Memórias do anjo - VI

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Jerusalém | Cidade antiga

Solstício de Verão - Algum tempo depois do retorno da princesa do Paraíso.

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─ Estamos quebrando cerca de cento e trinta e seis regras apenas por pensar em nos misturar com os humanos - Adora parecia nervosa, mesmo depois de ter apoiado a ideia da entidade de participar de uma comemoração próxima as habitações, agora nada disso parecia uma boa ideia

Elas não estavam tão distantes depois de algum tempo de caminhada para longe do templo abandonado. Era possível ver a imensa luz da fogueira na clareira, nas paredes das casas haviam as sombras de populares se divertindo, bebendo e dançando ao ritmo da música, ora solitários, ora em grandes grupos. Seus instrumentos arranhavam um pouco para notas errôneas mas todos pareciam estar bastante felizes.

─ Talvez, mas quem está contando?

─ Eu estou - Catra sorriu por achar engraçado o fato da loira estar entrando em pânico ─ É sério, você mesma disse que eu poderia estar encrencada o suficiente se algum deles pusessem as mãos em mim

─ E isso era verdade, princesa - A morena parou em seu trajeto ao lado de uma habitação para se virar de frente para Adora, inclinando-se até chegar mais perto ─ Mas acredite em mim, ninguém vai tocar em você.

─ Ninguém além de você - O anjo levantou o próprio pulso ─ Você já está me segurando.

─ Você é tão inteligente, alteza. Tem evoluído bastante pelo tempo que passamos juntas

─ Você está acabando com a minha sanidade, Catra.

A entidade voltou a sorrir satisfeita com o sangue se espalhando nas bochechas da mulher angelical, visivelmente envergonhada por estar tão perto da morena.

─ E você acabou de me deixar saber disso? - A sobrancelha da mais velha se ergueu

─ Cale-se, você ao menos sabia que tal festa é em comemoração às colheitas? As mesmas que você roubou para supostamente me alimentar

─ Gosto de olhar seu rosto. E não, eu não sabia. Quem se importa realmente? Basta ter uma grande farra, bebidas e muita comida.

─ Você é uma maldita irritante.

─ Não está em discussão, você é a criatura birrenta que achou que poderia andar com uma perna fraturada.

─ Você quem decidiu me salvar, gênio - Adora rosnou puxando a entidade de volta para si quando ela fingiu não dar importância para seus dizeres ao continuar caminhando ─ Não comece a me provocar agora e não me dê as costas.

─ Sabe, eu sempre me pergunto o que você seria capaz de fazer em um profundo estado de irritação. É sempre inofensiva demais quando está perto da sua inimiga mortal, pelo menos é o que aparenta dizer a si mesma sobre mim.

─ Você não é minha inimiga mortal, talvez - A loira encolheu os ombros ─ Inimigos não confiam uns nos outros e nem dormem juntos.

─ Costuma esquecer rápido demais que eu definitivamente não durmo, Adora. Não deveria confiar, mas estou apenas dizendo.

─ Você nunca me machucaria, Catra.

─ Como pode ter tanta certeza? - Adora riu e devolveu a provocação, deixando seu rosto próximo ao da incubus

Os dedos do anjo tocaram o rosto da entidade, ao contrário do que ela normalmente faria, seu corpo permaneceu rígido no lugar e a sensação de ter uma criatura angelical tocando-a não a incomodou.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora