CAPÍTULO 11

832 63 4
                                    



Saí da casa de banho em direção ao pequeno closet onde escolhi uma calça jeans, e uma t-shirt branca com detalhes delicados na parte de cima. Calcei um tênis, e passei uma maquilhagem leve.

Quando estava pronta desci para a sala. Saí trancando tudo, caminhei até a estação que não fica muito longe daqui.

O nosso encontro será num parque perto da nossa casa, então vou mesmo caminhar.

A cidade tinha bastante movimentação devido ao dia de feriado, conseguia se perceber o ânimo das pessoas pela ocasião.

O meu telefone começa a tocar, passo a mão no bolso retirando o celular, e vejo na tela que é a minha madrinha que está ligando. Faz alguns meses que não converso com ela.

Ligação On Com Lisa Bonet

— Lembrou que tem uma afilhada viva ainda ? — atende fingindo indignação.

— Sua educação acabou? ou caiu no abismo! — suspirou sorrindo, do outro lado.

Nossa eu amo minha madrinha, ela é uma segunda mãe , para mim assim como a tia Amanda, não tenho muito que reclamar não.

Faz tempo que você não liga para mim, senhorita Bonet. — ela desta quando eu a chamo assim, diz que a faz lembrar do seu ex marido!

— Não testa minha paciência não, Ara. — falou brava. — Sabia que não se cobra aquilo que a gente não faz.

Ela tem toda a razão, não tenho porque reclamar. Ela faz questão sempre de saber como é que eu estou, e a única coisa que eu faço é me isolar de todos, como se eles tivessem alguma culpa sobre os meus problemas.

— Como a senhora está madrinha? Tenho saudades suas, quando volta de viagem? — mudei o rumo da conversa.

— Estou bem meu amor, regresso em quatro meses. — gritou com alguém do outro lado da linha. — Desculpa, estava orientando o pessoal, mas continuando, sei que a senhorita vai fazer uma viagem. Estava programando uma temporada madrinha e afilhada.

Faz uns dois anos que não vejo a minha madrinha pessoalmente, só falamos pelo telefone mesmo.

Quando os meus tios decidiram  morar na Itália, ela sempre fez questão de fazer uma visita, para saber como estou, mas, devido a sua rotina agitada, as visitas foram reduzindo.

— Eu queria muito ver a senhora, mas vou ficar um mês fora. — pensei em Graziela.— Não posso adiar a viagem, e deixar a Graziela na mão, justo agora.

— Estou com um mal pressentimento, sobre a sua viagem, acho que não deveria ir. — pareceu preocupada em suas palavras.

Minha madrinha sempre teve um espírito protetor comigo, desde a morte de meus pais, tem vezes que chega a ser um tanto exagerada, mas sempre dou um jeito de tranquilizá-la.

— Madrinha está tudo bem, não vai acontecer nada de errado. — conheço bem essa sua preocupação excessiva. — Vou fazer o possível de manter sempre contacto.

— Tudo bem meu amor, deve ser coisa da minha cabeça só. — suspirou. — Por favor, não deixe de manter contacto.

— Está bem madrinha, agora preciso desligar, estou saindo de casa. — caminhava pela rua. — Beijos te amo.

— Beijos te amo, meu amor....... desliguei a chamada.

Ligação Off Com Lisa Bonet

Chego já ao local esperado, e não vejo Enrico. Dou uma vistoria por todo local e o avistei um pouco afastado, encostado no seu carro perto de algumas árvores do outro lado da estrada.

A nossa, teve mesmo que se afastar tanto! Não posso gritar por ele, se não vai notar que Graziela não apareceu, e não conseguiria falar com ele, porque nem me daria tempo de explicar. Vou me aproximar dele.

Atravesso a estrada e começo a caminhar lentamente, até ao seu encontro.

Perto observo um homem encostado num carro, olhando na direção onde Enrico estava, e ignorou isso.

— Boa noite Enrico, a Graziela não vem ter hoje ao seu encontro, por isso estou aqui. — falei olhando para ele, que já me lança um olhar de raiva, por ver-me, mas não dou importância e continuo.

— Vou ser a mais curta e objetiva o possível, a Graziela já não o quer, e peço que a deixe em paz. — afirmei.

— Quem você acha que é, para dizer o que eu devo fazer, sua desgraçada. — cospe a suas palavras sujas sobre mim com raiva.

— Não me importo com as suas ofensas desprezíveis, nunca mas verá a minha amiga. — Dei alguns passos para trás. — Se ousar tentar a machucar ou ir atrás dela, eu mesma irei o denunciar para polícia por violência contra mulher. — falei firme sustentando o olhar, sem medo nenhum.

— Vou acabar com a sua vida, sua vadia maldita! Você não sabe com quem lida! — se aproximou de mim e encarou-me sério.

— Não tenho medo das suas ameaças, e só vou lhe lembrar que tenho provas suficientes para apresentar à polícia sobre as suas agressões. — O odeio em seu olhar, é visível.

Realmente tinha sim algumas provas porque sabia que a minha amiga nunca tomaria nenhuma atitude.

Então sempre que ele a agredia eu tirava algumas fotografias dos seus hematomas. Enrico tentou vir para cima de mim, mas fui ágil dando meia volta e comecei a correr.

— Sua vagabunda.... volta aqui.... —  Gritou, correndo atrás de mim.

Olho para trás, ofegante e vejo que o mesmo já não corre até mim, estava parado conversando com o homem que eu havia avistado minutos olhando na sua direção.

O meu coração ficou mais aliviado em saber que já não estava, mas atrás de mim.

Antes de atravessar a estrada, o meu nome é chamado por Enrico, o que me faz olhar novamente para onde o deixei, estava com aquele homem, e sorriu acenando para mim de forma amigável, quando olhei para eles. Esse só pode ser doente, retardado mesmo.

Já estava distante do local e senti-me aliviada. Parece que tudo correu bem, senti-me orgulhosa de mim mesma pela coragem que tive para lidar com a situação, escrevi uma mensagem para Graziela contando, a situação dizendo para ela não se preocupar, por enquanto, com aquele homem.

Caminhava já em direção a casa quando de repente sou atingida de forma inesperada por uma viatura me arremessando ao chão com força e tudo escurece ao meu redor.











Cap ✅✅✅

CONTRAVENTOR Onde histórias criam vida. Descubra agora