Morningstar House || Los Angeles
-
Catra passou alguns bons minutos em seus aposentos na mansão, um pouco desnorteada enquanto avaliava alguns pergaminhos desgastados, alguns esfarelando de tão antigos. Scorpia os trouxe para avaliar registros antigos de demônios que deixaram o inferno por alguma razão, alguns muito úteis para formar a aliança.
Ela não pode deixar de notar algumas manchas sobre eles, parecia que uma criança humana estava irritantemente tentando desenhar sobre eles como se rabiscasse uma folha com giz. Algumas marcas estavam sobre as informações, mas não a ponto que ela não conseguisse ler o que havia ali.
Em outras páginas haviam mais daquelas marcas e em uma delas ela encontrou seu nome, um pouco torto e mal feito, sua mente vagou entre as memórias guardadas e uma lembrança quase cruel veio à tona.
Aquela teria sido a primeira vez que Lúcifer havia a ensinado a escrever. Ela deveria ter quatro anos de existência, talvez cinco, estava borrado demais para que ela se lembrasse. No dia do anúncio oficial sobre a gravidez de Adora, ela sentiu remorso como nunca em sua vida após sua irmã mais nova lhe dizer que ela costumava ser muito dura com seu pai.
O que exatamente Abbadon esperava? Houve alguma vez que o diabo se importasse?
Ela concluiu que não, porque ele não se importava com ninguém e seguiu buscando mais informações relevantes para usar enquanto procurava por mais aliados. Pelo menos quis muito manter o foco sobre aquilo, mas agora a imagem sensível na sua cabeça insistia em atormentá-la e várias outras se seguiam.
A primeira vez que escreveu seu nome com a ajuda de Lúcifer, a vez em que quase caiu no abismo ao tentar voar sem ter técnica alguma, o rosto amedrontado do diabo depois que ela partiu um condenado ao meio e ele sorriu como se estivesse orgulhoso, até seus primeiros passos pareciam ter aparecido em meio às lembranças.
E a entidade não precisava daquilo, não naquele momento. Ela quis torcer o próprio pescoço até que desmaiasse para não ter que se lembrar, para não ter que se martirizar com a sensação de que havia algo terrivelmente errado na maneira em que se convivia com o senhor do inferno.
Ela poderia ignorar, de fato, já havia feito isso diversas vezes. No entanto, depois que o pacto de sangue foi selado, ela estava cada vez mais vulnerável a estes pensamentos. Era mais difícil ignorar a maneira que se sentia sobre acontecimentos que a envolviam desde então.
Primeiro ela sentiu seu coração se partir em dois quando Adora descobriu quem ela era, depois quis cortar o próprio pescoço quando soube que havia perdido Adora há mil anos, depois ela se sentiu terrivelmente culpada por nunca ter sido minimamente agradável com Abbadon e quis chorar quando a reencontrou no purgatório.
Quão pior poderia ficar?
─ Posso ver fumaça saindo da sua cabeça, majestade - Octavia surgiu na porta, chamando a atenção da entidade ─ Posso entrar?
─ Ei - Catra suspirou e fez menção para que ela acessasse o local ─ Claro. Pensei que ainda estava em missão.
─ E eu estava - Octavia parecia um pouco ferida e cansada, suas expressões a entregavam ─ Foi perturbador. Mas Seth e eu demos conta da situação antes que saísse de controle. Como você está?
─ Pensando, o que não é bom. Bem que humanos dizem que mente vazia é a oficina do diabo porque estou pensando nele agora, o único problema é que eu não tenho tempo para essas besteiras familiares.
Octavia fez silêncio, observando atentamente e ciente de que aquele era um desabafo.
─ Você acha que eu sou horrível?
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Devil's Touch - Catradora (G!P)
ChickLitAVISO: [+18] Contém intersexualidade (Catra G!P) [Não autorizo nenhuma reprodução ou adaptação desta história] Quando Catra Morningstar Wayne, a híbrida demoníaca, princesa do inferno e também uma incubus responsável por levar homens e mulheres à be...