CAPÍTULO 49

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ARA BLANCHE

Nos últimos dias, venho controlando o fluxo desta casa. Os seguranças mal entram por aqui, na casa grande.

Descobri que há uma área reservada, que também parece uma casa, aonde eles vivem. Os seus turnos são por escala, por isso fica difícil passar por eles, estão sempre muito atentos.

Algumas vezes tentava arduamente puxar assunto com alguns deles, mas sem sucesso. Eles nem olham para minha cara. Estão sempre de cara fechada, o que torna difícil os  enganar.

Desde o meu regresso, ter contado tudo o que aconteceu naquela viagem a Grécia. Amelie, está mais atenciosa em relação a mim. Conversamos bastante nos últimos dias.

Confesso que no princípio a odiava, mas agora tenho pensado que vou ter saudades suas.  Pois essa vai ser a única oportunidade para minha liberdade, já que o Lúpus não está aqui. Devo fazer o impossível para fugir deste lugar o quanto antes.

— O que acha de passarmos a tarde no jardim? — suas mãos tocam em meus ombros — Está me ouvindo?

— Desculpa estava distraída. — Limpo as mãos, com o pano de loiça. — Obrigada pelo convite, mas vou recusar.

— Tenho achado ultimamente um pouco estranha.— retrocede seus passos e mexe na panela. — Está muito desatenta  com as coisas.

— Acho que é impressão sua. — defendo- me. — O que está cozinhando para o almoço?

Desconversei para não ter que mentir, os meus sentimentos estão uma confusão, à minha mente está confusa com tudo que aconteceu.

Seu olhar foi de repreensão por estar a fugir do assunto. Amelie sabe o que aconteceu, porém não toca no assunto como se soubesse que vai me ferir falar, o que aquele homem tem feito comigo.

Terminei de limpar os pratos, estava exausta o dia estava muito quente. Serve um copo de água, e tomei por completo.

Apreciava Amelie cantando em uma voz inaudível, enquanto mexia na panela. Raro era a ver desse jeito, alguma coisa me diz que essa mulher é fragmentada.

— Ara por favor, passa- me a tigela de anchovas.

Assenti, caminhei pela ilha da cozinha e peguei a tigela. O cheiro subiu em minhas narinas e não aguentei, deixando a tigela cair ao chão. Corri até ao banheiro próximo e debrucei no vaso vomitando tudo. Amelie entrou e segurou meus cabelos, meu estômago chegava a doer. 

Levantei com as pernas doloridas, lavei o rosto e sequei. Amelie não dizia nada por incrível que pareça. Que estranho! Voltamos à cozinha, deu-me um copo com água e sugeriu que fosse descansar.

Não me opus, realmente estava precisando descansar, parece que o mal estar piorava. Deve ser alguma coisa que comi, ou uma intoxicação alimentar. Fui ao meu quarto, sentei na cama passando as mãos pelo rosto suspirando. Retirei os sapatos e me aconcheguei , após alguns minutos pensando na minha vida adormeço.

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Acorda Ara...Está me ouvindo

Meu ombro foi  balançando levemente, ouvia uma voz suave, parecida a de minha mãe. Abri meus olhos , encontrei Amelie agachada ao lado da cama, espreguicei sentando-me

—  Nossa acho que passou um caminhão em mim—  bocejei tapando os lábios.

—  Parece que alguém estava mesmo precisando de um descanso hein. — sorriu levantando-se e me encarando em seguida.

— Acho que dormi demais! — Minha boca está seca. — Por que não me acordou antes? — Questionei levantando, calçando os sapatos, para continuar o trabalho que estava fazendo.

—  Aonde pensa que vai, com tanta pressa? São sete horas da noite. —  me apavorei. —  Até tentei despertar antes, porém murmuravas em protesto ao ponto de e desistir. — Agora a senhorita precisa comer alguma coisa, tomar um banho e  encontrar-me no jardim.— Não protesto.

Segui até ao banheiro e liguei entrando no box. Desde a viagem do Lúpus, há um mês. Na manhã seguinte, após mais uma vez eu ter cedido aos desejos carnais com aquele homem, acordei sozinha naquele quarto de hotel.

Senti-me mais uma vez usada. Por que era para isso que eu servia a ele. Um simples objeto de uso, para seus desejos. Fui informada que precisava me arrumar pois voltaria para Nápoles.

Confesso que fiquei mais sossegada pois queria sair daquele lugar o mais rápido possível, ainda sentia agonia, só de lembrar o que aquela mulher fez comigo.

Nem dei-me o trabalho de perguntar aonde estava aquele homem, pois o que mais quero dele é distância.

Amelie parece visivelmente desafogando para fazer coisas estritamente proibidas, quando está ele estava presente. Como essa ideia agora de comer no jardim.

Após o meu banho vesti uma roupa confortável, calcei minhas chinelas. Caminho até ao jardim, observando que a noite está muito linda, o céu cheio de estrelas. A lua fazendo seu contraste maravilhoso. Até dá uma sensação de  paz e segurança!

A mesa maravilhosamente servida, com pratos que gosto muito. Olho para Amelie em questionamento, nossa pra que tudo isso! Se a intenção dela é agradar-me, posso confessar que está conseguindo.

Sento na cadeira  sem cerimônias e começo a servir. Nossa que delicia, meu estômago clama por mais, enquanto como de tudo um pouco do que estava naquela mesa.

Quem vê de longe acharia que estou passando dias com fome. A visto alguns seguranças ao fundo do jardim fazendo rondas.

— Amelie se está querendo me agradar. — Olho curiosa. — Por que hein? é meu aniversário e eu não sei?. — Ela solta um sorriso de satisfação.

— Sabia que acordaria com fome, não fiz mais do que a minha obrigação.—Concordei balançando  a cabeça, fazendo pouco caso.

— Ara, precisamos conversar, mas preciso que seja sincera comigo. — Remexeu-se no seu assento.

— Pode falar Amelie, o que foi? — Digo prestando atenção em si.

— Quando foi a sua última menstruação? — congelei na hora, não pode ser o que estou pensando

— Porque está me questionando isso? — Falo um pouco alto. — Esqueceu que você deu-me o remedinho da prevenção? — Finge um sorriso, para não demonstrar o quanto sua pergunta me abalou.

— Não esqueci, mas entreguei na primeira vez que ele forçou você a ter relações. — suspirou. — As outras vezes você não pediu a pílula.— Minha respiração estava irregular.

— Não Amelie não. — Levantei andando de um lado para outro.

— Por favor, eu não posso estar grávida desse homem. — Sussurro mas para mim, do que a ela.

— Por favor, se acalme! — fala cautelosa. — Para não chamar atenção dos seguranças. — Observou ao nosso arredor. — Comprei um teste de farmácia, quando você estava descansando. Vamos esclarecer essa dúvida.— concluiu.

— Se fosse uma dúvida, você não olharia desse jeito para mim. — lágrimas formavam-se  meus olhos.

— Venha não se alarme por uma incerteza, tudo vai se resolver.

Segurou em meus braços, e andamos até a casa principal. Entramos em seu quarto, e vejo uma sacola de farmácia  em sua cama, que provavelmente seria o teste.

Minhas mãos suavam, e meu coração erra algumas  batidas. Amelie pegou  a sacola e retirou três testes. Segui para o banheiro, sem antes de receber algumas informações necessárias de como deveria fazer o teste.

Observo o meu reflexo no espelho, minhas pupilas estão dilatadas e meu rosto pálido. Com os testes em mãos e choro em silêncio. Não posso ter engravidado desse homem. Justo agora que tencionava fugir, o que vou fazer meu Deus!

Por favor senhor, ouve minhas súplicas, não permita que isso seja verdade. Esse homem vai me matar e essa criança tambem. Ela não tem culpa de nada. Sigo as instruções e termino. Sento no vaso , esperando o tempo exato para dar o resultado.

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