Ato IX - Chance

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Los Angeles | Lux

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Ao retornar para a Lux Catra tentou, de todas as formas existentes possíveis, ficar em silêncio. Adora havia mudado muito rápido após as compras. Basicamente foi como a água indo ao vinho, a loira não se importou em retomar a profunda conversa – ou quase – que elas começaram no meio de um trocador de roupas e nem parecia interessada se livrar do elefante na sala em meio à tensão.

Isso abismou a entidade mais ainda.

Catra estava acostumada em ver a loira chateada, com medo, sendo gentil, talvez até impressionada com coisas simples, mas de jeito nenhum ela poderia se acostumar com a universitária agindo como uma completa babaca.

─ Então... – A morena se atentou ao silêncio quebrado hesitantemente, descansando um porta-retrato de Melog filhote sobre a superfície de madeira de sua cômoda e, em seguida, fez o mesmo com o botton que ganhou de presente da loira onde havia um pequeno desenho de seu rosto com o cabelo loiro preso em um rabo de cavalo e uma carinha travessa ─ O que Raymond quis dizer quando mencionou que você me profanou?

─ Mesmo? – As sobrancelhas da entidade franziram ─ É isso que você quer saber?

─ Eu sou sua noiva e mestre, se você não me contar pela primeira razão vai ser forçada a me contar pela segunda – A loira deu de ombros ao dobrar as peças de roupa ─ Você quem sabe.

─ Quanta justiça – Os olhos da mais velha se reviraram ─ Quando você se tornou esse poço de estupidez?

─ Quero dizer, você conta a maior mentira do século, mas eu sou a culpada estúpida aqui.

─ Também podemos mencionar todo o amor que você supostamente tinha por mim, onde está sua paixão avassaladora da faculdade? Talvez ela tenha voado como pó ao vento junto com o seu senso-

─ Quer falar de sensatez? Você? Só estamos aqui por uma única razão e você nos empurrou para dentro dessa bola de neve quando sabia que algo poderia dar errado, e Deus, como deu.

─ Apenas para sua informação, eu tentei proteger você, tá legal? Nunca quis mentir ou machucá-la, mas fica um pouco difícil quando a criatura dos livros se mete no mundo real, é difícil de explicar, de admitir. Você não entenderia. Não entendeu antes e muito menos entende agora.

─ Literalmente sei tudo sobre você, então não me desafie ao contrário ou nós vamos ter problemas e eu não acho que eles vão se resolver – A universitária ameaçou

─ Meu pai tinha razão, dê poder aos humanos e eles deixarão você para os corvos. Você não é diferente das pessoas quando tem algo divino ou demoníaco nas mãos, por isso que passamos milhares de anos fodendo as vidas medíocres de vocês.

─ Medíocres? Você engana pessoas ao longo dos séculos, invade seus sonhos, se alimenta da força vital, enquanto sua mãe fode com seis demônios capitais diferentes e seu pai se senta em um trono de pedra para governar as almas condenadas-

─ Acácia – A morena bufou ─ O trono é de acácia com pedras. É sofisticado.

─ Foda-se a cadeira do diabo. O que estou dizendo é que eu quero saber como fui metida nessa confusão de outro mundo e eu exijo saber agora.

─ Poupe sua humildade, noiva – Catra quase cuspiu em desdém ─ Vá em frente e me force a dizer tudo que você quer saber. Abuse do poder de merda que você tem sobre mim e mostre que é igual as outras pessoas apenas para que eu volte choramingando até Lúcifer implorando para que ele corte seu coração fora e me livre de você-

─ Você disse que não me mataria-

─ Eu não mataria a minha Adora – A entidade explodiu ─ Você quer dizer que eu não sou a mesma pessoa, mas... você é horrível. Eu odeio essa nova versão, não posso lidar com ela. É simplesmente assustador. Parece que você está pronta para me matar à qualquer minuto, a garota que eu conheci não é assim. Deve haver algo errado...

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora