Memórias do anjo - VII

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Jerusalém | Cidade antiga

Solstício de Verão

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Adora se sentiu incômoda ao se remexer sobre a cama do templo onde costumava repousar. Ela esperou dois dias e duas noites após o ocorrido nas habitações, aparentemente Catra estava furiosa demais para retornar e desculpa-lá pela arrogância ou o ponto de vista expressado anteriormente.

O anjo poderia ser facilmente a mulher mais inteligente do universo, mas haviam coisas que ela terminantemente não conhecia.

Os olhos azuis se fixaram no lado vazio da cama, ela afagou o espaço e suspirou pesadamente enquanto tentava tranquilizar sua mente conturbada. Adora quis gritar por desculpas, dizendo que queria entender melhor a situação a qual os humanos se colocavam, lidar com os riscos como Catra a alertava..

A princesa não precisou matar para se salvar, a filha do diabo fez isso por ela mesmo que fosse arriscado desequilibrar toda uma linha divina entre o mundo humano e o sobrenatural.

Catra não se importava com as consequências se isso significasse manter a segurança de alguém.

Mas Adora ainda não entendia a razão para que a mulher demoníaca fosse tão absurdamente cuidadosa com ela. Quer dizer, as duas mantinham uma aproximação aceitável, a loira estava lentamente descobrindo novas sensações, principalmente quando seus lábios estavam ocupados.

À medida que as memórias dos dias que passaram juntas voltavam a sua mente, a mulher angelical se sentia ainda mais culpada. O demônio se fora por sua causa. Ela tentou defender algo que não estava certo e por isso Catra se foi por dois longos dias.

Em um súbito, ela sentiu dois braços envolverem sua cintura, o lençol sobre suas pernas se esticou para acomodar o corpo que se aconchegou ao espaço restante. Catra a segurou com tanta força que a loira pôde sentir seu coração pulsando fortemente.

- Me desculpa - Adora murmurou antes de se virar, Catra afrouxou o aperto apenas para que o anjo se virasse de frente para ela - Eu sinto muito mesmo-

Seus olhos se arregalaram ao ver cortes espalhados por todo o rosto da entidade, alguns recentes onde o sangue ainda escorria um pouco das aberturas.

- Catra, o que-

- Idiotas condenados podem ter acessos de fúria no inferno antes que alguém os acorrente - A morena sorriu, mas imediatamente uma expressão de dor apareceu em seu rosto - Vou me lembrar de pedir ajuda da próxima vez.

- Você ficou louca - Adora se levantou e não demorou muito para rasgar algumas tiras de tecido dos lençóis e retirar-se dos aposentos para ir em direção a água da fonte do lado de fora. Ao retornar, sentiu uma dorzinha em seu peito ao ver a morena se esforçando para não fazer caretas ao tocar nos cortes, aparentemente os homens não aceitaram muito bem o fim de suas vidas - Venha, vamos limpar isso.

- Você não precisa-

- Eu não recebo ordens de você, Catra - Adora fixou seus olhos nos bicolores - Não estou perguntando o que você pensa, portanto cale a boca e não se mova, pode acabar se machucando ainda mais.

O anjo pressionou o tecido úmido na pele ferida da entidade, seus músculos enrijeceram respondendo ao contato, Catra esperava que aquilo fosse doer.

Adora parecia bastante atenta e cautelosa ao mover suas mãos, era como se estivesse em câmera lenta para a filha do diabo que nem por um segundo sequer tirou os olhos da loira.

- Eu senti sua falta - Catra murmurou, Adora ignorou isso ao engolir em seco e continuar limpando as feridas.

A morena, não satisfeita, agarrou o quadril do anjo a impulsionando para cima de suas pernas, agora Adora estava montada sobre ela. Suas bochechas pareciam ter concentrado todo o sangue de seu corpo na região, normalmente Catra causava esse efeito nela com grande facilidade.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora