Melhor pecado

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Ruínas do Templo de Salomão | Anos antes

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[...]

─ O que você faz aqui? - A voz estava morrendo nos lábios da incubus ferida, Adora sabia que de jeito nenhum deveria estar a procura da filha do diabo, entretanto ela não pôde se conter ao ver a entidade sendo atingida por uma lâmina angelical no momento em que seres sobrehumanos se atingiam.

As costas de Catra ficaram tensas enquanto esperava uma resposta. A túnica preta com detalhes dourados estava rasgada em algumas partes, revelando os cortes em sua pele, havia uma maldita guerra entre anjos e demônios acontecendo e tudo que a entidade pediu foi para que Adora ficasse longe por hora, mas a sua teimosia não parava de surpreendê-la.

A morena acertou um pilar com suas garras, inclinando a cabeça ligeiramente para o lado, não exatamente para olhar a loira, mas sim para tentar ver a ponta de uma lâmina cravada em seu abdômen. Ela sibilou ao tirar o projétil de seu corpo e se virou parcialmente para olhar o anjo atrás dela.

─ Me desculpe, eu- não... pensei que estivesse ferida, então...

─ Você não tem que se preocupar comigo - Adora engoliu em seco enquanto manteve os olhos na pele não coberta pela túnica, haviam rasgos no tecido revelando os músculos da entidade e seu abdômen definido ligeiramente ensanguentado.

─ Eu só- - Ela fez uma pausa e fechou os olhos para tentar se concentrar, era simplesmente demais e sua atenção não poderia permanecer intacta enquanto a incubus estava quase nua em seus trapos após a guerra

─ Vá embora, Adora.

Catra se virou lentamente, seu cabelo estava molhado e pingando ao redor de seu rosto, parecia que ela havia passado embaixo de uma cachoeira antes de chegar nas ruínas do templo, as gotas renegadas caiam em cascata por sua clavícula, Adora poderia dizer que ela o fez para tentar aliviar os ferimentos.

─ Eu fiquei preocupada com você - A loira diz baixinho, sua voz soou triste, mais do que Catra já poderia ter ouvido há muito tempo.

─ Eu sei - Ela diz, seus olhos se ergueram rapidamente com um olhar questionador e suas mãos se enfiaram nos bolsos de sua calça quase que completamente rasgada.

A sua mão ensanguentada manchou o tecido de suas calças e foi a gota d'água para que Adora se aproximasse, levou apenas alguns passos para que a mão do anjo descansasse sobre a pele da incubus, examinando-a calmamente.

─ Não é nada.

─ Você está sangrando, Catra.

─ É só um corte-

─ Cale-se - Adora ordenou enquanto se ajoelhava para rasgar um filete de sua túnica branca, utilizando o tecido para limpar os curativos da entidade.

─ Adora-

─ Você pode parar de negar minha ajuda? - O anjo manteve o olhar determinado e silencioso por um momento ─ Não gosto de vê-la machucada. Agora sente-se.

A loira observou a incubus se sentar sobre um assento de pedra, mesmo com toda ameaça aparente de que o teto poderia desabar sobre suas cabeças, havia alguns locais no templo que sequer foram tocados.

Alguns cômodos estavam repletos de almofadas empoeiradas, as fontes de água ainda estavam perfeitamente funcionais ao longo do tempo e as tochas posicionadas em suportes nas paredes ainda tinham algum resquício de que foram acesas recentemente, o que levou o anjo a pensar que a estadia de Catra aqui estava sendo um pouco mais que longa.

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora