Explosão

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Liv

Era fim do expediente e eu estava ansiosa por um descanso, o dia tinha sido bastante corrido, mas pelo menos tive com quem conversar por algum tempo. Era a primeira conversa normal e decente de verdade que tínhamos, e devo dizer que fiquei feliz por ver esse lado mais gentil e cavalheiro.

Não que ele não tivesse sido gentil e cavalheiro em outros momentos, mas não ter os amigos por perto para lembrarem-no da constante da autovigilância que precisava manter o deixava um pouco mais "solto". Além que foi bastante engraçado o fato dele ter se perdido entre as palavras tentando explicar o sentido da frase que havia dito, sobre gostar de mim, pelo visto ele nunca foi muito bom em conversar com mulheres.

Estava recolhendo os talheres e louça das mesas vazias, equilibrando todas na bandeja e esperando os últimos clientes saírem. O fechamento da lanchonete era tão claro que, tirando o cozinheiro, todos os funcionários estavam ajudando na limpeza.

– Depois de um dia como esse, uma cerveja gelada é uma benção. - Comentou a dona com um suspiro.

– Se a chefia pagar, todo mundo vai de bom grado. - Brincamos aos risos, claro que pagamos a nossa parte, mas não custava nada brincar.

Ouvimos um estrondo vindo da cozinha, o último cliente tinha acabado de sair fazia menos de cinco minutos. Parecia algo que tinha caído e explodido em milhares de pedacinhos.

– O que aquele bêbado fez agora? - Perguntou-se a dona antes de abrir a porta para a cozinha.

Sabe aqueles momentos que a sua vida está correndo perfeitamente bem e do nada acontece alguma coisa que simplesmente te dá uma rasteira e coloca sua vida de ponta cabeça? Algo que você realmente não esperava acontecer de tão absurdo?

Pois então, foi assim que me senti quando aquela porta foi aberta.

Primeiro veio o clarão, depois veio o calor, então veio o impacto e pôr fim a dor. Eu estava no fundo da lanchonete e fui jogada ainda mais para o fundo, batendo contra a parede e caindo com tudo nas mesas e sendo cercada por cacos que me cortaram e furaram em vários lugares, a dor imediata nem me deixava levantar.

De um segundo para o outro a lanchonete tinha sido tomada pelo fogo e a cozinha emitia várias explosões com cada novo equipamento destruído. O corpo da minha chefe estava jogado no chão, toda sua fronte estava derretida e queimada pela explosão que a atingiu quando abriu a porta e a lufada de ar avivou ainda mais o fogo. Meus colegas e amigos estavam caídos e machucados, alguns em estado como o meu e outros em melhor estado; minha chefe era a única mais urgente, isso se ainda estava viva.

Eu consegui pensar em muitas coisas enquanto ainda estava caindo e assimilando a situação de perigo, eu era a que estava mais longe da porta e um pedaço do teto ainda tinha caído com a explosão. Meu primeiro pensamento foi que iria morrer ali porque eu não ia conseguir sair nunca. Meu segundo pensamento foi que eu tinha que levantar não importava como. E meu terceiro pensamento foi que eu não conseguia e eu iria morrer mesmo.

– O....Liv...!!! - Ouvi gritarem meu nome distante.

Olhei e vi meus amigos sustentando uns aos outros, tentando sair daquele pequeno inferno que tinha se tornado a lanchonete. Tinha gente ali que claramente precisava de um hospital com a máxima urgência e até mesmo minha chefe estava sendo carregado para fora. Eles estavam em lugares fáceis de chegar, só eu estava do outro lado do fogo cada vez maior.

Eu tentei responder, mas a voz sumiu de dor e não tinha como eu gritar onde eu estava. Doía tanto, mas tanto que eu não tenho nenhuma comparação viável para dizer como dói.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora