O Vale Verde

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Pela manhã antes do sol nascer, ela pegou o seu veloz cavalo esquecendo-se de que pode correr ou voar em uma velocidade sobre-humana, até mesmo se teleportar para qualquer lugar que esteja gravado em sua mente, e saiu em direção a um canto incomum para aqueles que vivem dentro das muralhas, partiu sem dizer nada a ninguém após dois dias de seu surto em relação a fenda aberta no espaço tempo, coisa que descobriu assim que decidiu voltar ao sonho macabro vendo coisas que não deveriam estar ali.

Segura de si sob o cavalo marrom, um puro sangue selvagem e livre, ela cavalga em direção ao oeste da ilha onde o verde é mais vívido , o vento corre o sentido contrario balançando os cabelos da mulher para trás mostrando o rosto avermelhado e os olhos banhados em lágrimas. Não há tristeza em seu coração, nem nada que a faça se sentir mal, no seu antigo coração há apenas a sensação de finalmente ter matado o desejo de estar livre, sem ter que dar satisfação do que vai fazer. Assim que atinge o lado oeste da ilha, um cheiro familiar invade suas narinas, como se tivesse acabado de chegar em casa, e querendo saber mais, sentir mais, ela se apressa em atingir uma velocidade maior para chegar ao seu destino com mais pressa. O ar está banhado pelo cheiro da mistura de duas flores antigas, uma mistura que aconteceu em todos os mundos e são poucos os que conseguem sentir o seu verdadeiro perfume.

S/n ─ Aguente firme Spirit, já estamos chegando! ─ S/n sussurra pelo vento para que o cavalo possa ouvir, em troca de sua fala ela recebe em troca uma velocidade maior que antes. O cavalo selvagem de S/n pode ultrapassar limites de máquinas sofisticadas, de pessoas velozes e até mesmo o próprio vento, afinal, um cavalo abençoado pela natureza tem que ser o melhor. No horizonte ela pode ver um grande segundo rio que corta metade da ponta da ilha, sua cor é viva e dele vem a visão de sua casa, do reino em que nasceu antes da invasão. De sua boca um grito alto se estende pelos quatro ventos sendo levado para todos os lados para que possam ouvir seu maior lamento, já que há mais de cinco mil anos, perdeu sua família, o seu povo e tudo que tinha.

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De guarda sob a muralha do castelo, Levi com seus olhos afiados procuram pelos dela em todo o canto, sente como se tivesse perdido algo novamente, algo que havia achado assim que S/n chegou em seu mundo. Aos poucos sente a brisa misturada chegar aos seus fios negros e com ele um sussurro de dor, um grito implorando por misericórdia. Sua mão vai até o seu peito e seus olhos se enchem de lágrimas dolorosas, como se alguém o apunhalasse pelas costas inúmeras vezes em sem parar, em um loop maldito.

Levi ─ Onde foi que você se meteu?

Erwin ─ Devia eixar ela ser livre um pouco!

Levi ─ Você também ouviu, não foi? ─ Um pouco mais calmo por não ter sido o único a ouvir, ele relaxa seu corpo e se senta no chão para poder pensar direito.

Erwin ─ Foi como um lamento de dor, ela sofre pela família e eu não posso deixar que um de nós desista, mesmo que esse alguém não possa morrer!

Levi ─ Acha que ela seria tão imprudente assim?

Erwin ─ Acho, uma mulher de mais de cinco mil anos não parece ligar para as decisões do destino!

Jean ─ Com licença, vocês viram a capitã S/n? Aquele cara disse que precisa falar com ela. ─ Envergonhado por atrapalhar a conversa, Jean surge ao lado de Connie, que devora uma maçã.

Levi ─ Esse cara ainda vai ser um problema e eu viu fazer questão de arrancar a cabeça dele pra deixar de enfeite na sala! ─ Levi se levanta e pede para que os dois jovens fiquem de guarda para que ele e Erwin possam ir até Asta.

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Em frente a uma capela abandonada, S/n se vê estática encarando o monumento abandonado e as linhas de lei que dançam no ar como bailarinas do destino. As paredes do lugar parecem contar histórias, contos invertido que deveriam estar em outro lugar, mas mesmo assim ela pode ver capas avermelhadas jogadas no chão, ouvir choros de mais de uma criança, vozes enraivecidas e o puro sarcasmo de uma voz feminina cheia de mistérios.

S/n ─ O que elas estão tramando? Mas isso parece fugir do controle delas e querem que eu concerte... É isso, como eu não pensei nisso antes? Eu sou uma das únicas que as vezes pode interferir na realidade sem que nada aconteça, sou como uma carta em branco que sempre volta ao normal ao chegar no verso.

Ycaro ─ Então descobriu um dos planos das bruxas velhas? ─ O caído surge entre as ruínas da capela com um sorriso vencedor em seu rosto pálido. ─ Eu disse que seria óbvio até mesmo pra um simples cachorro, mas elas não escutam.

S/n ─ O que esta fazendo aqui?

Ycaro ─ Meu senhor mandou ficar de olho em você, não é nada demais!

S/n ─ Me diz, essa perturbação que vem abalando tudo, é obra do consumidor de mundos ou as vadias velhas estão perdendo o dom de controlar o destino?

Ycaro ─ Eu vou te contar um segredo, guardiã dos treze mundos, o consumidor de mundos não existe há milênios. Essa história foi uma mentira contada pra te tirar do seu mundo e fazer com que Hestow seja capturado e jogado aqui para ambos se matarem e matarem a todos. ─ A voz do caído da a S/n o que tanto procurava, um motivo para não se segurar e dar um fim nas velhas controladoras do destino. ─ Não tente fazer nada burro, elas podem dar um fim na vida daquele nanico por quem você é apaixonada, e eu sei que não quer isso pra ele!

S/n ─ Acha que eu seria imprudente a esse ponto?

Ycaro ─ Acho que é uma mulher de escolhas e suas escolhas tendem a levar as pessoas que gosta direto pro abismo. Sejamos sinceros, nós dois não servimos para viver em um lugar como aquele, somo almas livres, cercados pelo caos.

S/n ─ É somos almas solitárias, almas livres ainda tem chances de se livrar, nós não!

Ycaro ─ Que bom que sabe disso! ─ S/n anda até um trono que há no fim do corredor, sob um de seus braços há uma adaga adornada em serpentes, deixada ali por um tempo que não parece estar escrito. ─ Igual a adaga da sua mãe...

S/n ─ Coisas costumam se perderem e acabam chegando em lugares como esses.

Ycaro ─ O que vai fazer agora?

S/n ─ Vá até o rio há alguns quilômetros daqui e despeje isso na água, se ela permanecer igual, não há nada de errado, se ela se tornar vermelha, as teorias estão certas, se tonar-se verde, estamos em...

Ycaro ─ Em um loop quebrado!

S/n ─ A lenda das duas forças da natureza capazes de quebrar qualquer maldição, qualquer feitiço ou qualquer coisa que amarre a realidade e as pessoas, se tornará real. Isso será o fim do controle do destino pelas mãos dela e de todos aqueles que as procuram em busca de ajuda.

Ycaro ─ Você gosta da ideia de ver as malucas chegarem ao fim!

S/n ─ Não seria má ideia ver elas caírem!

Ycaro ─ O que sente por essa gente?

S/n ─ Devo protege-las com a minha vida.

Ycaro ─ Quem diria que seria alguém assim!

S/n ─ Não é nada demais.

Ycaro ─ Salvadora de almas perdidas...

S/n ─ E no meio da noite o castelo de cartas é derrubado por um sopro divino, uma mulher e seus filhos, uma santa que não é santa, vinda de longe como esperança, com seus olhos aflitos carregando consigo a fome de vingança, de ossos corroídos e levanta a sua espada e corta pela raiz o mau que a trouxe até aqui.

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─ Ora ora, o que temos aqui?

─ Estão gostando?

─ Leia Nasty Desires

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