Memórias do anjo - IV

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Los Angeles | Grayskull House

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Catra chegou a casa de sua noiva sem fôlego algum enquanto desesperadamente tentava alcançar as chaves da entrada no bolso de sua calça, suas mãos tremiam tanto que ela nem podia acertar a fechadura corretamente, pelo menos não nas primeiras oito tentativas.

Quando a porta se abriu ela não se incomodou em fechá-la novamente e sem esperar nem mais nenhum segundo correu pelas escadas para alcançar o quarto de Adora.

Ela encontrou a loira fazendo uma pequena mala, apenas com o suficiente para uma noite. Havia também itens hospitalares e sua carteira de residente na qual já estava sobre a cama.

- Catra? - A loira notou a presença da entidade e sorriu ao vê-la, mas seu sorriso desapareceu ao notar a expressão de sua noiva - Ei, você está legal?

- Nós precisamos conversar - Catra murmurou

- Agora? - Adora perguntou - Baby, eu recebi alguns chamados no hospital. A cidade está literalmente entrando em um estado sério de calamidade, os leitos do centro estão quase completamente ocupados e-

- Adora - Catra disse seriamente - Você não pode sair daqui.

- O quê?

A morena caminhou em direção a sua mala e apertou os olhos sem ter coragem suficiente para encará-la e dizer a ela todas as loucuras que estava pensando.

- Há demônios por toda parte, Eve os transformou e alguém lhes deu uma ordem. Não sei onde meu pai está, não posso lidar com eles e não vou deixar que você corra algum risco.

- Tem pessoas morrendo, Catra. Isso não é exatamente o que eu chamo de escolha. Eles precisam da minha ajuda, foi pra isso que estudei, eu quero estar lá salvando as pessoas.

- E quem salva você? - A entidade bufou - Qual parte você não entendeu? Tem demônios loucos e raivosos lá fora, Adora. Não vou deixar que cruze aquela porta.

- Você está se ouvindo? Não vai me manter aqui, eu estou prestes a sair para fazer meu trabalho e ninguém vai me impedir.

- É capaz de me ouvir apenas uma vez-

- Você é a minha noiva, mas não me dá ordens e eu não permito que me proíba de fazer o que eu faço de melhor.

- Adora, o que quer que esteja pensando agora, peço para que pare imediatamente. Escute, Lonnie procurou por mim. Olivia matou o William Backer, há mais recém transformados famintos por aí. Não posso deixar que saia deste quarto.

─ Isso não está em discussão, Catra. Não posso ficar aqui trancada enquanto as pessoas estão precisando de cuidados. Sei que está preocupada mas se isso te deixa mais tranquila posso permitir que venha comigo.

─ Não, não, não - Catra coçou a nuca e respirou diversas vezes tentando manter a calma ─ Não vou com você, porque não vou deixá-la sair.

─ O quê? - Adora vociferou ─ Honestamente, o que deu em você?

─ Não podemos arriscar, se eles confundirem você-

─ Me confundir? Do que está falando, com quem eles poderiam me confundir? - Adora riu sem emoção alguma

─ Estão procurando a princesa do paraíso - Catra finalmente disse ─ É por isso o caos, por essa razão estão atacando as pessoas como animais impiedosos, não há chance alguma de parar a loucura que vai estar lá fora em algumas horas. Como eu disse, são demônios famintos.

─ E por que diabos você acha que poderiam me atacar? Eu sou sua noiva - Adora pontuou e franziu a testa ─ Não é?

─ Sim, é claro - Catra acariciou os braços da loira chegando mais perto dela, seus lábios depositaram um beijo carinhoso no topo de sua cabeça antes de abraçá-la ─ É claro que você é. Eu só- não quero que nada de ruim aconteça com você, não quero arriscar.

─ Mas sabe que não pode me impedir de fazer o que eu faço de melhor. Aquelas pessoas precisam de cuidados, você pode me proteger, o Bruce virá conosco se você permitir.

─ Adora...

─ O que de pior pode acontecer? Não vou cruzar os batentes do hospital, eu prometo.

─ Essa não é a minha preocupação - Catra pareceu buscar palavras em sua mente para que tudo que estava prestes a dizer não parecesse uma grande e terrível loucura - E se... talvez- quero dizer, se esses demônios pensarem que há alguma possibilidade de você ser a princesa?

- Catra - Adora riu acariciando o rosto de sua noiva - Amor, isso não pode acontecer. Não sou quem estão procurando, sabemos disso

- Mas... E se coincidentemente você for?

- O que?

- Você não pareceu tão assombrada com a ideia de estar com um demônio do sexo, você teve sonhos bizarros quando era mais jovem, viu guerras angelicais acontecendo diante dos seus olhos quando tinha apenas poucos anos de vida, você desafiou a Eve sem temer o que quer que estivesse por vir. Tenho me perguntado se isso foi apenas coragem ou... outra coisa.

- O que está dizendo é ridículo, Catra - A loira a tranquilizou - A princesa tentaria matar você.

- Sim, bem... - Catra murmurou e sequer notou as mãos da universitária se desvencilhando de seu rosto

Ela também não notou quando Adora recuou e de forma ameaçadora apontou a lança assassina de demônios no centro de sua garganta, os olhos azuis irreconhecíveis assegurando a ela de que estava em sua mais completa fúria.

- Adora - A morena ergueu as mãos com cautela, recuando em passos lentos até estar completamente cercada pela porta colada em suas costas - O que está fazendo?

- "Jogue-a no abismo mais profundo que encontrar. A princesa do paraíso foi derrotada e de agora em diante o céu vai sucubir ao inferno." - Adora rosnou, apontando a lança contra a pele da entidade, a lâmina estava começando a concentrar uma pequena quantidade de sangue - Não foram essas as suas palavras quando ordenou que a sua maldita ex noiva assassinasse a mim e ao seu próprio filho, majestade?

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora