CAPÍTULO 17

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LUPUS MAZZARELLA EIGEIR


Termino o que tenho que fazer, por aqui e vou para casa. Os meus homens já me aguardam quando deixo o local, tenho um esquema de segurança muito grande, ando sempre armado.

Mesmo comandando a maior parte desse país, preciso sempre estar atento.

Faz anos que essa cidade se tornou o nosso domínio particular. As pessoas aqui têm essa noção, mas preferem fingir que não acontece.

Não existe nada, mas perigoso nesta cidade do que a nossa existência.

Não há nada nesta cidade que escapa do nosso controle, sabemos de tudo. A partir de nascimentos, ate sobre a morte de cada um.

O sistema nos pertence, quem é inteligente sabe muito bem aonde deve passar, para ter proteção.

Aparentemente sou um empresário de sucesso, com ações financeiras nas melhores empresas do mercado atual.

Que representa uma imagem de um homem poderoso, com perspectiva de crescimento sustentável há anos. Uma fachada, que serve para lavagem de dinheiro dos nossos negócios ilícitos.

Em várias ocasiões, sou convidado a participar de encontros sociais, com um monte de corruptos, que nem fazem um esforço para disfarçar, os seus estados deploráveis, de exibição medíocre.

Com a suas conversas proliferas, sobre o quanto estão interessados em futuros negócios, e leviandade com todo tipo de mulher.

Desde os meus dez anos, já sabia quem era a minha família. Sou o único filho dos meus pais.

Não sou fruto de uma relacionamento feliz. O meu pai o grande senhor Matteo Civillini Mazzarella, era homem totalmente desprezível.

A sua crueldade, o fez ser um homem muito temido, em qualquer lugar onde a máfia Camorra estivesse.

Sendo, mas um dos sucessores, de uma organização criminosa de séculos de existência, nada passava desapercebo nos seus olhos.

Nunca foi um pai para mim, mas sim um mestre. Lembrando-me sempre, de quem eu era filho, e qual seria o meu destino.

A submissão que as pessoas tinham pelo mesmo parecia-me muito doentio. Mas, no fundo, sabia que não passava de temor por suas vidas.

Em uma da suas viagens fora de Itália, por longa temporada visando firmar novos pontos de inserção da máfia. O meu pai conheceu a minha mãe. Uma mulher indefesa, que acabou caindo em braços cruéis.

Ninguém fala sobre como realmente os dois conheceram-se, o meu pai não gostava de ser questionado por isso.

Nem eu tive como saber o que realmente aconteceu. Lembro-me que até aos meus seis anos, eu vivia com a minha mãe e não conhecia o senhor Matteo Civillini Mazzarella.

Mais em um dia houve uma invasão, em nossa casa, e fomos levados por homens armados, para um lugar desconhecido.

A minha mãe estava muito assustada, parecia saber o que acontecia, a todo o momento dizia que me amava muito, e tudo ficaria bem comigo.

Sabia que nada ficaria bem, desde o momento que ela disse que eu ficaria bem, e não se o inclui nas mesmas palavras.

Algo estava errado! A minha mãe foi separada de mim e desde aquele dia, nunca, mais a vê novamente.

Fui levado ao senhor Matteo Civillini Mazzarella, que soube que era meu pai, perguntei onde estava, e sobre a minha mãe, e nada me foi respondido.

Fiz um ato de protesto não comia e bebia nada, a princípio acharam que era só um ato passageiro, de uma criança que foi afastado da mãe.

Quando o meu pai foi informado da minha atitude, não fez absolutamente nada.

Vamos ver ,o quanto vale a vida da sua mãe por sua vida? — Apareceu e disse as essas palavras.

Passou vinte dias, desde o início do meu protesto. O meu corpo já não estava aguentado, para uma criança fragilizada emocionalmente.

A fraqueza no meu corpo era perceptível, a nível extremo. Para uma criança de sete anos, mas não saber onde estava a minha mãe, torna tudo muito pior. A única pessoa que amava profundamente.

Observando o meu estado, Matteo Civillini Mazzarella, mandou que os seus homens torturassem-me, pelo mesmo número de dias que eu fazia o meu protesto.

Que nada me fosse dado nesse tempo, que permanece em dias de fome.

Assim sucedeu por longos vinte dias que achei que morreria. Fui trancado numa sala escura, aonde fui espancado por diversas vezes, em muitas delas ele mesmo o fez.

A partir daquele dia eu comecei a sentir aversão, a conhecer a maldade daquele homem.

Deixavam-me fazer tudo naquela sala, dormia sobre as minhas próprias sujeiras. Até implorei que parassem, e mesmo assim não aconteceu.

Falou-me que aquilo só acabaria quando completasse os exatos vinte dias, que havia feito o protesto, e se eu não fosse forte o suficiente para resistir os dias seriam prolongados.

Suportei os vinte dias, e no dia seguinte fui retirado daquele quarto, e acabei esquecendo a minha mãe.

Lembro de ver o mesmo na porta esperando por mim, enquanto os seus homens carregam-me até ao seu encontro.

Ao ver-me, sorriu ironicamente, e disse saber que eu não decepcionava, parte do seu sangue já carrega nas veias a hostilidade da Camorra.

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