Apenas A Morte...

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Todos os seus sentidos começam a se apagar, seus olhos começam a pesar toneladas e antes que possa os fechar uma última vez, o homem já entregue aos braços da morte, mais uma vez vê o brilho de uma luz forte vinda da direção do mar, acertando em cheio o titã que corria para terminar o trabalho. Tentando olhar para o lado para ver sua salvadora uma última vez, ele sente os danos corroerem o seu corpo, levando consigo o resto de vida que tem em mãos. Encharcada e com seus olhos fixos no sangue que mancha a areia branca, S/n se ajoelha ao lado de Levi, tocando sua pele gélida e tocada pela sombra da morte. Seu coração quer ceder a tristeza, quer padecer ao escuro, mas sabe que não é possível lamentar, não agora.

S/n ─ Está muito enganado se acha que eu vou te deixar morrer aqui, então eu acho melhor reagir tampinha! ─ Tremendo como uma idiota, como se nunca tivesse visto cenas como essa inúmeras vezes, ela usa a tática básica para reanimar o homem, usando suas mãos para pressionar contra o peito quase dilacerado. ─ Ficou maluco ou que? Você que estar acordado se quiser viver, então manda a morte trilhar o caminho da roça, seu cretino sem tamanho. ─ Fazendo algumas ervas surgirem, ela tanta mais uma vez o reanimar com o uso delas, mas nada acontece e o homem continua ali, parado com os olhos entre abertos, como se estivesse apenas olhando o céu. ─ Isso só pode ser uma brincadeira de mal gosto... ─ Ao olhar para frente, ela vê um homem sair das carcaças do titã abatido, sentindo ódio ao ver que, até mesmo ele saiu vivo e seu amado Levi esta diante dos seus olhos sem se mexer. ─ É melhor acordar, você tem que ver isso e contar pra Hange, então se mexe seu maldito, se mexe porra! ─ O desespero é uma das armas mortais para quem tem a morte sempre no pé do ouvido, e a essa altura, o desespero consome a última parte sã da mulher.

─ Me desculpe, eu não...

S/n ─ Apenas cale essa sua maldita boca, eu estou tentando salvar a vida do homem que me salvou,

─ E-eu sinto muito... ─ S/n tenta de todas as formas trazer o homem de volta e a única coisa que resta em suas mãos, é algo que jurou nunca fazer alguém se submeter a isso, torna-lo igual ela, um escravo das vontades da deusa.

S/n ─ Se não o trouxer de voltar, eu mesma farei questão de ir até ai e força-la a fazer isso, está me ouvindo, Selene? ─ Seus olhos azulados podem ser comparados a cascatas. Seu choro é silencioso e frio, sem ter para onde fugir ou recorrer. A imortalidade pode parecer algo bom de começo, mas é uma grande ruina para quem a vive e S/n não quer essa vida para alguém que já sofreu tanto. ─ Então vamos começar... ─ Conjurando a faca de ritual, ela faz um corte em sua mão direita e a coloca sob a ferida escancarada de Levi. Com o contato entre os dois sangues, misturados e em temperaturas diferentes, as memórias passadas de lá para cá e de cá para lá, elas se tornam uma só em um espaço invisível para os olhos, obrigando a deusa a atender o seu pedido.

Lunez ─ Ele vai te odiar pra sempre, sabe disso!

S/n ─ Melhor ele vivo me odiando, do que morto e levado para longe.

Lunez ─ Vai conseguir viver com isso?

S/n ─ Eu não sei e não me importo se eu tiver que lidar com as consequências. ─ Com a ferida ainda aberta e seu sangue fluindo através dela indo diretamente para o coração parado, algo incomum passa acontecer em ambos os corpos, um lapso forte entre um e outro, um grande abalo se expande. ─ O que... ─ O vento sopra feroz vindo do leste, seus cabelos se tornam negros como a escuridão, nas feridas uma luz mágica nunca vista por seus olhos. A coisa que acontece agora, se trata de um evento no qual nem mesmo os deuses tem direito de interferir, uma ligação de almas, onde uma consome a outra.

Lunez ─ Como isso é possível? ─ O corpo no chão passa a sugar a vitalidade da mulher desesperada, que vê seu sangue ser puxado para ele, causando hematomas de suas veias rompidas, gerando uma dor agonizante. Vindo do norte um grito de dor ecoa vindo com o vento nada amigável, explodindo tudo, quebrando as barreiras de som até chegar nos ouvidos da mulher. No entanto, por ele, ela apenas deixar fluir, cedendo sua vida para que ele possa viver. Uma vida por outra, algo justo aos olhos da vadia das vadias, algo justo para os olhos da manipuladora vida. ─ S/n, o que está acontecendo?

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