CAPÍTULO 55

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ARA BLANCHE


As palavras que pronunciei afetam Amelie. Confesso que nem eu estou me reconhecendo, sei que deve ser difícil para ela receber uma notícia assim. Mas, não vou fingir empatia por aquele homem, que despertou tanta dor em mim.

— Sei que está sendo um momento difícil para você. — Direcionei meu olhar para a fotografia em suas mãos, presumo que seja ele. — Mas, devo confessar que essa notícia trouxe esperança para mim, pois vou finalmente ter a minha liberdade.

— Não Ara você... — Suspirou. — Você não tem noção das consequências que a morte de Lúpus acarreta. — Levanta e vai em direção a porta e tranca.

— Amélie, você não vai impedir-me de sair desta casa. — Fiquei nervosa com sua atitude. — Não ouse, tentar ser uma barreira contra minha liberdade.

— Você não entende, pense na segurança de seus filhos. — não entendi onde ela queria chegar com essa conversa. — Agora que Lupus morreu alguém vai assumir o seu lugar, e tenho a certeza que será alguém da família Alleanza.

Quando Amelie proferiu esse nome, jm arrepio passe pelo meu corpo, fazendo-me recordar daquele fatídico dia. Por pouco não fui estuprada por aquele homem, só de lembrar das suas mãos asquerosas em mim, me trazem náuseas.

— O que isso tem haver com minha liberdade? — questiono opressiva, só de imaginar cair nas mãos de um outro homem como Lúpus, me apavora.

— Com a morte de Lúpus, você estará vulnerável , e quando eles descobrirem que você carrega os futuros herdeiros do clã. — abraço minha barriga em forma de proteção. — Será feita uma caçada para extinguir toda linhagem Mazzarella, para que no futuro os seus interesses não sejam ameaçados.

— Ninguém vai tirar os meus filhos de mim, não vou permitir. — sinto lágrimas escorrerem pelo meu rosto.

— Por favor, se acalme! Vou lhe ajudar, vamos nos apressar em esconder você, antes que eles tomem essa casa e a encontrem aqui. — sentou ao meu lado.

— Estou com medo, esses homens são perigosos e nós estamos desvantagem. — sente um desconforto no baixo ventre.

— Não vou deixar que a história volte a repetir-se, não cuidei de Lúpus — sua voz é sôfrega. — Mas, protegerei você e esses bebês, eu prometo.

— O que você tanto esconde Amelie, por favor diz-me que tem tanto medo. — a incentivo a falar. — Preciso confiar em você sem receios, mas para isso preciso saber da verdade.

Apesar de sua dor pela morte de Lúpus, não tenho pressentimento nada bom. Amelie é uma mulher fragmentada, e esconde muitos segredos relacionados a essa máfia, não sei como ela entrou nisso, se já matou pessoas inocentes ou fez coisas piores, preciso descobrir o que essa mulher está escondendo.

— O meu pai era um homem muito violento, descontava a raiva em minha mãe e em mim como na minha irmã. — falou como se estivesse revivendo tudo. — Ele fazia parte da máfia, era muito ambicioso e controlador. Não sei ao certo o que aconteceu, mas lembro que eu e minha irmã Aurora, havíamos completado dezasseis anos, e mamãe naquele dia preparou um jantar em família, pois não gostava muito de festas.

Escuto tudo com atenção, não sabia que Amelie, tinha uma irmã, ela nunca falou sobre isso pelo tempo que estou aqui, muito menos recebeu alguma visita ou avisou que visitaria algum parente próximo.

— Naquele dia eu estava muito feliz, pois faltariam dois anos para que pudesse casar com o amor da minha vida.— seu corpo tenciona, enquanto falava. — Apesar disso, aquela noite foi o início da destruição da nossa família por completo. — foi em direção a sua cabeceira e abriu a primeira gaveta retirando um livro, abriu e tirou algumas fotografias antigas. — O jantar estava a correr muito bem, nesse dia papai até estava mais alegre, comprou carros tanto para mim como para Aurora, pois éramos gêmeas. — me entregou uma fotografia onde havia duas meninas morenas totalmente idênticas, me espanto vendo semelhanças entre as duas.

— A campainha tocou, estranhamos pois não esperávamos visitas naquela hora. Um dos empregados foi abrir, após alguns minutos, um homem que desconhecia entrou na sala de jantar acompanhado por outros homens armados, com um sorriso no rosto.


Memórias Amelie Mancini Off .

— Agradeceram ao vosso pai pelo carro? — A mãe, pergunta olhando para mim e Aurora.

— Suas filhas são umas ingratas, sei que na primeira oportunidade vão abandonar a gente. — Papai fala rude.

— Dentro em breve uma delas vai ser esposa de um dos Alleanza, e outra bom, foge homem como diabo foge da cruz.

— Tommaso não fala assim de suas filhas. — minha mãe defende. — Se um pai mal dizer de seus filhos, quem poderá os bendizer...?

— Alice cale a boca e volte a comer. — Bateu a mão na mesa. — Não volte a contradizer-me na frente de nossas filhas.

Mãe calou e abaixou a cabeça voltando a comer, sempre é assim. Papai é um homem mau, eu e Aurora calamos diante de toda situação, porque depois acabava sobrando para nós, papai detestava ser contrariado.

Ainda bem que o meu Antônio é diferente, não vejo a hora de casar com ele, para poder sair dessa casa, sei que Aurora ficará triste com minha partida, mas não aguento mais as agressões de papai.

— Está esperando alguém , Alice para o jantar? — papai questiona afoito, quando ouvimos o som da campainha.

— Não Tommaso, o jantar que preparei para meninas, é só entre família. — réplica tranquila.

— Pode ser aquele moleque dos Alleanza. — Ele olha duro para mim. — Você por acaso chamou, o seu noivinho para o jantar Amelie ? — Jogou à taça no chão, estrelhaçando. — Sem o meu consentimento?

— Não papai. — encolhe meu corpo na cadeira. — Eu juro que não o
chamei-o. — Aurora segurou as minhas mãos, pelo medo.

— Eu não gosto quando sou desobedecido. — Ele fecha os punhos.— Só aceitei você casar com esse moleque, porque ele faz parte do clã, e os seus pais pediram a sua mão. — Disse ríspido. — Se eu descobrir que você vê ele escondido de mim, eu vou matá-la com às minhas próprias mãos.

Meu corpo tremeu de medo, eu não vejo o Antônio escondido. A gente apenas nos vemos em eventos da máfia é sempre sobre a supervisão dos seguranças ou de nossos pais.

Espero que não seja ele, pois a última vez que eu vi, implorei que não cometesse uma loucura por minha causa.

Estávamos todos inquietos para saber quem é o convidado inesperado.

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