Anamnese

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Existia partes em meu corpo qual nem sabia que era possível sentir e muito menos sentir dor ali, mas infelizmente era assim que me sentia, doía tudo, apenas de mexer um músculo do pescoço para o lado podia sentir todos os ossos trincar. Fazia poucas horas que havia acordada, as coisas em minha volta ficavam confusas e não faziam muito sentido, apenas a forma escura do paletó de Marcus que era irreconhecível ao meu lado quando despertei. Como sempre ele era o meu melhor amigo, quase um irmão para quem sempre pudesse contar, e bem, agora era meu responsável, mesmo sendo maior de idade ele fez questão de pagar todos os custos do hospital, e claro, não podia reclamar.

Ele também não quis responder minhas perguntas sobre o que aconteceu realmente e se todos estavam bem... com um longo tempo de resposta pude perceber, que não, a última visão da chefe deixava mais do que óbvio que a mesma não resistiria aquela explosão, meus olhos começaram a lacrimejar mesmo que se percebe. Antes que ficasse mais agitada a enfermeira pediu para que ele se retira-se, assim ficando sozinha novamente.

O teto claro do quarto apenas com um abajur ao lado da cama, era considerável que mesmo de olhos fechados podia ver uma movimentação do lado de fora, podia sentir a presença. A pele coberta pelos cobertores de pelo, um presente agradável do senhor riquinho, protegendo da noite gelada que caia sobre New York. Permaneci parada, fingindo ainda estar dormindo, sentindo uma sensação estranha de perigo.

– A reencarnação faz parte do processo evolutivo do espírito e necessário para a sua melhoria da conduta moral. – A voz áspera e fria soava bastante baixa, como um sussurro para alguém bastante próximo, como uma canção de ninar aos ouvidos. A voz era desconhecida por mim, porém, não precisava falar nada para saber de quem era o dono. – O espírito transcende tempo e espaço, e não falece quando o corpo deixa de funcionar, portanto ele é eterno, mesmo depois da morte. Algumas religiões acreditam que tal alma é mandada de volta para vida para terminar o que começou, que cada um têm uma missão... Depois de muito tempo, começo acreditar sobre essas crenças.

Ao abrir os olhos pude ver o homem parado em minha frente, usando uma roupa social preta com um sobretudo em cima como alguém bastante importante ao um evento de gala. Sua pele branca, quase transparente destacava ainda mais seus olhos azuis como dois cristais marinhos; o cabelo penteado para trás, combinado com uma barba impecável. Era o inumano que a shield procurava, mesmo nunca o tendo visto nenhuma vez pessoalmente, por algum motivo sentia que o já conhecia, e que eu o odiava.

– Provavelmente você não se lembra de mim. – Continuou ele. – Quando lhe conheci, possuía uma outra vida e outro nome... A parte mais intrigante até mesmo para mim, é sua aparência, simplesmente idêntica. Acho que devo começar a fazer pesquisa sobre isto. As pesquisas de Reinhardt realmente são ótimas, mas nada se compara a isto, você simplesmente é maravilhosa.

– O que você quer? – Esbravejei, chamando sua atenção ainda mais para mim.

– De você? Nada, minha querida. – Respondeu com um sorriso largo nos lábios. – Apenas quero ter a absoluta certeza de que você não vai intervir em meus planos novamente.

– Como poderia? Eu nem te conheço. – Retruquei, podendo sentir as dores aumentando à medida que falava. – Você é o culpado pela explosão.

– Sim, minha querida. – Respondeu, destacando o 'Querida' novamente em sua voz. – Sou o culpado pela aquela linda explosão. Na verdade, apenas controlar a mente do cozinheiro para fazer o que desejava... então meia culpa. – Disse por fim. – Você não morreu, de qualquer modo não era a minha intenção, apenas queria confirmar uma coisa de você, mas se morresse também não seria um problema.

– Se você não quer nada pode sair. – Disse, gesticulando para a porta enquanto ajeitava a coluna sobre a cama para o enxergar melhor, rosto a rosto.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora