Ato V - Restrição do diabo

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Los Angeles | Lux

Três semanas depois do ocorrido

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Catra abraçou os joelhos no canto escuro quando o filete de luz atravessou seu quarto. Ela estava evitando qualquer e todo tipo de contato com as pessoas, especialmente Octavia e Scorpia. A ideia de que sua tristeza e irritação poderiam fazer com que a sua secretária e o anjo fossem tratados de forma grosseira e ela não gostaria de parecer um monstro mais uma vez.

- Catra - A voz de Scorpia alcançou a entidade - Saía deste quarto, precisamos conversar sobre isso. Você não pode se isolar do mundo porque algo ruim aconteceu, Adora não quis dizer aquelas coisas...

- Saía daqui - A morena rosnou firmemente agarrando as próprias pernas, seus olhos verdes brilhantes olharam para o anjo por cima do ombro, Scorpia engoliu em seco quando os viu.

Mas não foi isso que a assustou. O quarto da incubus estava digno de um cenário de filme de terror. Suas roupas de cama estavam rasgadas, as cortinas foram cortadas ao meio, havia vasos estilhaçados por todo piso e madeiras quebradas ao meio. Nem mesmo as paredes foram salvas de sua mágoa no dia em que voltou para casa sozinha.

Desde então ela estava sem Adora e sem Melog e com a oscilação a enlouquecendo como nunca antes.

- A Glimmer está aqui... - A platinada sussurrou - Ela quer ver você.

- Não posso - Catra murmurou de volta - Não consigo voltar... - Seus olhos analisaram as garras em suas mãos e os olhos verdes através dos estilhaços do espelho em sua frente

- Você já tentou?

- Centenas de vezes durante todos os dias... Estou com fome e meu peito dói. Não consigo parar de pensar sobre o que ela disse, continua martelando na minha cabeça-

- Ela não quis dizer aquilo. Adora estava com raiva, você precisa ir atrás dela e falar como está se sentindo.

- Ela me ordenou a ficar longe. A menos que ela venha até mim, não posso simplesmente chegar perto dela.

- Glimmer disse que ela está se sentindo mal. Há algo... sendo desenhado em sua costela, como uma tatuagem. Seu brasão está ferindo ela e para piorar vocês estão distantes, o processo se torna ainda mais doloroso. Você sabe... Vai deixá-la sentir isso?

Catra não respondeu, ao invés disso apenas se encolheu mais em seu lugar, fechando os olhos brilhantes, implorando silenciosamente para que fosse deixada sozinha.

Com um suspiro pesado, Scorpia voltou a recuar e fechou a porta repleta de cortes de garras e a deixou com a própria companhia mais uma vez.

Pela primeira vez em muito tempo Catra se sentiu assustada com a ideia de ser ela mesma, isso nunca poderia ter a assombrado mais do que agora depois de ouvir em alto e bom som que era um monstro. Seus piores pesadelos vieram à tona como se servissem como castigo, a assolando no escuro, ela tinha se tornado seu próprio bicho papão.

Tudo que ela gostaria de fazer era chorar até que não houvesse mais líquido em seu corpo, mas seria inútil e ela não poderia se dar ao luxo de perder mais forças, seu corpo já não aguentava mais tantas oscilações. A maneira como a loira a deixou fez com que ela perdesse sua capacidade de manter a energia vital intacta, principalmente quando estava descontando suas forças restantes nos móveis do seu quarto agora destruídos.

Catra quis gritar aos quatro cantos do mundo ou se enfiar na ruína de um templo no meio do nada para não ter que ver o rosto horrorizado de sua mestre outra vez. As imagens em sua cabeça eram implacáveis, ela poderia dizer que havia se tornado seu inferno pessoal e só bastou uma única frase para tudo desabar sobre ela.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora