Começo do fim

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Steve

Faltava pouco para uma da manhã, e ainda não havia retornado para casa de Liv. O encontro com Sharon trouxe lembranças, ou momentos que nunca pudemos ter ou aproveitar, de dois amigos próximos sentados em um bar conversando sobre a vida, ficamos ali sentados, falando de um pouco tudo. No final, Sharon já havia passado da conta em questão de bebida, não podia deixar que ela voltasse sozinha para o apartamento dela, o de verdade, e não o que morava ao meu lado.

Chamei um táxi e a acompanhei até seu andar, a deixando em frente a sua porta. Sharon resmungou várias e várias vezes que não estava tão ruim, que sabia beber, não queria aceitar a ajuda, porém, também não a recusou, fui com ela até ali e nos despedimos.

Voltei para rua, respirando o ar gelado. O inverno cada vez mais ficava mais próximo, o mês chegava ao fim junto com os últimos vestígios de calor. A cidade de New York parecia normal, nunca dormir durante a noite, as lojas e casas acesas, carros passando o tempo todo, como as pessoas sobre a calçadas que seguiam seu caminho desejado. Não chamei um táxi, mesmo que Sharon tenha dado dinheiro para isso, e igual sua teimosia recusei várias vezes, só que no fim a menina loira ao me abraçar no fim, jogou o dinheiro para dentro do bolso do meu casaco.

A sensação era boa em poder andar livremente pelas ruas, olhar as pessoas, como gostava disso. Desde o dia que sai do gelo, que retornei para essa realidade completamente diferente de qual era acostumado, caminhar pelas ruas movimentadas ou correr, parecia um momento de paz e reconfortante. As pessoas prestavam atenção somente no que elas queriam, o fato engraçado que o Capitão América passava ao lado delas sem ninguém reconhecer, sem dúvida era a melhor parte. Acredito que era um conjunto de vários fatores do momento que favorecia isso, um dele era minha aparência, de um cara comportado dos anos 50 para um homem que parecia um hipster barbudo. Se alguém olhava, era apenas olhares rápidos de mulheres, ou de crianças.

Para conseguir voltar a pé era necessário pegar uma linha de trem, também existia outra possibilidade que era atravessar a Brooklyn Bridge andando, uma das outras nostalgia boa para vivenciar. Ela conectava dois distritos, que chamam de boroughs: Manhattan e o Brooklyn, e já foi considerada a maior ponte suspensa do mundo até o começo do século XX. A ponte do Brooklyn surgiu da necessidade dos moradores de Nova York. No início do século XIX Manhattan estava abarrotada de gente: mais e mais imigrantes chegaram e foram vivendo suas vidas no outro lado do rio, onde surgiu a querida Brooklyn, e no final do mesmo século já era considerada a terceira maior cidade do EUA.

A sensação foi mudando a cada passo que dava sobre a antiga estrutura de madeira onde os pedestres podiam passar, junto com as bicicletas; durante o dia milhares de pessoas passavam por ali, agora devido o horário poucas se arriscam a fazer um caminho tão longo. Chegando embaixo do arco, existia uma grande placa de aço explicando sobre ela e seu criador. Encostei apoiando os braços no parapeito, observando a vista de toda imensidão, o céu negro iluminado pelos edifícios altos, tornava tudo tão único e especial, com vista para a estátua da liberdade, Empire State Building e o antigo prédio do Stark...

– Olhando para essa vista agora, nem parece que mudou tanto. – disse uma voz cabisbaixa, soando familiar. – Lembra como era no nosso tempo? Os prédios altos, escuros, o cheiro de fumaça; a única preocupação das pessoas eram se seus entes queridos voltariam da guerra, e quem ganharia. O mundo agora parece outro, perdido.

Não era necessário virar para o lado, para saber de quem se tratava; sua voz era única, assim como o seu tom de voz que nunca era levantada, sempre parecendo viver em uma perfeita harmonia de humor, de ironia. Suas roupas pretas, o cabelo escuro penteado para trás com gel, e a barba em uma discussão de entre parecer bem feita ou largada.

Innocens - Capitão AméricaOnde histórias criam vida. Descubra agora