Purgatory III

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Purgatório - Ruínas do Tempo

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─ Então - Seth recebeu um olhar lateral mortal da mulher que não estava nem um pouco satisfeita em trocar qualquer palavra com ele ─ Por que o purgatório?

─ Isso não é da sua conta - Abbadon respondeu rudemente, pulando para desviar das rachaduras flamejantes

─ Tudo bem, mas - Seth a seguiu, tentando copiar seus movimentos para não se machucar repentinamente ─ Está diferente, estou apenas curioso. Você costumava ser gentil e um pouco mais baixa-

─ Muitas coisas são diferentes agora, Seth. Aliás, você vendeu a alma para o diabo, meus parabéns, mas a que custo?

─ Um lugar onde dois de seus irmãos foram assassinados, onde o seu pai era um maníaco abusador e uma mãe refém de falácias proféticas não era um lar, Abbadon. O inferno parecia melhor.

─ Quão melhor foi para você? Sem amigos, sem família, alguém que lutasse por você-

─ Lúcifer agiu como um louco quando perdeu você. Pergunte a qualquer um, pergunte a Catra - Seth rosnou ─ Se você queria apenas desaparecer por detestar seu vínculo paternal deveria ter avisado a alguém.

─ Eu não escolhi ser assassinada.

─ E eu não escolhi ter uma escória como uma família. Você não entende, Lúcifer me deu um lar, Deus não se importou quando eu estava arruinado.

─ Você não esperou o suficiente para que ele fizesse algo por você.

Seth não podia acreditar no que estava ouvindo. Já era ruim o bastante, pelo menos desde que ele se lembrava, a sua mãe costumava acertá-lo com raízes de plantas quando ele se negava a participar de atos religiosos na antiga cidade de Jerusalém. Ele viu sua melhor amiga na infância ser arrastada para a morte por um suposto servo de Deus, o que exatamente gostariam que ele pensasse sobre o assunto?

Abbadon era uma criança quando tudo aconteceu, tanto quanto ele.

─ O que você recebeu por esperar tanto tempo?

─ Eu recebi uma nova chance, apesar do infortúnio de ser uma das filhas do diabo.

Catra estava distante, mas o purgatório não tirou sua capacidade de ouvir.

A cada expressão decepcionada, Adora a encarava. Parecia que a híbrida estava sentindo dor, como socos repetitivos em seu estômago.

─ O que há com você? - A humana perguntou baixinho

─ Já era ruim o suficiente ter um irmão e agora essa pirralha insolente entra no meu caminho de novo com idéias bizarras. Eu quero dizer, ela é filha legítima de Lúcifer e está falando como um profeta maluco.

─ Você não precisa lidar com ela-

─ Sim, eu preciso. Se um dia Lúcifer descobrir que estive aqui frente a frente com essa coisa e não tentei levá-la de volta, vou ter um bom motivo para morrer ou perder o trono. Nunca deixe o diabo esperando por uma coisa que ele quer muito, lembre-se disso.

─ Como o diabo espera uma coisa que ele não sabe que tem? - Adora perguntou

─ Ela tem a marca - Catra apontou ─ De alguma forma e em algum momento ele sentiu isso, mas não tinha possibilidades de procurá-la. Ele recebeu seus ossos em mãos, então ignorou a sensação.

─ E se ela não quiser ir?

─ O lugar dela não é aqui. Vamos arrastá-la se for necessário.

─ E o que ela pensa sobre isso?

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora