Prequel

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– Solta ela, cara. Você não precisa fazer isso. – A voz dele era familiar, mesmo que tentasse lembrar da onde a conhecia, não tinha cabeça para pensar sobre isso.

Ele apenas abaixou os braços deixando as sacolas pesadas de compra no chão molhado de um modo bastante calmo, levantando-os em seguida como quem não quisesse brigar. Não sabia, quem ele era, nem importava no momento, só queria ajuda.

Nunca fui religiosa, porém sentir aquele objeto pontiagudo tocando em meu corpo, comecei a rezar e pedir ajuda para todos os Deuses e Santos que conhecia. Minhas pernas balançavam, meu corpo todo tremia, queria mostrar confiança e força com a situação segurando o choro. Então o homem loiro voltou a tomar iniciativa, ele caminhava para mais perto com passos curtos.

– Se você quer dinheiro, pegue o que eu tenho também, mas deixe a garota fora disso. – Propôs com expressão gélida em seu rosto escuro, não demonstrando medo ou qualquer outro tipo de emoção. – Vamos conversar, não precisa levar para a violência.

– Quem você pensa que é para falar o que devo ou não fazer? – Rosnou o bandido como um cachorro de rua, forçando cada vez mais a faca sobre o tecido da roupa. – Vai fazer o que? Chamar a polícia? – Caçoou.

– Se eu fosse você, não faria isso. – Sugeriu o loiro já bastante próximo da gente, podendo ver que seus olhos eram claros, mostrando confiança enquanto falava.

Nos momentos seguintes, não consegui processar ou prestar atenção no que realmente aconteceu, pelo fato de ter pouca iluminação na rua e pela rapidez que tudo aconteceu. O loiro puxou o pulso do bandido fazendo com que ele retirasse a faca da minha cintura sem que me machucasse, virando o braço por inteiro para trás, fazendo que ele gritasse de dor. Ele segurava seus braços nas costas, o cachorro raivoso tinha sido contido apenas por um homem, ele gritava entre as dores xingamentos para ambos.

– Corra, agora! – Exclamou, sem ao menos virar o rosto para mim.

Não precisava repetir, apenas com toda adrenalina e medo que corria entre minhas veias criei coragem e sai correndo pelas ruas escuras...

++

Esse foi o "Princípio", "Introdução" ou apenas "Prelúdio" A palavra prelúdio vem do latim "praeladium" e significa a experiência prévia de algo. Assim, prelúdio é aquilo que permite introduzir algo diferente. Certos acontecimentos são frequentes de tal forma que primeiro acontece algo e logo vem outra circunstância. Esses acontecimentos ocorridos naquela noite, tanto os homens desconhecidos no bar quanto a tentativa de assalto, já estavam premeditados, a existência do destino supõe que nada acontece por acaso, mas que tudo tem uma causa já predestinada, isto é, os acontecimentos não surgem do nada, mas sim desta força desconhecida chamada destino. Ninguém espera o que vai acontecer no seu futuro, que vai achar um grande amor ou simplesmente achar um alienígena andando no meio da rua.

E se o destino é uma questão de escolha, qual seria a sua? Seguir pelos sentimentos ou pela razão? Se nada disso tivesse acontecido...

Já havia passado cerca de um mês desde aquele dia, por algum motivo não conseguia tirar de minha cabeça, era sempre o mesmo pensamento, as mesmas cenas e sua voz. Estava ficando louca, todos já sabiam menos eu. Ficava esperando o dia que o homem estranho entraria pela porta da lanchonete, para que pudesse pelo menos dizer um obrigada por ter salvado minha vida, também poderia ficar com vergonha e nem falar nada, até mesmo não o reconhecer e deixar passar batido como um ninguém, acho que no fundo somente um obrigado já serviria.

– Liv! Olivia, acorda! Terra chamando!

– Estou acordada. – Respondi com um sorriso irônico nos lábios, para minha nova companheira de trabalho.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora