Entrelaçados

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Engraçado pensar como tudo foi acontecendo entre nós dois. E não há nada que faça eu querer mudar o que já temos. E não adiantaria se eu tentasse ser diferente do que sou, saber entender o outro e compreender cada parte de um todo, uma tarefa bastante difícil. Nossos destinos foram entrelaçados em algum momento da história. Se o destino nos quis assim, quem somos para não seguir nossos caminhos estranhos e turbulentos.

Quando pedi para que Steve colocasse a sua melhor roupa, significava uma das únicas que ele possuía e esse pensamento acabou tornando-se um dos outros motivos para sairmos, iríamos fazer compras para o senhor engomadinho, por minha conta. A única roupa que usava quando o dia esfriava era aquele moletom preto com a jaqueta de gola, ele precisava de um novo disfarce e adoraria ajudar, com toda certeza. Sentia pena dele e dos seus amigos, que num momento eram colocados num pedestal e no outro não possuía nem roupas boas para usar.

O puxei para fora do apartamento tão rápido, que ele nem percebeu que não havia colocado a bota ortopédica, ou ele percebeu mas apenas deixou passar batido, e eu agradecia por isso, parecia mais compreensível, amigável e fofinho; apenas torço para que ele não me obrigue colocá-la novamente, aquilo era um peso extra.

– Não acredito que você me obrigou fazer isso. – Comentou o mesmo com um sorriso engraçado nos lábios, por detrás de uma risada. – Ainda acredito que não vai adiantar em nada. Tudo o que você precisa é o plano, o roteiro e a coragem de avançar.

– Ambos precisamos sair mais de casa. – Respondi. – Você mesmo falou que não é saudável ficar trancado o tempo todo. Vamos sair, conversar, ver pessoas e fingir que somos pessoas normais no meio de pessoas normais, e vai ser divertido.

– Nunca fui bom em me divertir. – Retrucou Steve, passando um dos braços por cima dos meus ombros, abraçando como um casal, enquanto uma pessoa passava correndo atrasada ao lado. Mais como um modo de proteção, do que liberar passagem enquanto estava distraída conversando. – Você precisa prestar mais atenção nas coisas, ver como ela realmente são. E nem ficar no meio do caminho para ter certeza que vai acontecer uma visão.

– Eu nem pensei isso. – Menti na cara dura. – Nunca fui nessa mulher, mas a Milla já foi e disse que ela acertou bastante na parte, que a vida dela mudaria por completo. E isso aconteceu mesmo depois da explosão...

Caminhávamos pela Joralemon street, prestando atenção nos prédios altos que cobriam a região do Brooklyn. O céu começava a escurecer assim como as pessoas que começavam a sair para as ruas movimentadas, aquela região era movimentada o dia todo, a cidade não parava. O lugar que a cartomante atendia, era no outro lado da cidade, na região de Manhattan, então como uma boa pessoa que sabe economizar dinheiro e tempo, a melhor opção era ir de metrô, além que nesse horário seria bastante lotado. Ir até a Borough Hall, e descer até 81 Street-Museum of Natural History, era o menos dos nossos problema, melhor, o maior problema era arrastar Steve para dentro, mesmo com minha opinião que ninguém o reconheceria.

Ninguém prestava atenção na gente, parecíamos apenas um casal normal de namorados andando no fim da tarde para um encontro romântico. As pessoas não encaravam, no máximo apenas olhavam de relance já que Steve possuía um corpo bastante musculoso e grande, mas de resto não. Não existe melhor lugar para se esconder de todos, a cidade de New York recebe milhares de pessoas todos os dias, pessoas diferentes, tanto de personalidade e aparência, e ninguém dava a mínima, eles apenas cuidavam da própria vida.

– Relaxa Steve. Mesmo me abraçando, seus músculos estão muito rígidos. – Comentei. – Veja, ninguém percebe quem é você. Agora você é apenas uma pessoa comum, no meio de todas outras pessoas com roupa de inverno dentro de um buraco subterrâneo gigante.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora