Ara Blanche
A semelhança dos meus filhos com o pai ainda é imperceptível. Espero que não pareçam em nada com aquele homem, e não pretendo que saibam sobre ele. Observo eles dormindo depois de amamentá-los.
Passou uma semana , e muita coisa aconteceu. O que me deixou feliz foi ter os meus pequenos aqui comigo no quarto. Agora posso os ver, a todo instante. O Salvatore já está na cidade de Nápoles. Para não levantar suspeitas Amelie foi encontrá-lo.
O medo que não sentia a meses, voltou de novo. Meu Deus! Quando vai terminar esse pesadelo em minha vida. Justo agora que aquele homem morreu.
Depois de sermos flagrados no quarto aos beijos, pelo Dr.Ernesto, o Alessandro nunca mais apareceu na clínica. Aquele beijo despertou em mim sensações que estavam adormecidas.
— Não acha que deveria estar descansando a uma hora dessa.— Assustei-me com aquela voz. — Se acalme, sou eu.
— Dr.Ernesto! — Dei um Sobressalto. — O senhor estava prestes a provocar um enfarte em mim.
— Não pretendia assustá-la.— Sorriu. — A senhorita estava inerte em seus pensamentos. — Sentou no pequeno sofá do quarto.
— Por que está aqui nesse horário? — reclamo.
Mesmo sabendo que ele é parte do clã, eu não tenho medo de sua presença. Pelo simples motivo de saber, que está protegendo a vida dos meus filhos e a minha.
— Amelie apelou que viesse. — Sentei-me na cama. — Ela não poderá aparecer hoje. — Suspirou cansado.
— Eu deveria odiar o senhor, por fazer parte do clã.— Confessei e sua expressão facial mudou.— Porém, não posso. — Cruzei os braços sobre o peito. — O senhor salvou minha vida e a dos meus filhos, eu sou grata por tudo.
— Não se escolhe o destino Ara.— Olhou para mim com pesar.— Imagino como sofreu ao lado de Lúpus Mazzarella.— Junto minhas mãos pelo nervosismo.— Gostaria de apagar o seu passado , mas não posso.
Suas palavras me atingem em cheio, e seguro as lágrimas para não chorar.
— Eu faço parte do clã, não por escolha minha. — Estreitou os seus olhos. — Mais sim pela minha linhagem.— levantou e caminhou até a incubadora onde os meus filhos dormiam. — O clã não aceita traição , e não há perdão para um traidor.
— O que o senhor quer dizer….?
— Você é a segunda traição que eu fiz contra o clã.— A sua voz estava carregada de dor. — Neste momento , eu tenho sob o meu controle duas peças chaves para o clã. — Meu corpo arrepiou. — A protegida e os herdeiros de Lúpus Mazzarella.
Não…não, ele não fez uma coisa dessas. Ele não me entregaria para aqueles monstros. Fiz menção de levantar , mas ele balançou a cabeça em reprovação.
— Não se preocupe. — Passou a mão em seu cabelo grisalho. — Eu não fiz o que está pensando.— Sorriu sem humor.— Você me faz lembrar ela!
— Ela quem…?— falo confusa. — Do que está falando ?
— Aurora.— A irmã de Amélie, lembrei.— O amor doentio de Matteo Mazzarella a destruiu, só a morte poderia separar eles, assim como você e o Lupus.— Ele tentou segurar minhas mãos e eu afastei.
— Mesmo depois de morto, aquele homem atormenta minha vida.
— Você está apaixonada por aquele homem?— Afastou-se. — Que vê beijando?
— Eu o amo, Dr. Ernesto.— Confesso. — Desde o primeiro dia que os nossos olhares cruzaram. — O meu coração pertence ao Alessandro, eu não posso negar.
Ele não disse nada depois de minha confissão, sorriu incrédulo. Levantou e caminhou até a pequena mesa e serviu um copo com água e entregou para mim.
— Já escolheu o nome para seus filhos ? — Neguei.— Será que posso dar-lhe uma sugestão?
— Esteja à vontade.
— Aurora….O nome de sua filha. — Abriu a porta do quarto. — Não importa onde ela esteja, sei que estará feliz com a homenagem, tenha uma boa noite, senhorita Blanche. — Fechou a porta do quarto partindo.
Aurora…Aurora, seu nome é delicado, e parece que ela foi muito importante na vida de todos, até de Lúpus que morreu achando ser sua verdadeira mãe. O nome da minha filha será Aurora. Seguro sua mão pequena, ela dorme sossegada.
— Minha Aurora… você é tão linda. — Sussurro sorrindo.
Seu irmão desperta, e resmunga abrindo os seus olhos, fazendo carinha de choro. O aconchego em meus braços rapidamente , antes que comece a chorar e desperte sua irmã.
— Quem é o bebê lindo da mamãe.— Faço movimentos para o acalmar.
— Não tenha ciúmes. — Depositei um beijo em sua bochecha.— A mamãe vai escolher um nome lindo para você. — Resmungou ainda , sentei e comecei a amamentá-lo.
Suas mãos estão agarradas a minha blusa. A sensação pode parecer estranha e remota. Os meus mamilos estão doloridos, mas o vínculo com o meu filho é maravilhoso.
— O seu nome será David, assim como seu avô.— Seus olhos estão fixados em mim.
Minha madrinha provavelmente surtaria. Por saber que agora sou mãe. Tenho saudades de casa, de Liam, Graziella e os meus tios, principalmente de minha madrinha.
Anseio que esse inferno acabe. Não aguento viver com medo, eu quero a minha liberdade de volta. Os meus filhos não merecem passar por tudo isso, por culpa daquele homem.
Caminho até a incubadora, repousando o David que já estava dormindo. Observo eles, e penso que o Lúpus seria capaz de matar seus próprios filhos, por não ser desejado.
Automaticamente os meus filhos são bastardos, em uma situação comum eles não são um perigo para máfia. O único problema é o facto do desgraçado, não ter deixado um outro herdeiro. Os meus filhos são os últimos com o sangue Mazzarella nas veias. Não posso permitir que os meus filhos sofram.
Entro no banheiro apreensiva, e vejo o meu reflexo no espelho. Meu rosto está pálido e meu corpo magro. Meus mamilos inchados, faz um ano que vive todo terror.
Ainda sinto o toque áspero de Lúpus no meu corpo. Seus toques foram marcas profundas em mim. Ele trouxe é o culpado de tudo. Por sua causa, eu sou uma assassina, a morte daquele homem provoca em mim pesadelos todas as noites.
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CONTRAVENTOR
RomanceAra Couts Blanche, perdeu os seus pais muito nova. Os seus pais foram assassinados. O culpado não foi encontrado. Foi abrigada a viver com os seus tios. Depois de alguns anos, os seus tios decidem mudar da sua cidade natal, para viver em Nápoles. ...