O toque do anjo - Parte III

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Jerusalém | Solstício de Verão

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Catra sentiu sua visão ficar turva depois de ingerir uma grande quantidade de vinho, habitualmente a princesa do inferno não ficava bêbada, mas o castigo que seu pai rogou sobre ela a fez desejar estar morta vagando por Jerusalém durante sete malditos meses.

O solstício de inverno fez com que a incubus se arrastasse sobre a terra, ela se firmou com unhas e dentes na cidade antiga de Jerusalém esperando qualquer sinal de que uma guerra estava por vir, ela esperou que arcanjos a perseguissem para matá-la brutalmente e observou o céu tantas vezes durante as noites que jurou estar vendo Adora em algum lugar entre as nuvens.

Certamente era apenas sua mente a enlouquecendo.

Octavia aparecia quando coisas importantes eram tratadas no paraíso, na maior parte do tempo, ela teve que fingir ser a boa e obediente guerreira para colher informações de Uriel que estava à frente de toda organização da guerra após a suposta tentativa de sequestro a princesa, a única coisa que ele não sabia e que havia uma faca cravada em suas costas durante todo esse tempo.

A informante da entidade passou todo restante do solstício de inverno voltando a terra para arrastar a princesa do inferno de volta ao seu porto seguro em meio aos destroços da ruína, destroços estes que ela mesma gerou enquanto quebrava pedras furiosamente por não ter notícias da loira. Uriel a isolou no paraíso, alegando que era perigoso baixar a guarda e a manteve “segura” e distante de todos os anjos que poderiam apresentar algum risco, guerreiros ou não. Provavelmente sua obsessão acabou transformando todos em sua volta como uma grande ameaça.

No entanto, Octavia sabia exatamente o que estava acontecendo. Ela sabia que ele queria impressioná-la de alguma forma e pior, pelas costas de Randor e Azrael, que definitivamente o matariam sem piedade se sonhassem com o que ele estava pensando em relação à princesa.

No mais da situação, Catra estava miserável. Era a quinta festa para comemorar o início do solstício, Octavia não se lembrava quantas vezes tentou mantê-la no lugar enquanto estava caindo bêbada no meio do chão coberto de poeira.

A noite caiu mais uma vez e ela não estava em uma posição diferente, para falar a verdade, talvez ela estivesse agindo mais como uma amiga do que uma informante que teve sua vida posta em uma lança para um acordo demoníaco.

─ Catra, já chega. Vamos, você tem que sair dessa – A informante insistiu puxando um dos braços da morena que estava sendo atraída em uma dança por uma mulher no meio da multidão

─ Eu estava prestes a me entreter, Octavia. Por que diabos continua neste maldito impasse enquanto barra meu caminho?

─ Estou tentando fazer você se recompor, já se passaram sete meses. Pensei que este castigo idiota seria temporário, você não pode sair por aí cambaleando bêbada, Catra. Tenha consciência da sua posição. O que Adora pensaria disso?

─ Não fale... – A morena colocou um dedo sobre os lábios do anjo com certa dificuldade no inicio até realmente acertar o local correto ─ Não diga o nome dela. Não pode dar nome as coisas ou elas voltam para assombrar você.

─ Você é ridícula, mas quando está bêbada fica dez vezes pior. Venha, vou leva-la de volta ao templo-

─ Não – Catra balbuciou ─ Estou bem aqui, não quero ir embora!

─ Vamos logo, não vou ficar aqui e implorar como da última vez enquanto você se enchia de petiscos e vinho. Se pensa que se embebedar e acordar com um harém pela manhã vai fazer você se sentir melhor está terrivelmente enganada.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora