CAPÍTULO 46

588 67 10
                                    




ARA BLANCHE

Recompôs o meu vestido, ajeitando o cabelo logo em seguida. Removi o batom borrado.

Acredito que já havia passado os vinte minutos. Mas, à vergonha estampada no meu rosto é inegável.

Suspiro mais uma vez, observando o meu reflexo. Acho que ninguém vai perceber que acabou de acontecer.

Só preciso seguir as instruções de, Ophelia. Desejando que essa noite termina logo. Estou sentindo-me um pouco exausta. Não sou acostumada a usar saltos com muita frequência, é muito menos frequentar ambientes como estes.

O pior de tudo é eu provavelmente acharia magnífico, se não estivesse aqui contra minha vontade.

As orientações de Ophelia, eram sobre como devo me comportar. Por dois motivos: O primeiro é para não cometer uma loucura, tentando fugir ou chamar atenção de outras pessoas.

A segunda era sobre, etiqueta, falar pouco e evitar contato visual, e nunca me afastar de, Lúpus pois o deixaria furioso.

— Droga, preciso voltar ao salão principal. — Suspiro atordoada.

Percebi que já estava a um bom tempo imersa em meus pensamentos, apresso-me antes que aquele homem venha até mim.

Destravo à porta saindo daquele cômodo. Ando pelo extenso corredor, seguindo o som da música.

Meus passos são interrompidos, quando uma mão pesa o meu braço, virando o meu corpo em sua direção.

— Mas o q-que é...

Travo ao notar o homem de grande porte segurando o meu braço com uma certa pressão. Por cima do seu ombro, consigo ver a mulher que reconhece de imediato, no dia do jantar, o seu nome é Chloe, se não estiver errada.

— Olha só o que temos aqui. — sorriu com desdém. — Não acredito, que o Lúpus teve a coragem de vir acompanhado, com um ser tão insignificante como você. — Cuspiu as palavras com desprezo.

— Por favor me solte, que acha que está fazendo! — Faço movimento, para soltar-me do homem, mas é quase impossível.

— Shiu, caladinha sua vagabunda de quinta. — Ela puxa o meu cabelo, com brusquidão, solto um gemido de dor.

— Me solte, sua desgraçada. — Com a minha mão livre acerto o seu rosto.

Não sei ao certo de onde veio à minha coragem, mas, já estava cansada de sempre ser humilhada, por pessoas iguais a ela.

— Você me bateu. — Tocou seu nariz, estava vermelho. — Sua vagabunda, eu vou acabar como você. — O tapa veio certeiro em meu rosto. — André traga essa vagabunda.

— Solta-me, seu agora...

O homem começou a puxar o meu corpo na direção oposta do salão principal, quando comecei a gritar ele tapou à minha boca com suas mãos fortes abafando os meus gritos.

Passamos por uma porta dos fundos, enquanto debatia-me para sair do seu aperto. Tropecei os meus pés quando senti o contato com a relva úmida.

Estávamos nos afastando muito do salão principal, eu temia o que aquela mulher pretendia fazer.

Os olhos enxergam um estábulo, ela estava levando-me para um estábulo. O lugar estava silêncio, havia vários cavalos no lugar.

— Você sabia que essa propriedade é do meu pai? — Sorriu triunfante.

Moveu  o seu corpo com os braços abertos, como se estivesse apresentando o lugar.

— Ele a trouxe em meu território, e achou mesmo que eu deixaria barato à sua humilhação. — Não compreendia, o que ela estava dizendo. — No princípio eu achava que era apenas uma transa casual para ele. — Ódio em suas íris é evidente. — Mas, quando eu o vi , entrando com você para o jantar beneficente para pessoas da alta sociedade, eu odeie mais do que imagina.

Os seus passos são direcionados a mim. Suas mãos vão de encontro ao meu pescoço arrancando o meu colar, jogando ao chão.

— Você não é digna de usar uma joia tão bela. — Sussurrou. — Muito menos um vestido tão caro.

Distanciou-se buscando algum objeto pontiagudo. Começou a sorrir como uma louca. Alcançou o que tanto procurava. Meu corpo estremeceu, quando ela rasgou meu vestido sem reservas.

— André amarra ela na salinha. — Jogou o tecido no chão o pisoteando. — Não quero perder mais , o meu precioso tempo, com essa mulherzinha.

Fui arrastada até uma pequena sala, e amarrada em uma cadeira. Estava apenas de roupas íntimas.

— Eu não tenho nada com aquele homem. — Falei em prantos. — Por favor, deixe-me ir.

— Mentirosa, ordinária. — Apertou o meu braço. — Mulheres como você, apenas servem para ser amantes.

Ela está me punindo por causa dele. Está me culpando por ele a ter rejeitado. Quando não é ele me machucando, outras pessoas me machucam por causa dele, eu odeio todos eles por isso.

— Você é louca, como pode estar fazendo tudo isso por causa de um homem com aquele.

— Cala a boca sua vagabunda. — Gritou histérica. — Sabe qual é a melhor parte de tudo? — Não responde. — Responde, quando eu estiver falando sua vagabunda. — Outro tapa certeiro veio em meu rosto.

— N-não , não sei. — Digo temendo sua resposta.

— O meu pai é um grande amante da vida selvagem. — Suspirou fundo. — Eu vou lhe apresentar, um pouco sobre seus gostos, aposto que vai adorar.

Meus sentidos afloram, e medo estava me consumindo. O que essa mulher pretende fazer comigo.

O homem que ela chama por André, traz em suas mãos um balde de água e na outra uma caixa selada.

Meu corpo arrepiou, quando ela jogou o balde de água fria em mim.

— Bom , eu fui muito bem educada. — Estalou sua língua. — Sei muito bem cumprir com minhas promessas. — Balançou a caixa em sua mãos. — Espero que você aproveite o bastante sua estadia por aqui.

Entregou a caixa ao homem do seu lado, e deu às costas saindo do cômodo.

O homem abriu a caixa, à jogou no chão e afastou-se rapidamente. Quando vê a serpente marrom rastejando fora da caixa, o meu coração parou.

— Por favor tira-me daqui. — Soluços involuntários brotaram entre meus lábios. — Eu imploro, afaste esse animal de mim.

O homem simples saio pela porta, e a luz do cômodo foi apagada. Estremeci, não conseguia ver nada, não sabia se aquele animal, estava perto ou longe de mim.

Fechei os meus olhos com força, chorando silenciosamente, eu sentia que aquele era o meu fim.

CONTRAVENTOR Onde histórias criam vida. Descubra agora