How not to talk to God - II

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Wilshire Grand Center || Los Angeles

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Samael estava no topo do prédio mais alto de Los Angeles, ele observou o entorno da cidade lá de cima, por mais que o vento estivesse soprando com toda sua força, aquilo não fez tanta diferença.

Não para o diabo.

Era como se o cenário diante de seus olhos pudessem ver o caos se instaurando. Em cada avenida, beco, silenciosamente se arrastando como sombras nos arredores. Pela primeira vez, aquela tragédia se aproximando não era como um parque de diversões.

E ele temeu verdadeiramente por isso.

Quando o vento soprou um pouco mais forte, ele sabia que havia alguém atrás dele, mas não moveu um só músculo. Se fosse seu fim, ele deixaria simplesmente acontecer, não havia mais boas razões para lutar. Era como se funcionasse apenas como um peão de um jogo de tabuleiro que eventualmente seria trucidado.

E aquilo era só questão de tempo.

─ Apreciando a vista? - A voz de Randor surgiu por trás dele, forte e precisa como sempre

─ Dizem que esse é o prédio mais alto de Los Angeles, sabia? - Samael ignorou a pergunta lançada pelo pai ─ Parece que os humanos querem estar cada vez mais próximos de você. E querem cada vez menos estar perto do inferno - Ele riu com desdém ─ Como se ele já não estivesse aqui há tanto tempo. É engraçado, não é?

─ O que é engraçado? Os humanos buscarem a salvação?

─ Buscarem incessantemente pela paz a quem declara a guerra - Pela primeira vez, Samael o encarou ─ Você é patético.

─ Sabe como as coisas funcionam, Samael. Às vezes, a guerra é estabelecida para que alcancemos a paz. Precisamos de ordem-

─ A ordem e respeito não se adquirem pelo medo ou por quanto seus lacaios estão dispostos a castigar pessoas até que eles aprendam.

─ Não entende nada de ordem - Deus rebateu irritado ─ A desordem o exilou.

─ Você me exilou - Acusou no mesmo instante ─ Queria um cretino com chifres e aparência monstruosa para deixar seus seguidores tremendo sobre os próprios pés enquanto temiam queimar no inferno. E veja só o que conseguiu? Um monte de idólatras malucos que são piores do que qualquer coisa que eu já fui. Quis fazer você levantar da droga do seu trono e perceber o que estava acontecendo ao seu redor ao invés de se importar consigo mesmo enquanto o problema persistiu bem debaixo do seu nariz, porque você quis ficar sentado e jogar pecinhas com anjos enquanto era exaltado por nações e usufruindo do bom e velho "Eu sou o que sou"

─ Fui o refúgio e a força dessas nações das quais você nunca se importou, Samael. Socorro que não faltou em tempos de aflição-

─ Você não suporta que as coisas estejam de cabeça para baixo por sua culpa. Sabe que não fez nada, eu não preciso citar as vezes que abandonou o seu povo.

─ Mas podemos citar as vezes que você foi um inconsequente - Ele rebateu ─ Sabe por que estou aqui?

─ Oh, eu sei - Lúcifer riu ─ Porque o diabo quebrou as regras de novo. Você é o bom pai que vem me dar conselhos para que eu não acabe com a minha própria vida, mas até você deveria saber que já é tarde demais.

─ Ainda não é tarde demais, mas está passando dos limites. Soube que cedeu sete pedaços do seu reino para demônios-

─ E cederia mais se houvesse.

─ Está indo pelo caminho que sabe que é proibido, filho. Não posso proteger você para sempre, se seguir dessa maneira vai ser doloroso e nem por um segundo vou me sentir culpado de tomar as medidas necessárias.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora