CAPÍTULO 52

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Lupus Mazzarella Eiger

— O que você irá fazer, Mazzarella? — Aramis pergunta olhando para mim.

Não só ele, como outros que estão presentes, olham para mim esperando a minha resposta.

Há seis meses que estou fora da Itália. Já estive na República Dominicana, o primeiro lugar que fiz um pente fino. Embarquei também para Bolivia, Uruguai, Brasil e o Peru.

Faz uma semana que estou em França. O nosso clã é conhecido por ser ativo em França, um palco de grandes negociações com criminosos em grande parte da Europa.

Nesse momento estou em um de meus hotéis, onde é localizada a sede da máfia. Eu uso o ramo de hotelaria como fachada para lavagem de dinheiro, não só o meu, como a de muitos empresários e políticos locais corruptos.

Hoje descobri que um dos meus associados roubou uma tonelada do meu ouro. Eu ainda não sei quem foi, mas tenho a plena certeza que os Alleanza estão envolvidos. Antonio Alleanza vai sofrer muito em minhas mãos.

Ninguém vai trair-me e ficar vivo para contar história.
Diante de mim encontram-se alguns importantes associados da Máfia. Eles pretendem saber o que eu farei para encontrar o idiota que tem roubado.

— Eu irei encontrar o desgraçado e as consequências por sua traição serão severas. — Esbravejo com raiva olhando a todos presentes.

Não aceito traição dentro do clã. Porém nos últimos meses venho sofrendo muitos golpes, o castigo do traidor é a decapitação, mas esse sofrerá mais, porque eu serei o homem a decapitá-lo. Mas primeiro eu irei tortura-lo na frente de todos.
Será como um alerta para quem pensar em me trair.

— No clã a traição deve ser paga com sangue. — Aramis fala batendo palmas e todos os homens concordam.

Bernard, o pai de Aramis é consiglieri na máfia aqui em França. Ele faz parte do clã há muito tempo, bem antes de eu nascer.

Ele é um homem de confiança, assim como o seu filho, Nessa sala eu só confio nesses dois homens, porque os restantes são abutres. Estão loucos para me ver cair, para ocupar o meu lugar. Acham que sou idiota.
Tenho pena deles por acharem isso de mim.

— Já que resolvemos isso, todos queremos saber quando o Mazzarella irá casar e dará um herdeiro para o clã? — Hervé, pergunta e todos olham para mim.

— Sabemos que veio acompanhado, pela Giovanna Calderone, ela é a sua escolhida? — Louis, se pronunciou acendendo seu cigarro, velho moribundo!

Velhos desgraçados, sei muito bem de suas intenções. Querem que eu case com uma das suas filhas, mas vão cair do cavalo se acham que um dia isso irá acontecer.

As filhas deles são lindas, não posso negar, mas são jovens e sonhadoras, querem um marido para amá-las, como se existisse amor no nosso mundo.

Tudo não passa de negócios, nada além disso.

— Eu também quero saber Lupus, o clã precisa de um herdeiro para quando você morrer, ele ficará responsável por ela, uma vez que se não tem irmãos. — Jean, filho de Hervé, fala com um sorriso no rosto.

Não posso negar que ele está certo nos dois aspectos. Mas eu não preciso preocupar-me em ter um herdeiro para cuidar do clã, porque eu não irei morrer tão cedo. Se esse filho de uma puta pensa que isso irá acontecer, ele está muito enganado.

— Vou me casar, Salvatore já está tratando de tudo para mim. E pode ficar tranquilo que não irei morrer tão cedo. — Falo encarando Jean.
Ele sorri perverso olhando para mim, e eu retribuo o seu sorriso.

Porque se ele acha que é perverso, ainda não conheceu a minha fúria.
Não quero casar, mesmo que seja apenas por conveniência.

A única mulher com que aparece em meus pensamentos, é proibida para o clã, não posso casar com Ara Blanche, ela não tem o sangue do clã em suas veias, isso seria uma traição.

— Faz muito bem, a esposa é a estrutura do homem, e o herdeiro é a continuação da linhagem. —Aramis fala olhando para mim.

Eu sei que eles estão certos, que o chefe da Máfia tem que casar e ter um herdeiro, mas eu realmente não quero, isso não está nos meus planos.

— Já falei, que irei casar, estou escolhendo uma esposa dentro do clã. — Retorno a falar.

A imagem de Ara Blanche invade minha mente. O gosto de seus lábios suaves, a maciez de sua pele, sua inocência evidente em seu comportamento. Seus olhos reflexivos.

Lembro-me quando tive a última vez em meus braços, sua entrega ao nosso desejo carnal. Maldita está me enlouquecendo!

— Eu sou associado ao clã há muito tempo, e também fui amigo do seu pai. E antes de você nascer, prometi uma de minhas filhas ao futuro chefe do clã Mazzarella. Minha filha Emily do meio está solteira. — Hervé fala chamando atenção de todos.

— Onde você quer chegar com isso? — questiono fingindo desentendimento.

— Eu quero que case com a minha filha, ela é sua por direito.

Dou risada olhando para face de Hervé se ele pensa que isso irá acontecer. Jamais casarei com Emily, e além disso é uma menina ainda.

— Eu não irei me casar com sua filha. — Olho para ele. — Já falei para você que isso não vai acontecer, e se alguém insistir nisso, eu irei estourar os miolos de cada um que questionar a minha decisão. — Falo pegando a minha arma de ouro e colocando em cima da mesa.

Eu nunca suportei esse homem, nem mesmo quando meu pai era vivo. Sempre que Hervé ia em casa, ele ficava o tempo inteiro me bajulando só porque sabia que eu seria o chefe do clã.

Odeio pessoas bajuladoras, elas são falsas e traidoras.

— Você não pode fazer uma desfeita dessa com o meu pai, se fizer isso jogará o nome da minha irmã no lixo! — Jean fala pondo-se em pé encarando-me com raiva.

Ele quer morrer, só pode. Para me enfrentar dessa forma, acho que ele esqueceu quem manda aqui.

— Eu posso e já fiz! Se você ou seu pai insistir nisso, as coisas ficarão feias para o lado de vocês. — Falo me aproximando de si já alterado.

— Ok, entendemos. Não iremos insistir mais nesse assunto. — Hervé fala olhando para mim, está nítido em sua face a raiva que o mesmo está sentido.

— Já que resolvemos esse assunto, o que acham de irmos para " Only the brain" ? essa reunião deixou-me tenso. — Aramis tenta amenizar o ambiente.

Saio daquela reunião mais estressado do que quando entrei. Estou segurando-me muito para não voltar a Nápoles e enterrar-me na mulher, que tem ocupado meus sonhos todas as noites.

Estou evitando ter qualquer notícia sua para , não alimentar o sentimento possessivo que há dentro de mim.

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