Purgatory VI

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"E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás, que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele. E ouvi uma grande voz no céu, que dizia: Agora é chegada a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derrubado, o qual diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite. E eles venceram pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho; e não amaram suas vidas até à morte." Apocalipse 12:11

Paraíso || Após a captura

Adora sentiu seus olhos pesarem em uma tentativa frustrada de manter a atenção à sua volta.

Ela sabia exatamente onde estava, sentia a presença de olhares sobre ela apesar de não ter ninguém a tocando. Ela também sentiu seus pulsos acorrentados no que julgou serem as mesmas usadas em sua captura, pelo seu próprio pai.

Sua cabeça não estava rodando. Ela agradeceu por isso, lidar com o fato de estar em um lugar onde não gostaria quando sua noiva poderia estar em apuros era uma péssima notícia.

Um ecoar de palavras incompreensíveis incomodou a loira. Parecia estar vindo de toda parte. Após muito esforço ela conseguiu abrir seus olhos, verificando ao redor.

Estava claro e vazio. Não havia ninguém lá, pelo menos não que ela pudesse enxergar.

Mas as vozes ainda estavam por toda parte.

─ São muitos pedidos, não são? - Adora não reconheceu a voz, mas finalmente identificou um homem alto com cabelos grisalhos bem penteados para trás, um aspecto diferente de todas as pessoas que ela já havia visto. De alguma forma ele transmite paz e serenidade em seu olhar ─ Não se mexa - Ele avisou de onde estava ─ As correntes vão alertá-los que você acordou.

─ Precisa me deixar ir embora - O estranho riu

─ Não posso, Adora - Disse de forma divertida e sincera, aproximando-se da noiva da incubus ─ Estaria quebrando as regras. E definitivamente sou o único que não pode fazer isso.

Demorou alguns segundos para que Adora processasse o sútil comentário, mas sentiu que iria engasgar quando entendeu o que aquilo significava.

─ Tudo bem - Randor abriu os braços ─ Não vou machucar você, muito menos condená-la por isso.

─ Não é o que Deus diria - A loira respirou profundamente

─ Não, não é - Ele concordou enquanto se ajoelhava ao lado da humana ─ Você parece horrorizada, não é exatamente isso que vem acontecendo ao longo dos tempos.

─ É como se eu estivesse enlouquecendo.

─ Você não está, peço desculpas pela forma que foi trazida até aqui, anjos costumam ser tão grosseiros - Ele deu de ombros ─ Boa parte disso pode ter sido culpa minha. Confiei neste reino e abri as portas para alguém que não fez nada diferente.

Adora ficou em silêncio.

─ Essas vozes - Randor apontou para todos os cantos ─ Elas nunca, nunca param. Nunca estão satisfeitos o bastante, sempre estão doentes, com problemas, morrendo, buscando auxílio, torcendo para que tudo se resolva. Humanos querem algo para acreditar, Adora. Eles precisam disso para que a vida tenha sentido, precisam se agarrar em alguma coisa. Para sua dor, para sua alegria, para sua culpa. Tem se tornado cansativo.

─ Você parou de atendê-los?

─ Nunca se deixa os que acreditam em você na mão, querida - Randor disse seriamente ─ Mas até Deus precisa de ajuda.. Pensei que Uriel fosse a resolução dos meus problemas, na verdade eu tinha certeza que era só questão de tempo para que tudo estivesse de volta ao nosso controle. Quis que as pessoas não desacreditassem-

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora