Destino

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Existem coisas que não sabemos explicar, principalmente os sentimentos. De primeiro a ideia era o fazer calar a boca, ficar quieto, minha cabeça naquele momento doía, não conseguia mais entender nada, muito menos pensar, nem o que responder, e ele ficaria ali o dia todo falando. Sabia que deveria escutar os conselhos ou orientações, era coisa típica do senhor engomadinho fazer um discurso sobre o perigo que corria, não discordava, sei que minhas ações foram perigosas e um pouco idiota. Ambos estávamos com os nervos à flor da pele, a briga foi adiada muitas vezes. O mais engraçado é que depois de tudo, parece que ficamos mais próximos do que antes, e não apenas o fato de tê-lo beijado. Parecia mais leve, bem comigo mesma, como se tivesse tirado um peso das costas, melhor, isso aconteceu depois que confessei para mim mesma que gostava dele de verdade, ao mesmo tempo que não sabia diferenciar se era apenas uma admiração, ou coisa do tipo.

Parecia muito infantil o que fiz, foi muito clichê, virei aquelas meninas idiotas e apaixonadas dos filmes que passavam no fim da tarde na tv. Depois de beijá-lo segui até o quarto, trancando a porta e começando a surtar, não conseguia desmanchar o sorriso do rosto, as bochechas até doíam de tanto que sorria, e depois foi uma das melhores noite de sono que tive depois de muito tempo, a cama parecia um marshmallow gigante que meu corpo afundava em um perfeito sono.

No dia seguinte pareceu que nada aconteceu, absolutamente nada, Steve parecia sem graça era mais que óbvio e eu também, apenas trocamos sorrisos de cabeças baixa segurando o riso como duas crianças depois de brigar, podendo sentir as bochechas queimarem de vergonha, o que vindo de mim não era normal, sempre fui um tanto sem vergonha em certas coisas. Só que ao final do dia, lembrando do pequeno fato que quase levantei as duas da tarde, Capitão recebeu uma visita inesperada pela porta da frente. Era Natasha e Sam, eles ficaram parados ali na porta dando apenas um aceno com a mão, mostrando respeito pela última vez e pediu para que Steve o acompanhasse, não reclamei, não fiquei com raiva nem nada, apenas imitei a Yzma falando "Vá com Deus" enquanto estava jogada no sofá com as pernas para cima de pijama, recebendo olhares de "Que bosta ela tá falando?" e depois saíram, ficando sozinha em fim em casa. Nem Marcus ou Milla deu sinal de vida, Marcus ocupado bastante com o trabalho provavelmente, agora que ficou encarregado de descobrir o paradeiro do Jackson junto com a polícia, carregando o título de advogado das vítimas, Milla só acordaria no dia seguinte conhecendo ela, então teria o tempo todo para pensar.

Coisas apagadas na memórias começaram ficar mais claras, se organizando como peças de quebra cabeça, tinha coisas ali que faziam sentido mas em outras perdiam o completo sentido, e parecia que apenas eu pensava sobre elas. Steve e sua turma parecia mais do modo "Tiro, porrada e bomba" mesmo sendo os mais inteligentes, eles tinham mais coisas para se preocupar, eu sei. Mas sabe quando uma coisa fica cutucando em sua cabeça, alertando que é algo importante e que precisa de atenção, ou quando você sabe o que tudo isso significa, porém não consegue lembrar... é como se as coisas estivessem bem guardadas em minha mente, em um local qual não possuía mais acesso.

Lencaster alegou várias vezes, que teve um tipo de relacionamento comigo, que no final acabou me matando, até mesmo pediu para que ficasse fora dos seus planos novamente, pois não gostaria de repetir seus atos. A dúvida era o tipo de relacionamento, havia mesmo tido um caso românico e o abandonei no altar? Existia o outro lado da história, qual é o problema dele com o Steve, se eu sou a reencarnação da tal Virgínia, e ele não sabia da minha existência nessa nova vida até ele encontrar o Steve... era estranho pensar dessa forma. Existia alguma coisa que não estávamos prestando atenção e eu descobriria.

Sempre fui apaixonada por coisas misticas, magia, coisas obscuras, sendo a estranha da família. Possuía bastante conhecimento, o suficiente para entender que tudo estava ligado, que meu encontro com Steve não foi por pura coincidência, as coisas começavam a encaixar de modo medonho, tudo parecia interligado, eu, Lencaster, Steve, meus poderes...

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora