Memórias do anjo - I

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Inferno | Aposentos do diabo

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[...]

- Não podem me manter aqui. Eu exijo que me libertem agora! - Os gritos insistentes de Eve fizeram com que Adora respirasse profundamente antes de adentrar o cômodo onde sua noiva havia sido mantida durante algum tempo

Ela poderia dizer que a ex-noiva de Catra estava sentindo seus membros deslocarem de seu corpo pela tamanha distância entre as correntes nas quais ela ordenou a Octavia que modificasse. O som dos ruídos de criaturas infernais famintas enchiam os aposentos enquanto miniaturas de demônios observavam Eve implorar pela liberdade, ou mais como exigi-la.

- Confortável? - Adora questionou inclinando sua cabeça para o lado, observando sem medo os olhos em chamas da mulher demoníaca

- Você não tem poder aqui - Eve rosnou - Catra - A morena enfiou as mãos nos bolsos de sua calça e encarou a ex noiva, seus olhos verdes pairaram sobre os dela e Eve lamentou gemendo dramaticamente antes de continuar - Amor, não deixe que ela faça isso comigo.

- Você colheu o que havia plantado, Eve - Adora disse, desviando a atenção da mulher para o chão, se certificando de subir os degraus de pedra sem tropeços para chegar mais perto - Não há ditado melhor, este por exemplo envelheceu como um bom vinho.

- Você ainda vai parecer menos irritante quando estiver engolindo terra, princesa - A mulher rosnou

Demorou apenas um segundo para que Catra imediatamente apontasse para ela de forma ameaçadora enquanto rosnava

- Repita o que você disse e eu vou partir você ao meio!

Adora foi a responsável por manter a morena no lugar, bem, depois de investir um esforço considerável visto que a irritação da princesa havia sido atingida em cheio.

- Você sabe que não pode protegê-la, sua inútil de merda - Eve despejou as palavras diante da entidade como se estivesse lançando facas contra ela - Ela quase morreu vindo aqui por você, qual a próxima coisa que pode acontecer?!

Eve gargalhou enquanto machucava os próprios pulsos para agarrar as correntes contorcendo suas mãos contra o ferro flamejante.

- Não posso descrever a sensação de ver o pavor em seu rosto, majestade - A mulher provocou Catra que estava fazendo um terrível esforço para não demonstrar o medo ao pensar sobre o que poderia ter acontecido com Adora, o fato de estar no inferno como humana não lhe dava nenhuma garantia. Ela poderia ter sido assassinada e não haveria volta para consertar isso - Você não passa de uma garotinha tão medrosa quanto há mil anos atrás, Catra. Vai perdê-la novamente, um dia após o outro, é como um relógio tic-tac na parede. Ele não para, seu tempo está acabando e quando isso atingir você será grandioso. Mal vejo a hora de vê-la se arrastar enfraquecida de volta aos meus pés.

- O que ela quis dizer com novamente? - Adora agarrou as mãos da princesa e as apertou, Catra se manteve com os olhos arregalados sem pronunciar uma única palavra devido a perplexidade

Como diabos ela poderia falar coisas terríveis assim com tanta certeza afinal?

- Já basta! - A voz de Lúcifer ecoou no salão

Todas as criaturas presentes fizeram uma reverência imediata para saudar o rei do inferno em seus aposentos. O diabo caminhou com cautela em linha reta até parar ao lado das duas jovens noivas, lançando um olhar cuidadoso para a filha e em seguida para Adora.

Seus olhos amarelos se voltaram para Eve, que estava estática desta vez. Ela esperava que fosse mais fácil lidar com a filha do diabo que foi facilmente atingida por suas falácias, mas não levou a sério que Lúcifer realmente estaria presente para o acerto de contas.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora