia, fazer uma denúncia. — pronunciou-se de maneira invasiva Graziela.

O rumo daquela conversa, já estava se tornando justiceiro demais para a ocasião.

Sei que vai levar um longo tempo para que eu aprenda a lidar com o racismo ainda, mas não queria fazer com que sentissem sempre pena de mim. Então mudo o rumo daquela conversa.

— Nos últimos dias, não me comunico com Liam! Receberam algumas notícias  suas? — digo os encarando.

— Falamos  semana retrasada. —  respondeu o meu tio. — Informou que está tudo bem, e que começaria um curso de aviação daqui a dois meses. — Seu tom é áspero.

— Não sei, que  ideia sua é essa de ser um piloto! O meu filho faz as coisas de forma prematura. — contestou a minha tia.

— Acho muito legal ele ser um piloto, é uma carreira bem promissora, se tivesse oportunidade também o faria. — comentou de forma irônica , Graziela.

Os meus tios parecem bem aborrecidos, com a decisão de Liam, não é a primeira vez que ele apronta desse jeito.

— O Liam , sempre foi muito altruísta, não me surpreende nada o que pretende fazer agora. — falo espontaneamente.

Observava a movimentação do restaurante , que até agora estava muito agitado, por conta de alguns turistas.

A cidade é muito visitada, não importa a época do ano. Olhei na entrada e vi,  Alessandro entrando acompanhado de um outro homem, loiro tão lindo quanto o mesmo, conversam descontraidamente, quando uma garçonete foi ao seu encontro para guiá-los até sua mesa.

Droga! Espero que ele não me veja. Num gesto de nervosismo, começo a alinhar o meu cabelo desidratado.

Os meus tios olham para mim com as sobrancelhas arqueadas, enquanto Graziela está distraída com o seu celular.

— Querida está tudo bem ? — minha tia perguntou desconfiada. — Você está nervosa aconteceu alguma coisa? — Tio Frederick, atentasse para minha resposta.

Os meus tios me conhecem muito bem, assim como minha madrinha e o Liam. Mas eu acho que eles conseguem detectar facilmente, quando alguma coisa está errada, e neste momento não sei como explicar para eles.

— Nã...não  se preocupe, tia, está tudo bem. — Olhei para mesa de Alessandro e vejo que já estão fazendo seus pedidos.

— O seu cabelo está ótimo, para mexer nele. — Minha tia diz, e atenção de Graziela vai até mim.

— O que estou perdendo, o cabelo de quem que está ótimo ? — Questionou perdida na conversa.

— Nada não Grazi, está tudo bem. — responde, tentando desviar o assunto.

Mas quando olho novamente para a mesa em que o Alessandro está, os nossos olhares se encontram e sinto o meu corpo suando frio. Seu amigo diz alguma coisa para ele, que parece estar distraído, então o seu amigo vira para ver o que está roubando atenção dele. 

Olha para nossa mesa e sorri negando com a cabeça. Troca algumas palavras com Alessandro, que também sorri, mas olhando para mim ainda. Ele levanta-se e caminha em nossa direção, droga! não faz isso não!

— Olá boa tarde , peço desculpas por interromper o almoço de vocês. — Falou sorrindo maravilhosamente ao chegar na mesa. — Mas não podia deixar de saudar a Ara.

— Sr. Ale..Alessandro , boa tarde. — levantei o encarando. — Deixe-me apresentar os meus tios, Frederick e Amanda Couts.

— Muito prazer em conhecê-los, sou o Alessandro Rossi, colega de trabalho de Ara.

— O prazer é todo nosso, Alessandro.— meus tios responderam em uníssono.

— Alessandro, porque não se junta a gente? Acho que os tios de Ara não se incomodariam — Graziela sugeriu, olhando para mim.

— Fica a vontade para juntar-se a nós, Alessandro. — Tio Frederick aprovou.

Não Graziela, nem pense nisso!... Por favor recuse... por favor recuse... fiz um mantra mental.

— Agradeço pelo convite, mas estou acompanhado. — apontou para sua mesa, e seu amigo acenou para nós. —  Numa outra ocasião, quem sabe.

Despediu-se e foi até sua mesa. Os meus tios olharam para mim cúmplices, acho que eles perceberam tudo.

Graziela sorria pelo sucedido, comentando o quanto eu estava nervosa por ter uma simples conversa com o meu suposto colega de trabalho, nossa que traidora essa menina.

Repentinamente o celular de Graziela começa a tocar, e ela pega o mesmo de dentro da sua bolsa quando visualiza  a ligação. Olha-me de forma estranha, e pede desculpas, saindo da mesa indo atender a chamada.

Continuamos a conversar sobre o Liam com os meus tios, relembrando das suas ações, e programamos de quem sabe, passarmos o natal deste ano lá onde o mesmo está. Faz bastante tempo que só nos comunicamos com ele só por celular.

Estou muito ansiosa para voltar a vê-lo novamente, tenho muita saudade dele.

Acabei contando aos meus tios, da viagem de verão que eu e Graziela, já acertamos em fazer para Veneza. Daqui a aproximadamente uma semana estamos de partida.

Já faz um ano que estávamos a programar esta viagem, devido à conturbada relação que a Graziela enfrenta com o namorado, adiamos algumas vezes.

Mas agora que a mesma decidiu terminar essa relação, está disposta de todas as formas possíveis a esquecer esse homem. Os meus tios dizem ser uma ótima ideia viajarmos para nos divertir.

A Graziela demorava a voltar nessa ligação que foi atender, quando cogito a ideia de me levantar para ir ter com ela.

Os meus olhos a encontraram, quando voltava passando entre as mesas dispostas na sala do restaurante.

Chegando à mesa consegui notar que o seu ânimo havia mudado não a questionei.

Continuamos o almoço de forma tranquila, terminamos e despedimo-nos dos meus tios com promessas que voltaríamos a nos juntar novamente após a nossa viagem de férias a Veneza. O Alessandro e o seu amigo, já foram faz uma hora já.

Não tenho um carro, estava de carona no carro de Graziela um Ford Ranger XL Cabine Simples 2.2 Diesel MT 4×4. Muito lindo que lhe foi dado de presente, pelos seus pais. Ao chegarmos a casa, ela não me chamou para conversar como de costume, disse-me que estava com dor de cabeça, por isso haveria de ir dormir cedo.

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