Purgatório - Ruínas do Tempo
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Após as investidas de Abbadon, Catra achou que seria mais seguro simplesmente obedecê-la como Seth havia sugerido quando os três estavam prestes a adentrar o limbo.
Afinal, um território desconhecido que implica com seus pensamentos pode ser uma guerra perdida no final das contas.
Adora estava com os braços envolvidos contra o próprio corpo, não conseguia acreditar nas palavras que ouvira há alguns minutos. Era compreensível que sua noiva estivesse atormentada com todos os acontecimentos no purgatório, mas não doeu menos.
─ Você está bem? - Seth perguntou com cautela, quase em um murmúrio para que o ecoar da caverna não captasse a fala
─ Não importa - Adora suspirou, desviando o olhar outra vez quando captou os olhos bicolores a observando de relance ─ Precisamos sair desse lugar.
─ Você não tem culpa do que aconteceu, sabe disso, não é? - Os ombros do príncipe encolheram ─ Tenho certeza que tentou proteger seu bebê e a honra de seu povo. Sinto muito que tenha sido assim
─ Como você-
─ Demônios escutam, Adora - Ele riu baixo ─ Você acaba aprendendo isso com o tempo.
─ Por que decidiu que estar no inferno era melhor do que uma vida humana? Tudo o que descobri até agora... geralmente não temos um final feliz. Está tão condenado quanto eu estive. Tanto quanto a Catra está agora.
─ Não teve pais desajustados, não consegue entender. A resposta é mais simples do que parece, mas não é exatamente compreensível.
─ Era tão ruim assim?
─ Minha vida agora não parece tão ruim quanto antes. Cresci apavorado com a ideia de que Abbadon foi levada pelo diabo. Todas as crianças foram aterrorizadas pela ideia por muito tempo. De repente nossos pais ou o que restou para nós de uma base familiar sólida estava arrastando todos para as igrejas, nos doutrinando contra nossa vontade. O vilarejo se tornou um caos. Foi como se uma maldição estivesse caindo sobre nós. Crianças nasciam e então eram colocadas em berços cobertos por água santificada dentro do santuário para que Deus pudesse as proteger da morte.
─ E o que aconteceu?
─ A maior parte delas morreu por alguma razão. Fome ou descuido, você pode escolher se quiser. As mães acreditavam que Deus iria saciar toda a necessidade dos bebês e os deixavam lá por noites a fio. Depois que morriam, os evangelizadores culpavam o diabo por suas partidas prematuras e as mulheres por possuírem pouca fé. Nada fez sentido. Ouvíamos sobre a guerra dos anjos, algumas das crianças juravam ter visto seres de luz empunhando espadas e lutando contra sombras espessas ao cair do sol, era só uma lenda até que eu pudesse estar totalmente envolvido com a história.
─ E como foi estar envolvido nisso?
─ Obscuro. Não sou considerado o filho adotivo de Lúcifer, mas sou um príncipe. Se eu pudesse voltar a Jerusalém eu teria evitado aquelas atrocidades com tudo que tenho agora. Minha mãe ficou grávida de um profeta idiota após alguns anos... desde que o meu pai foi morto. Catra o matou, você deve se lembrar agora - Adora tinha uma vaga lembrança, provavelmente havia uma interligação, um evento próximo ao aparecimento de Uriel em Jerusalém quando tentou levá-la à força e Catra interviu, antes disso ela havia destroçado dois abusadores. O pai de Seth certamente seria um deles ─ De qualquer forma, ele fez com que meu irmão fosse morto apenas para provar que ela não tinha fé o suficiente e que estava condenada porque um dia deixou que eu me aproximasse de Abbadon. Ela me rejeitou depois disso, é claro. Não havia mais razões para continuar naquele lugar.
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The Devil's Touch - Catradora (G!P)
ChickLitAVISO: [+18] Contém intersexualidade (Catra G!P) [Não autorizo nenhuma reprodução ou adaptação desta história] Quando Catra Morningstar Wayne, a híbrida demoníaca, princesa do inferno e também uma incubus responsável por levar homens e mulheres à be...