Atlantis

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Los Angeles | Bright Moon University

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Pesadas nuvens cinzentas pairavam sobre o céu na manhã de segunda-feira. Uma terrível tempestade estava tomando a extensão de Los Angeles lentamente, não eram os dias preferidos de Adora mas ela considerou lidar com o tempo ligeiramente agradável e talvez sombrio demais para a cidade dos anjos.

Ela caminhou até a grande árvore que estava protegida há muitos anos no centro do campus e se acomodou nos bancos arredondados de concreto, deixando um de seus livros sobre a mesa. A superfície cinzenta empoeirada não a incomodou, nem mesmo o vento forte que estava começando a arrastar folhas secas freneticamente pelo chão para todos os lados, algumas vezes até formando pequenos redemoinhos.

A loira suspirou cansada e largou a mochila de lado, iniciando o folheamento em seu livro desinteressante de casos criminais que ela já havia lido antes cerca de oito vezes em sua adolescência. Adora nem conseguia mais contar quantas vezes passou pela página 83, um misterioso caso de um homem que foi morto enquanto dormia.

Ataque cardíaco, sem digitais, arquivado após sua mãe mencionar que demônios do sono estavam possuindo seu corpo. Bem, para um livro de crimes não solucionados este era um relato bem bizarro.

─ Acho que você não deveria estar aqui fora - Adora levantou os olhos para encontrar Arthur, seu antigo, e então atual, colega de classe. O garoto estava com suas mãos enfiadas dentro do bolso de uma jaqueta amarela mostarda, seu cabelo estava bagunçado e havia um cheiro estranho de panquecas queimadas invadindo as narinas da loira de repente ─ Não é sua melhor ideia esperar o olho da tempestade.

─ Eu gosto do clima - Ela mentiu, tentando cortar a conversa rapidamente. O episódio do domingo foi o suficiente para que ela recuasse, o garoto não precisava ter exatamente comentado sobre ela com o padre, mesmo que ele fosse a pessoa mais próxima que ele tinha por perto para desabafar sobre a vida na faculdade

Arthur deu de ombros e se sentou do lado oposto da mesa, ignorando a feição incômoda no rosto da universitária, mas ele certamente percebeu seu desconforto.

─ Eu sinto muito - O jovem gesticulou ─ Por qualquer coisa que meu tio tenha dito. As coisas que eu disse a ele não foram na intenção de que ele se metesse em sua vida ou escolhas - Arthur tocou sobre seu peito ─ Sério, peço desculpas.

─ Estou acostumada com... pessoas um tanto desagradáveis - Adora fechou seu livro e descansou os punhos sobre a capa ─ Poderia dizer que o Padre Raymond é um em um milhão, Arthur. Ele é o único que deveria me pedir desculpas, não você.

─ Ainda me sinto péssimo pelas coisas que você provavelmente ouviu. Ele leva doutrinas e leis de Deus um pouco ao pé da letra. Sim, foi uma surpresa ver você e a Wayne juntas, mas não fiquei chateado porque queria estar no lugar dela - O loiro revirou seus olhos verdes e bufou ─ Bem, na verdade eu gostaria. Mas minha única preocupação é que você pode estar se metendo em um jogo perigoso ou no mínimo... complicado

─ O que quer dizer? - A mais jovem cerrou os olhos para o universitário, esperando sua resposta impacientemente

─ Adora, sério? - Arthur riu ─ Eu acabei de chegar e as coisas que ouvi sobre essa garota são simplesmente bizarras. O pai dela é um psicótico que certamente deve controlar um tráfico de drogas em dezenas de boates ou é um cafetão famoso e a filha seria diferente? Mesmo? Ela fodeu com praticamente com todas as líderes de torcida - Ele se inclinou e balançou a cabeça negativamente ─ Literalmente ouvi dizer que ela tinha um pênis, isso é... normal para você?

─ Está brincando comigo agora? - Adora rosnou se erguendo com rapidez ─ Porra, isso não te diz o respeito. E bem, certo, qual o problema se isso for verdade? Pelo que posso imaginar é uma particularidade dela e não sua. Você estuda medicina enquanto investe no diploma de ser um imenso idiota?

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora