Purgatory VII

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Paraíso || Após a Captura

Demônios não recuam.

Isso é quase uma obrigação para eles. Não temer a ninguém e ser temido.

Mas Adora não pode evitar seu corpo se encolhendo contra a pilastra quando Uriel apareceu diante dela pela primeira vez em muito tempo.

─ Bem vinda de volta, majestade - A voz do homem se arrastou em um tom vitorioso, como se acabasse de conseguir algo que queria com tanta força, ele estava absolutamente em êxtase por tê-la em seu poder ─ Quanto tempo se passou desde então?

─ Mil anos não foram suficientes para fazer de você menos estúpido - Adora disparou, com medo, mas decidida a confrontá-lo ao levantar seu rosto para olhar nos olhos do anjo ─ Olhe só você, Catra realmente marcou sua cara tão bem-

─ Como ousa mencionar aquela aberração na minha presença? - Uriel rosnou para ela, irritado com a lembrança da filha do diabo.

Poucas coisas faziam o anjo perder o controle, Catra estava no topo. O pensamento em torno da escolha de Adora nunca o deixou em paz. Ele já não conseguia mais contar quantas vezes perguntou a si mesmo por que ela e não ele.

─ Sei o que está fazendo - Rapidamente o homem tentou manter sua calma ─ Seus joguinhos não vão funcionar comigo. Você é minha agora, está sob minhas ordens e poder, exatamente como todos nós concordamos. Esse é o futuro que escolhemos para você.

─ Deve ser fácil para você pensar que joga com as pessoas como se fossemos tabuleiros. Isso não é mais um jogo, Uriel - Adora o encarou com raiva ─ Acabou. Me deixe ir ou vai descobrir por conta própria que está cometendo um erro grave.

─ Você quer falar de um erro grave, Adora? - Bastou Uriel estalar seus dedos para que as correntes estivessem se dissipando como pó no local. A loira olhou para todos os lados antes de se erguer e ser segurada fortemente, os dedos do anjo de cabelos escuros e olhos azuis que carregava um crucifixo em seu pescoço se prenderam em suas bochechas, apertando-as sem piedade ─ Por que não começamos refrescando sua memória?

─ Tudo que me lembro é que você é um assassino.

─ Você quem é a culpada - Uriel gargalhou de forma assustadora ─ Se estivesse em casa quando eu disse, aquelas pessoas não teriam sido dizimadas. Você as matou com a sua desobediência e egoísmo. Você virou as costas para sua família. Virou as costas para mim! - Sem medir forças, Uriel a lançou contra a pilastra

Adora gemeu de dor quando suas costas se chocaram com o monumento.

─ Você traiu o seu povo! O seu lar! - Era impossível não se chocar com os gritos ecoando fortemente, como se Uriel a qualquer momento fosse capaz de estourar as barreiras ao redor com a fúria em suas palavras ─ Pela besta! A besta que você deveria destruir. Como conseguiu ser tão irresponsável conosco?

Adora se ergueu com dificuldade, agarrando-se à estrutura para se manter de pé, recuperando-se das dores pouco antes de encará-lo.

─ Você quer fazer um bingo sobre quem pecou mais? - Adora o desafiou ─ Por que não começamos do princípio?

Demorou apenas um segundo para que um símbolo desconhecido desenhado em um post-it fosse retirado do bolso do moletom cinzento da loira, sendo lançado contra o piso.

Imediatamente, o cenário passou a ser outro.

Estavam em Jerusalém.

O anjo deu dois passos para trás, como se estivesse assustado com o que estava vendo, Adora soube naquele momento que poderia fazer exatamente o que pretendia.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora