Estranhos

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Meu coração não havia parado de bater rápido, ele ainda pulsava de adrenalina e de medo, com a pele formigando, sentia frio, mesmo estando bem agasalhada. Depois que eles saíram do cômodo, ficando sozinha ali naquele local estranho, as paredes geladas não demonstravam emoções, o céu nublado no lado de fora da pequena janela, parecia triste e preocupado. Queria sair, queria voltar correndo para a lanchonete ou para minha casa, em conforto e segurança.

A única coisa diferente ali era que o negro, Sam, esqueceu o bloco de papel junto com uma caneta, estiquei o braço por impulso, para pegar. Era simples, de tamanho pequeno A5, de capa dura com pautas em azuis, passei entre as folhas procurando por qualquer coisa, porém não existia nada, estava completamente limpo

Acho que ele não reclamaria caso aparecesse alguns desenhos aleatórios. Desenhar seria um ótimo modo de fazer o tempo passar mais rápido, até o retorno deles, só não sabia o que fazer. Por algum motivo o rosto gélido dele não saia de minha cabeça, aqueles olhos azuis claros. A imagem que sempre tive do famoso Capitão América, fora um homem forte e gentil, com emoções humanas, diferente de Tony Stark, que era por completo homem de ferro. Mas agora não existia nada, ele era apenas um receptáculo lutando por sua vida do modo que conseguia, só então reparando que havia começado a rabiscar um escudo, o escudo dele. Não estava tão perfeito, minha habilidade de desenho havia sumido, ou era o nervosismo. Um lado da folha deixei ele perfeito, no outro desenhei ele quebrado ao meio, o sentido disso era óbvio.

Parecia que ficaria por um bom tempo ali, sem fazer nada. Era uma prisioneira, a vítima, é claro, não posso ficar bisbilhotando, mesmo que pudesse, não ficaria muito bem, o que restou foi ficar desenhando, a parede amarelada com as cortinas vermelho escuro.

O som abafado da voz de um homem ecoava em minha mente, meu olho lutava para continuar fechado. Acho que a canseira da semana toda, apareceu quando me encostei neste sofá confortável. A voz ao fundo continuava, agora um pouco mais alto, dando para entender o assunto. Era a voz de uma mulher e de um homem, eles discutiam sobre mim, o que fariam a meu respeito, a voz masculina era do capitão, ele alegava que eu era uma boa pessoa e comum, que tudo isto não passada de um grande mal-entendido, por outro lado a mulher discordava, afirmando que as seguranças deles haviam sido comprometidas. O nome dela era Sharon, e parecia bastante próxima dele, também descobri que trabalhava para o governo; a ideia doida dela era mandar os "heróis" para outro lugar, ou eu.

Até poderia continuar fingindo que dormia, porém odiava que outros tomassem decisões sobre minha vida, sem falar comigo antes. Poderia ser uma péssima ideia entrar de intrometida no assunto ainda mais dando uma ideia totalmente diferente da dela, mas eu sou uma vítima tanto quanto ela, não queria que nada disto tivesse acontecido, não deveria ter seguido uma paixonite idiota, que causaria todo esse problema para minha vida e dos outros.

– Ou vocês poderiam me deixar ir para casa, fingindo que nada aconteceu. – Empurrei meu corpo para cima, ficando sentada no sofá, passando as mãos no rosto tentando tirar a cara de sono e de quem não dormia direito a semanas.

Os dois olharam para mim com aquela cara mórbida, do tipo "O que essa garota está falando? ". A mulher, Sharon tinha cabelos loiros sobre o ombro, usava roupa social preta. Ao me ver ela, ficou fitando com a aparência de quem não havia gostado nada sobre o meu comentário.

– Você pode ser morta por isso, você sabe? – Perguntou ela de uma forma, soando mais como uma afirmação.

Sabia que podia ser morta, tanto por eles ou por outros, e isso me matava por dentro de medo.

– Eu só quero ir para casa. – Falei, levantando do sofá ficando frente a frente com ela, pois nossa altura era quase a mesma. - Escutei uma parte da conversa, vocês podem mandar seguranças ou sei lá o que ficar de olho em mim. Vão perceber que não sou uma ameaça.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora