Não diga besteira

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Era manhã do dia seguinte, o barulho do lado de fora parecia tão calmo, o silêncio dominava, a cidade movimentada parecia estar com preguiça de acordar. Muito calmo para meu gosto. Steve também parecia sereno, assim como a cidade. Ele mantinha a postura sentado na beirada da cama, pensando o que fazer de sua vida provavelmente; com a nossa vida. Seu cabelo loiro tinha pequenos fios sobre o rosto, com os olhos semi fechados, o cansaço era visível, preguiça duvido muito. A camiseta branca fazia sua pele branca ainda mais pálida que o normal, parecia um belo príncipe de contos de fada.

– Vá lavar o rosto. – Disse. – Daqui a pouco vamos parecer dois zumbis. Isso anda cansativo demais...

– Vem cá. – pediu ele estendendo o braço. – Estou com uma sensação estranha....– Explicou, enquanto aproximava meu corpo ao dele.

– Parece que tem alguma coisa errada. – respondi, sentindo seus braços fortes me envolvendo em um abraço, o deixando encostado com o rosto sobre meu abdômen. – Parece que está faltando algo... e um desânimo dominou. – levei ambas as mãos ao cabelo loiro do homem, acariciando levemente, percebendo que aquilo o deixava mais calmo.

Jantamos com minha mãe noite passada. A comida não estava no mesmo nível de sempre – as ondas de choque da verdade sobre ambos pareciam ter se propagado até a cozinha, pois a comida não havia parecido a melhor – e não houve muita conversa. Steve e ela pareciam abalados pela magnitude do que havia acontecido. Não havia sequer o fluxo contínuo de opiniões, fofocas e comentários sobre os eventos do dia. O dia havia sido cheio, e ele precisava recuperar as energias para o que viria a seguir.

– Vá se arrumar. – pedi. – Que vou dar uma arrumada na casa... por mais que ame minha mãe, ela não ajuda lavar a louça.

Nos separamos depois de um minuto, já que estar ali abraçados passava a sensação de conforto, e segui até a sala. E depois de mais um minuto pensando no que deveria fazer, a minha casa não era a mesma fazia muito tempo, o local que sempre era considerado altamente organizado e limpo, parecia um perfeito campo de batalha, coisas fora do lugar e coisas para limpar na cozinha – acho que estava abrigando uma gangue de motoqueiro ao invés de super heróis.

O barulho da maçaneta sendo girada fez com que saísse do meu pequeno transe e olhasse em sua direção, e em seguida o barulho da campainha, por fim a voz de uma mulher familiar pedindo para entrar. Era ela de novo, mãe. Caminhei até a porta rezando baixo, para não acontecer nada de estranho e que por fim termos um dia de paz. Ali estava ela, com seu cabelo curto perfeitamente alinhado, acompanhado por belos pares de brinco, com uma blusa social branca e uma calça bastante larga.

– Oi filha! – falou ela toda animada. – Vá se arrumar, que iremos sair para as compras e em seguida um almoço fabuloso.

– Mãe... – sussurrei. – São apenas sete da manhã.

Ao responder isso percebi que seu olhar, parada enfrente a porta parecia estranho e congelado, segui a direção avistando o homem no outro lado da sala usando apenas uma calça jeans, e com uma escova de dentes na boca.

– Acho melhor os dois irem se arrumar, por favor. – ironizou a mulher, fechando a porta atrás de si. – Vamos, vou te ajudar escolher uma roupa.

Ela apenas empurrou meu corpo em direção ao quarto, e com o olhar mandou Steve de volta para o banheiro terminar de se arrumar, e obedeceu sem nenhuma reclamação. A sensação estranha de sua mãe chegar do nada em sua casa e achar um homem sem camisa com o corpo todo definido em sua sala de estar, não era uma das melhores, podia sentir o rosto queimar.

– Você gosta mesmo dele? – perguntou ela do nada, encostando a porta do quarto e indo em direção ao guarda roupa. – Ainda não terminamos o assunto de ontem. Preciso ter certeza do que estou fazendo é o certo...

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora