O toque do anjo - Parte I

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Anos atrás | Cidade Antiga - Jerusalém

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A filha do diabo circundou as habitações da cidade de Jerusalém como se estivesse buscando um pote de ouro nas ruas desniveladas e desertas. A medida que seus olhos buscavam o local onde murmúrios diziam que havia um anjo caído lá dentro, sua curiosidade a inundou. Catra não sabia para onde estava indo mas se guiou prontamente pela escuridão dos becos em direção ao fluxo maior de pessoas que rodeavam o espaço mencionado, movidos pela suposta aparição de uma divindade.

Ao chegar no ponto comentado, a morena observou diversos homens e mulheres com suas túnicas empoeiradas e pés descalços ou pijamas ligeiramente rasgados. Um dos humanos, o mesmo que estava pregando coisas desconexas relacionados a ira de Deus e as maravilhas que ele supostamente teria enviado à terra - o que foi completamente confuso no quebra cabeça em seus pensamentos - se aproveitou do ocorrido para juntar pessoas de todas as partes da cidade, o maldito estava acumulando tempo para que diversas pessoas pudessem ouvir sobre o ocorrido e "presenciar" a grandiosidade do senhor dos céus enquanto ele recebia o selo de profeta santificado.

Aproveitadores.

Ignorando a possibilidade de uma conversa adequada com o povo, ela aproveitou a oportunidade onde os humanos estavam distraídos se esgueirando pelas sombras até alcançar a escada externa do lado oposto onde havia menos acúmulo de curiosos. Catra observou alguns homens empurrando os fiéis para trás, evitando que o teatro do pregador fosse desmascarado por alguém, mas ainda era bastante engraçado saber que ela acabaria com sua fama antes mesmo que ela o alcançasse.

A filha do diabo acessou a habitação quadrada pelo telhado, os blocos de calcário branco sujaram sua túnica e mãos enquanto ela deslizava para dentro de forma desajeitada. Suas mãos bateram contra as vestes uma vez que seus pés pousaram no chão firme da casa e seus olhos se arregalaram ao ver o ser celestial caído com o que parecia ser uma grave torção no pé e uma de suas asas amassada para dizer o mínimo. Por outro lado as orbes azuis se cerraram em sua direção e ela sorriu com a sensação de superioridade por não estar presa em uma armadilha.

O encontro eria um pouco melhor se elas já não estivessem infectadas pelos diversos contos nada agradáveis em seus respectivos mundos.

─ Parece que a realeza decidiu se misturar com o povo - A morena zombou sorridente, seus olhos verdes brilhando na direção do anjo ─ Ao que devemos o prazer de sua visita?

─ Você - Adora rosnou de forma ameaçadora ─ Quem você pensa que é colocando uma armadilha para me capturar?

─ Eu capturei você? - Catra riu em desdém ─ Acha que eu perderia meu tempo a jogando nesse cubículo imundo?

Curiosamente ela olhou em volta, se atentou aos gritos do lado de fora e em seguida se voltou para o anjo.

─ Você foi capturada por um humano - Adora franziu a testa com raiva ─ Não acredito, como vocês podem ser tão burros-

─ Eu ordeno que me solte. Sei exatamente como funcionam seus jogos e não estou simpatizando com você!

─ Oh, eu não preciso da sua simpatia, guarde-a para si - A entidade foi no mínimo corajosa ao verificar descaradamente o corpo do anjo ─ Sua fama a precede, alteza. Meus olhos não poderiam estar mais deslumbrados diante da sua beleza.

─ O que- como você ousa, Morningstar? - A loira tentou se mexer para libertar os braços mas ela estava presa em um nó confuso de cordas que se enroscaram uma nas outras, em sua ponta haviam bolas de pedra o que fez a incubus pensar que o homem era um grande conhecedor de armadilhas

The Devil's Touch - Catradora (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora