Curvar-se

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Se parar para ver de um bom ângulo, Selene dificilmente salvaria alguém além de si mesma. Suas desculpas são como xingamentos jogados ao vento contrário que acabam voltando com tudo em nossas caras. Pedir que a mesma olhe por uma guardiã, soa como mera hipocrisia, pois Hestow sabe da verdade, ele sabe de tudo, como se fosse um deus entre meros mortais com longevidade avançada.
Proteção de um ser divino, definitivamente para ela é algo desnecessário tanto quanto dormir para ter mais dias de vida, afinal, o que a deusa da lua poderia oferecer além dos seus poderes e a obrigação de cuidar de seu amado neto?
Com a verdade escancarada em sua cara há anos atrás, o medo de aceitar o dom naquela época, passou a ser nutrido com o puro rancor e a emoção de receber, caiu por terra como nada. Em meio aos titãs, liberar aquela quantidade de energia guardada, tornou-se nada, tornou-se um relance de luz no espaço e logo sumiu, a deixando certa de que a deusa de fato não apresenta tamanha exuberância tanto quanto espalham por aí.

Ainda de pé em frente ao seu principal público, seus olhos nada covardes, transbordam ódio puro, mascarado com a ironia de sempre. Aos seus pés, estão os guardiões, civis e até mesmo Hestow, quase ajoelhados as suas vontades, insistindo em ficar em seu caminho mais uma vez.
No entanto, não haverá mentiras dessa vez, não haverá monstro devorador, três bruxas velhas, tempo corrido ou qualquer outro tipo de falácia que a faça perder seu precioso tempo. O caminho para qual escolheu deixar seus pés a guiar, quebrou de vez todo o ideal que havia sido construído, podendo molda-lo a sua maneira.

S/n ─ Por que estão tão calados? Eu tinha a certeza de que me receberiam com uma nova fogueira, forquilhas, tochas e todas as coisas que o capeta gosta. Mas vejam só, todos em silêncio como ovelhas indo para o abatedouro.

Marcus ─ Aquela maldita viagem devia ter te matado, por quê ainda está aqui? ─ Com seus olhos ensanguentados por lágrimas de sangue, o homem ousa impor-se contra a majestosa força da mulher. Ao fundo, seus novos aliados vão surgindo aos poucos, tomando lugar em frente a pequena escadaria para que nenhum ouse interferir na chegada triunfal da rainha de Lótus.

S/n ─ Esses anos de banimento não te fizeram bem ou a falta de ar derreteu o seu cérebro? Eu não posso morrer e mesmo se eu pudesse, jamais daria esse gostinho a vocês.

─ Sua mãe teria nojo de você, teria vergonha do monstro que se tornou, sua maldita.

S/n ─ Oh, que coisa feia da sua parte, Elentari, tratando a própria sobrinha dessa maneira? Com certeza ela adoraria saber que, ao invés de ajudar a querida filha dela, você desejou que a mesma morresse a míngua em uma vala qualquer, uma criança.

Elentari ─ Acha que suas palavras vão me tirar a sanidade? Eu conheço pessoas do seu tipo e sei bem o que elas querem.

S/n ─ Se realmente me conhecesse, estaria curvando-se diante de mim nesse minuto me reconhecendo como a verdadeira rainha dos elfos, a legítima herdeira de ambos os reinos. ─ O vento sopra agressivo de todos os lados balançando a capa vermelha da mulher a removendo em seguida mostrando seu rosto quase pálido, seus cabelos brancos e as costumeiras marcas feéricas de nascença. No seu corpo o antigo traje da guarda, uma armadura branca dos pés ao pescoço, adornada em ouro e prata, encantadas por runas sagradas e feitiços de grande poder.

Elentari ─ Você nunca será a nossa rainha, nem mesmo o seu irmão bastardo, um ainda mais indigno e impuro como ele!

S/n ─ Nunca mais ouse falar do meu irmão dessa maneira, sua vadia infeliz. Acha que eu não sei das suas saídas no meio da noite para encontrar aquela feiticeira híbrida? Seu marido adoraria saber as coisas que faz durante a noite.

Erwin ─ Querida, creio que não seja hora de alfinetar seus parentes, temos pouco tempo até que tudo seja acabado em todos os lados. Levamos oito meses para nos preparar para a chegada da convergência e os planos espirituais, perder não é uma opção.

S/n ─ Tem razão... Isso não vai acabar por aqui, Elentari e muito menos com você, Hestow o caído. Descobri coisas sobre, a vossa "malvadeza", que gostaria de saber se são boatos ou verdades.

Hestow ─ Meu amor, você me deve muito, principalmente por ter se tornado quem é hoje!

S/n ─ E você deve muito mais, principalmente por ter trago até aqui aquela maldita invasão, filho de Stien. ─ S/n reverencia o seu amado público, deixando para Hestow o gostinho de querer que seu coração seja arrancado. Ninguém nunca de fato soube qual alma impura havia profanado o reino da guardiã e algo de tal gravida ser revelado da maneira mais inapropriada ao ver do caído, em frente a um amontoado de pessoas, é pedir que uma guerra se inicie. ─ Divirtam-se. ─ Com elegância, a mulher ergue sua mão livre abrindo caminho entre as pessoas assustadas de roupas surradas e feridas de modos aparentemente incuráveis. Sem delongas, a marcha se inicia ao dar o seu primeiro passo, pisoteando tudo aquilo que não lhe convém, amaldiçoando terra por terra como quem desgosta de tudo. Tendo ao seu lado um general e o filho, não há muito que possam fazer ou ao menos tentem fazer.
As fênix voltam ao céu e os animais antes curvados a majestade, colocam-se de pé e marcham ao lado da rainha, espantando para longe os demais invasores.

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Pode haver um grande diferencial entre a Terra dela e as mil e uma outras espalhadas por aí. O mundo no qual chama de seu, é regido por uma poderosa força incomum, sendo o único de todo seu universo. Sua beleza tamanha massacra qualquer outro, sua vida abundante faz inveja em quaisquer massa que tenha sua figura parecida, as criaturas com vida dentro de si, encorajam a pensar que, não há tamanha beleza em outro lugar como esse lugar.
Ao sair das vistas daqueles que a odeiam por nada, a natureza a sua volta sorriu e como começo, montou em seu selvagem cavalo e galopou em direção ao seu amado lar, que ainda em cinzas a aguardava chegar após tantos anos. Por onde passou, a atenção foi chamada, as pessoas se levantaram para ver, as paisagens abriram caminho para que ela pudesse passar, as fênix que outrora estavam escondidas, rodopiaram pelos céus, era chegada a hora de relembrar o povo, quem são os verdadeiros donos do mundo.

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─ Desculpem o atraso

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