CAPÍTULO 64

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Ara Blanche


A minha noite foi péssima, o rosto daquele homem apareceu inúmeras vezes para atormentar a  minha mente. Estou muito exausta, e com olheiras profundas.

Estou no banheiro  vestindo, após tomar um banho frio, enquanto a enfermeira Helena, está cuidando dos meus pequenos.  Sai do banheiro e a vejo brincando com eles animada. Sento na cama, ouvindo os seus gritinhos de euforia dos bebês. 

— Olhem quem chegou, meus amorzinhos. — Apontou em minha direção. — A mamãe de vocês, não eh.

— Devo admitir que você é ótima com crianças. — Sorri.

— Já escolheu o nome para eles?— Assenti, deslumbra.

—  Aurora e David, são nomes que fazem parte da minha história. 

— Eles são adoráveis, é impossível não gostar. — Passou seu dedo no rosto de Aurora, que sorriu. — Seu rosto está péssimo, está com dificuldade em dormir?— questionou preocupada.— Posso trazer algum sonífero para você. — Arrumou a roupinha de David.

— Está tão visível assim ? — Assentiu em confirmando.— Não é preciso. — Menti.—  Eu vou melhorar, prometo Helena. 

— Não precisa ter receios, Ara. — Passou a mão em seu uniforme hospitalar. — Você está em uma clínica e eu sou enfermeira, a minha função é cuidar dos pacientes!

No dia que o Alessandro disse, que Helena o permitiu entrar com o almoço deliberadamente. Quando fui conversar com ela sobre, descobri que essa clínica também atende alguns integrantes do clã.

O que apavorou-me na hora, mas ela disse que nem tudo pessoal que trabalha aqui sabe. Ela faz parte do grupo restrito que sabe do clã, por isso foi designada pelo Dr.Ernesto para cuidar de mim.

 Ela disse que só autorizou a entrada do Alessandro, porque sabe que ele não faz parte do clã. Pois estava ao meu lado desde o primeiro dia que cheguei. Mas a sua maior pergunta, era o porquê de estar escondida neste quarto, na qual só ela pode entrar livremente. Não sabia responder os seus questionamentos e manteve   quieta.

—  Ara minha menina, que saudades! — Amelie entrou no quarto repentinamente,  correu e abraçou o meu corpo calorosamente.

— Que susto Amelie! — Retribui o seu abraço. — Estou feliz pelo seu regresso.

— A gente precisa conversar. — disse com preocupação.— Antes vou dar um beijo nos meus tesouros.

Desfez o seu abraço, foi até os meus bebês. Só agora vê a  presença do Dr. Ernesto no quarto, os seus braços estavam cruzados, seu olhar era direcionado aos meus filhos.

Amelie segurou eles por um bom tempo. O Dr.Ernesto orientou Helena a levar os meus filhos para passear no jardim da clínica, aquilo deixou-me em alerta, mas fui tranquilizada por Amelie aos poucos.

— Ara, o Salvatore  está à sua procura que nem um louco. — Falou aflita. — António Alleanza, deixou a sua cabeça a prêmio na organização. — Andou de um lado ao outro.—  O  que tudo indica, ele vai assumir o lugar de Lúpus. 

— Amelie, por favor não permita que eles encontrem os meus filhos. — O que importa para mim no momento é a vida dos meus filhos.

— Ara, você precisa sair dessa clínica, o quanto antes. — O Dr. Ernesto falou.

— Eu falei a Salvatore , que você fugiu no dia do incêndio na casa. — Amelie olhou pela janela.—  Mas ele achou muito suspeito ninguém ter a visto.— Estava de costas para mim.— Por isso matou todos os seguranças que estavam na casa naquela dia.—  Fechou as cortinas. — A única pessoa que ele manteve viva sou eu!

— Amélie, você não vê que ele a manteve viva porque desconfia de você!  — O  Dr. Ernesto consternou, andando de um lado para outro nervoso. — Aramis Villard é um caçador audaz, não levará muito tempo para encontrá-la.

—  Aramis Villard…? Mas quem é esse homem Amelie? —  Caminho até onde ela estava.  — Responda Amelie!—  Gritei opressiva.

— Ele é consigliere do clã na França, que está trabalhando com Salvatore. — Desvia o  seu olhar, para o Dr. Ernesto.  — Sempre foi como um irmão para Lúpus,  agora está disposto a cumprir a promessa feita a ele.

Uma tontura me atingiu, apoio minhas mãos no pequeno sofá. 

— Você está bem? — O Dr. Ernesto segurou meus ombros, Amelie aproximou  preocupada.

— O que eu faço agora …!— Penso na possibilidade deles encontrarem.—  Eu não sei o que fazer. — Não suportei segurar as lágrimas. — Os  meus filhos estão em perigo, a minha família está em perigo, eu sou a culpada!

— Você não tem culpa nenhuma. — Amelie repreendeu minhas palavras. 

— Sim, eu sou a culpada! Eu sou a obsessão de Lúpus Mazzarella mesmo depois de sua morte. —  Afastei o meu corpo, os encarando com lágrimas. — Negue para mim, diz que não! Olha para mim fala que estou enganada.

O seu silêncio, é a confirmação que eu esperava. Não importa o quanto eu lute, mesmo morto esse homem vai atormentar a minha vida. Em ataque de raiva, derrubo objetos no quarto descontroladamente, os meus olhos estão nublados por lágrimas. 

Estou destruída por dentro e por fora. A minha cabeça dói,  minha cintura é enlaçada por braços fortes que apertam com firmeza.

— Para, você vai se machucar. — Aquela voz. — Estou aqui com você! Por favor, esteja calma. — Alessandro.

— Não deixa-me, por favor. — Ele virou meu corpo abraçando forte.

— Você nunca mais sairá dos meus braços. — Sussurrou beijando minha cabeça.

— Quem o permitiu entrar? — Amelie, falou amolada.

— Amelie se faz  favor, esse não é o momento oportuno para suas consternações! — Repreendeu o Dr. Ernesto.

— O que está acontecendo? — Alessandro os encarou. — Por que Ara, estava destruindo tudo? — Intensificou o seu aperto em mim.  — Enquanto vocês continuam observando, sem fazer nada!

— Alessandro, você pode levar Ara e os bebês para sua casa por um tempo?

— Ernesto , mas o que isso? — Amelie expressou incrédula.

— Eu já disse que não é o momento de suas consternações Amelie!— Passou a mão em seus cabelos. — Além disso, eu tenho a certeza, que a casa de Alessandro é o local mais seguro no momento, ninguém nunca achará Ara por lá.

— Do que está falando Dr.? De quem a  Ara está fugindo ? — Falou preocupado.

— Alessandro, este não é o momento oportuno para conversarmos. — Dr. Ernesto suspirou cansado. — Eu sei que vai cuidar muito bem dela, é o suficiente para nós, não é Amelie?

— Estou de acordo com Ernesto, mesmo achando essa ideia absurda. — Ela definitivamente não gosta de Alessandro.

— As portas de minha casa sempre estarão abertas para a Ara. — Respondeu sutil. — Tudo bem para você ficar em minha casa? — Assenti em concordando.

 — Então está tudo acertado , Ara vai ficar um tempo na casa de Alessandro até apaziguar a situação. — O Dr. Ernesto pareceu satisfeito.

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