O andar bêbado

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O homem loiro que vestia uma camiseta xadrez azul, que tinha certeza de já ter visto ele usando essa roupa antes, chegou próximo da gente com o rosto abaixado prestando atenção em sua mão enfaixada. A mulher ao meu lado, apenas lançou um olhar junto com um sorriso largo nos lábios, entendendo imediatamente que se tratava dele, ela levantou-se da cadeira carregando o filho no colo, sussurrando um "Boa sorte".

– Demorei muito? – Perguntou o mesmo, olhando a mulher se afastar. – Você é boa em fazer amigos.

– Não muito. – Respondi. – Apenas estava batendo um bom papo sobre homens e super heróis.

– E sobre o que conversaram? – Perguntou Steve se sentando ao meu lado. – O médico mandou esperar meia hora, para ter certeza que não voltará abrir.

– Você. – Respondi sendo sincera, por mais que seja estranho contar para ele, acho que no fundo ele gostaria de saber que ainda existe pessoas que gostam dele. – Era a mãe do menino com o seu boneco. Perguntei o motivo que ela comprou, justamente por ser o Capitão América. E o que me surpreendeu foi a resposta. Segundo ela, você é o mais inocente, humano e bondoso dos vingadores, pelo menos foi o que entendi.

A expressão dele foi como um clarão, podia enxergar um sorriso escondido entre a boca, que pedia para ser revelado, formando apenas um de canto, enquanto me encarava com uma aparência serena.

– Então enquanto estava lá sendo costurado, você ficou aqui fora fazendo fofoquinhas sobre mim? – Perguntou Steve, com ar de zoação. – Eles colocaram anestesia, porém, ainda sim senti.

– Não foi fofoca, apenas estava defendendo sua honra. – Conclui sorridente. – E querido, você é o Capitão América, e não o Luke Cage, então ainda pode ser furado, cortado, estripado...

– Quem é Luke Cage? – Perguntou o homem confuso.

– Sério? – Indaguei. – Algumas horas parece que vocês, vingadores vivem em outra dimensão ou precisam sair mais de casa. Você não foi o único ser modificado... Essa vai ser sua lição de casa.

Steve parecia bastante confuso quando falei a última frase, era engraçado como eles viviam dentro de seu mundinho e esquecem que o mundo é grande demais, e pelo fato que as coisas com quais eles brigavam poderiam ser mais sérias, mas ainda sim, era estranho um super herói como ele não ter contato com nenhum dos outros, ou nem ao menos saber sua existência.

– Já pensou sobre formigas alguma vez? – Perguntou Steve Roger no modo mais aleatório existente, olhando fixamente para a porta branca aberta no outro lado da sala.

– Além do fato de que atacam sanduíches de geleia em piqueniques, não posso dizer que prestei muita atenção nelas. – Balancei a cabeça em negativo, recebendo um sorriso largo em reação da minha resposta, mandando uma ainda mais sem sentido. – E o que há de tão maravilhoso na comida americana?

– Filés. – Respondeu Steve com simplicidade. Ele estava apoiado no braço da cadeira, com as costas relaxadas, com um pensamento distante. Os olhos azuis pareciam observar algo que não conseguia ver. – Grandes filés grelhados na brasa. Grelhados direto, com a parte de fora crocante, e não mole como a dos franceses, que parecem ter sido passado rapidamente sobre uma vela acesa. E nada de bife nadando em um molho cremoso e alcoólico. – Ele suspirou, e sua natureza normalmente alegre deu um lugar a uma inesperada tristeza, que sempre voltava surgir. – Vamos voltar para as formigas.

– Como chegamos nesse assunto, de filés e formigas? – Perguntei. – Acho que a anestesia fez mal.. – Terminei empurrando sua cabeça para o lado, sentindo o cabelo macio em meus dedos. – E o que você quer dizer sobre as formigas?

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora